Para Loyola, retomada do crescimento exige ajustes na condução da política econômica

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Ex-presidente do BC vê esgotamento de modelo baseado em consumo e projeta inflação persistente com avanço do PIB abaixo da média global

Camila Abud

COMANDATUBA – Seguir a agenda de flexibilização das concessões e fazer ajustes na direção da política econômica, com nomes de pessoas mais atentas a alterações nas questões tributária e fiscal, seria o caminho mais adequado para a retomada do crescimento econômico brasileiro neste governo de continuidade, que exige grandes mudanças. Esta é a opinião do ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, doutor em Economia pela Fundação Getulio Vargas.

Para ele, a base de crescimento econômico sustentada no consumo não existe mais, ainda que haja uma perspectiva da volta da confiança do consumidor em 2015, “mas não como em patamares de anos anteriores”. Ele estima um índice de inflação anual em 6,5% para os próximos anos, caso o governo consiga manter o controle no teto da meta, mas afirmou que o País não deve surpreender em termos de crescimento no mercado internacional. Ao contrário, a perspectiva é de que a nação cresça abaixo da média global até 2019, que deverá ser na casa dos 3,7%. “Com a projeção de que, em um cenário otimista e de retomada de crescimento, o Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos três a quatro anos alcance alta de 3%, ainda assim estará abaixo do crescimento global”, afirmou.

Contudo, ele indicou que não devem ser descartadas questões especificas, como a crise na Ucrânia, as mudanças nos mercados tanto financeiro como imobiliário na China, além de alguma tensão no mercado europeu – cenários que podem afetar o desempenho global nesses próximos quatro anos. O desempenho do Brasil, acredita, deve ser “bem diferente de países da América Latina, como a Colômbia e o Peru, que têm demonstrado maior potencial de crescimento”. E também totalmente ao contrário da Argentina, “com uma política econômica depreciativa e catastrófica adotada pelo governo Kirchner”, ressaltou.

Commodities

A economia brasileira e os empresários do agronegócio ainda terão outro desafio: o de lidar com a possível mudança de quadro na China, até então a maior consumidora de commodities nacionais, que deverá vivenciar uma realidade de desaceleração. “Isso terá um peso maior no cenário macroeconômico para o Brasil”, disse.

Para o governo da presidente Dilma Rousseff, Loyola não acredita em outro caminho que não seja o da busca por mudanças estruturais, com maior envolvimento dos atores políticos como empresários e representantes da sociedade no sentido de pressionar por avanços políticos “dentro dos parâmetros da democracia”, com uma reforma tributária realmente coerente.

Para a maioria dos empresários presentes na 14ª Convenção de Franquias da ABF, na Ilha de Comandatuba (BA), evento que reuniu cerca de 600 pessoas entre franqueadores, fornecedores e franqueados, o clima é de um otimismo cauteloso. Uma pesquisa realizada entre os participantes mostrou que a maioria prevê crescimento de até 10% no próximo ano, sendo que novas medidas, como mais incentivos às microempresas, além de novas linhas de crédito, podem aumentar o ânimo do setor.

Fonte: DCI

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