“Dólar forte é sempre um problema”, afirma Campos Neto

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, alertou que um cenário com dólar forte “é sempre um problema”, podendo gerar reação de bancos centrais pelo mundo. No entanto, ponderou que a situação tem sido melhor no caso do Brasil.

“O dólar mais alto é uma consequência das taxas de juros nos Estados Unidos ficarem mais tempo altas. No caso do Brasil, o dólar é flutuante, mas entendo que temos uma situação diferente, pois nossas contas externas são muito fortes, temos melhorado a balança comercial, estamos exportando petróleo, alimentos, batendo recordes. Nossa posição externa é diferente”, disse nesta quinta-feira (18/4), em coletiva de imprensa após reunião da trilha de finanças do G20 em Washington, nos Estados Unidos.

A moeda americana tem ganhado força diante das expectativas de que os EUA vão demorar mais para iniciar seu ciclo de cortes de juros. O banqueiro reiterou que o BC só intervém no mercado de câmbio quando detecta problemas no funcionamento do mercado, e não age contra questões que entende como estruturais.

“Nós achamos que se você intervir contra algo que é estrutural, o que você faz é criar distorção em outras variáveis macroeconômicas. O câmbio flutuante serve um bom propósito porque é um absorvedor de choques”, avaliou ao justificar a falta de intervenção por parte da autoridade monetária nesse mercado.

Ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Campos Neto evitou falar sobre a mudança da meta fiscal e alertou para a falta de liquidez em países de baixa renda e crédito privado.

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Lula critica “subserviência” da América do Sul a países do Norte

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pregou nesta quarta-feira (17/4) a reintegração da América do Sul. Durante discurso no Fórum Empresarial Brasil-Colômbia, em Bogotá, o chefe do Executivo destacou que o estoque de investimentos diretos dos dois países somou quase US$ 7 bilhões em 2023 e que o país é um “sócio indispensável”.

“Esses avanços podem ser maiores. Estamos falando de duas das três economias mais importantes da América do Sul. Juntos somamos 255 milhões de consumidores. A vocação para unir o Caribe, o Pacífico e a Amazônia torna a Colômbia um sócio indispensável”.

Lula lembrou que ambos os países “estão bem posicionados para fazer frente ao imperativo da transição ecológica e da reindustrialização das economias” e falou em “exportar sustentabilidade”. Em fala sobre parceria estratégica, o presidente foi aplaudido por uma plateia composta por empresários e autoridades colombianas e brasileiras.

“Estou convencido de que quanto mais fortes nós estivermos, mais nós seremos respeitados pelos EUA, UE, China, Rússia ou pela Índia. Não é a subserviência que faz a gente crescer. O que faz a gente crescer é uma posição ativa e altiva para que a gente se faça respeitar no mundo dos negócios”, bradou, sendo ovacionado.

“É preciso que a gente acredite na gente. A gente não pode levantar todo o dia dizendo: ‘Eu sou pobre, sou pequeno, não tenho sorte, sou da América do Sul, não nasci na América do Norte'”, disse.

“Agora, não somos mais de um país pobre, de um continente pobre. A gente faz parte do Sul Global, o que dá dimensão de grandeza para nós”, emendou.

“Na nossa América do Sul, precisamos de uma chance. Não é possível que a gente não tenha nenhuma Holanda, Finlândia, Noruega, Dinamarca, sabe? É tudo pobre. Será possível que a gente não tenha uma chance? Será que Deus não olha para esse continente e vê que somos bons, que somos cuidadosos? Acho que o problema está na gente definir o tamanho que a gente quer ser. Minha propostas aos empresários colombianos e brasileiros (é) vamos parar de ter medo uns dos outros, vamos ter em conta que o Brasil, Colômbia tem condições de triplicar nosso fluxo na balança comercial, triplicar mas é preciso que a gente se visite mais”, emendou.

Em seguida, Lula acrescentou que o que falta para o desenvolvimento entre os países é “decisão política”. “Precisamos recuperar a integração da América do Sul porque a gente nunca esteve tão separado como a gente está, E tem muita gente que voltou a acreditar ‘Não. Só vou crescer se estiver bem com os EUA’. (…) Acha que se dolarizar a economia resolvesse problemas nós teríamos problema? O problema é nosso, não é da moeda, é nosso”.

“Falta só a gente acreditar em nós”, concluiu.

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Brasil perde R$ 435 bi com mercado ilícito, que inclui contrabando e pirataria

O Brasil teve, em 2022, um prejuízo econômico de R$ 453,5 bilhões com ações ilegais, como contrabando, pirataria, roubo, concorrência desleal por fraude fiscal, sonegação de impostos e furto de energia e água. É o que aponta o levantamento “Brasil Ilegal em Números”, produzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).

Segundo o estudo, do valor total, R$ 136 bilhões se referem aos prejuízos diretos com os impostos que deixaram de ser arrecadados e R$ 297 bilhões a perdas registradas por 16 setores econômicos.

— A cifra de R$ 453,5 bilhões é um desastre nacional, que atinge todo cidadão, governos municipais, estaduais e União. São recursos que equivalem a todo o Produto Interno Bruto (PIB) do estado de Santa Catarina, por exemplo — afirma Carlos Erane de Aguiar, diretor da Fiesp e da Firjan na área de segurança.

Aguiar acrescenta:

— Queremos contribuir para que os governos adotem medidas mais rígidas para combater essa ilegalidade, investindo ainda mais em segurança pública em todo o país.

Perda de 370 mil postos de trabalho

Esse mercado ilegal tem impacto na geração de vagas formais. Levando em consideração os setores mais afetados pela concorrência desse mercado ilícito, o Brasil deixou de gerar quase 370 mil empregos com carteira assinada em 2022, segundo o estudo.

Os setores afetados são: audiovisual (filmes), bebidas alcoólicas, brinquedos, celulares, cigarros, combustíveis, fármacos, cosméticos e higiene pessoal, defensivos agrícolas, material esportivo, óculos, PCs, perfumes importados, TV por assinatura e vestuário.

O setor que mais perdeu com a ilegalidade foi o de vestuário, deixando de empregar quase 67 mil trabalhadores no ano de 2022. Outros setores duramente afetados pelo mercado ilegal são o farmacêutico e o de combustíveis, que deixaram de empregar 20,7 mil e 15,5 mil trabalhadores, respectivamente.

Combate ao contrabando

A entrada de produtos originários de outros países ilegalmente é outro foco de prejuízo. Apenas no ano de 2023, de acordo com o balanço aduaneiro do país, a Receita Federal realizou aproximadamente 17.627 operações de combate ao contrabando, descaminho e importação irregular de mercadorias estrangeiras, resultando na apreensão de R$ 3,78 bilhões em mercadorias ilícitas em todo o país. Ou seja, menos de 1% do total movimentado pelo comércio ilegal no país.

Os principais setores com apreensões estão divididos entre: cigarros e similares, eletroeletrônicos, veículos, vestuário, informática, bebidas, brinquedos, inseticidas, fungicidas, herbicidas, desinfetantes, calçados e perfumes.

O estudo destaca ainda que, nos últimos anos, surgiu um desafio adicional: o crescimento do comércio eletrônico, em especial de marketplaces. Abuso no uso do mecanismo que dá isenção a remessas internacionais de até determinado valor, venda de produtos proibidos e que não cumprem regulamentos técnicos e a necessidade de aumentar a responsabilização das plataformas pela oferta de produtos de origem ilegal são pontos que o estudo levanta que deveriam ser acompanhados com mais rigor pelas autoridades.

Furtos de energia e água

As ligações clandestinas, para furto de energia elétrica e água, os populares “gatos”, também causam prejuízo para a sociedade como um todo, uma vez que os consumidores que pagam devidamente por seu consumo acabam arcando com mais esse custo.

O custo dos “gatos” de energia para o país é de R$ 6,3 bilhões, considerando-se somente a perda de arrecadação tarifária das concessionárias, valor que poderia ser aplicado, por exemplo, para redução de tarifas ou realização de novos investimentos na melhoria da qualidade da energia.

Só em 2022, ano alvo do estudo, a quantidade de energia elétrica furtada no Brasil seria suficiente para atender as residências da Região Metropolitana de São Paulo durante mais de um ano.

Já os furtos no sistema de abastecimento de água também oneram o setor de saneamento básico, o que é repassado aos consumidores, encarecendo suas contas.

“É fundamental o incremento de ações coordenadas entre os entes públicos federais, estaduais e municipais no combate à ilegalidade”, conclui o estudo, que será apresentado nesta quinta-feira, em Brasília, durante o seminário “Combate ao Brasil Ilegal”.

Campos Neto sobre mudança na meta fiscal: “Torna nosso trabalho mais difícil”

Em meio a mudança da meta fiscal pelo governo, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (15/4) que se as pessoas perderem a confiança na âncora fiscal, a âncora monetária será afetada. “Torna nosso trabalho muito mais difícil se houver a percepção de que não há uma âncora fiscal, porque a âncora fiscal e a âncora monetária precisam trabalhar juntas”, destacou durante a participação em evento nos Estados Unidos.

Ao apresentar o projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o próximo ano, o governo propôs alterar a meta de superavit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para uma meta zero, em busca de um resultado primário mais “factível”.

Campos Neto avaliou que o fiscal está se tornando cada vez menos coordenado com o monetário na maior parte do mundo. Em referência à mudança promovida pelo governo, o chefe da autoridade monetária disse que a autarquia evita comentar sobre a política fiscal, mas frisou que, se há perda de credibilidade ou transparência no fiscal, há aumento de custos da política regida pelo BC.

Em linha com a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ele voltou a dizer que o ideal é que as metas não sejam alteradas. “Sempre que há uma mudança no governo que torna a âncora fiscal menos transparente ou menos crível, significa que você tem que pagar com custos mais altos do outro lado, então o custo da política monetária se torna mais alto”, disse, ao ponderar que o mercado tinha um número muito pior para o fiscal do que a nova meta realmente adotada.

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O X na mira do Supremo

Caro leitor,

O embate entre o STF e o bilionário Elon Musk, a pressão do Congresso sobre a Corte, a extensão dos negócios do crime organizado e o debate sobre novo Código Civil são temas desta edição.

Boa leitura!

STF julgará ação que pode abrir brecha para suspensão do X

Ministro Edson Fachin pauta para o plenário virtual caso envolvendo a suspensão do WhatsApp no país. Julgamento, que ocorrerá após os ataques à Corte proferidos pelo empresário Elon Musk, dono do X, o antigo Twitter, deverá abordar a possibilidade de o Judiciário derrubar uma plataforma de rede social. Os ministros também deverão debater o alcance das disposições do Marco Civil da Internet

Escalada de ataques de Musk teve origem em resolução do TSE

Norma publicada para eleições municipais impõe responsabilidade às plataformas quando não removerem conteúdos em ‘casos de risco’

Análise: Aliança entre Musk e crime organizado fracassa

Dono do X pinçou seus parceiros no Brasil entre os aliados de Chiquinho Brazão na Câmara; eles não conseguiram pautar a tese de que poder ilimitado de Alexandre de Moraes estava em jogo, afirma Maria Cristina Fernandes

Barroso: ‘País vive momento de repacificação institucional’

Em entrevista, presidente do Supremo opina sobre divergências com o Congresso e defende reação contra trama golpista: ‘Se a Justiça não reage, nas próximas eleições o grupo que perder vai achar que pode fazer a mesma coisa’

Supremo tem maioria para ampliar o foro privilegiado

Ministro Barroso dá sexto voto a favor de entendimento de que investigações contra autoridades devem permanecer na Corte mesmo após fim do mandato

PGR pede suspensão de pontos da lei do marco temporal

Procurador-geral Paulo Gonet aponta inconstitucionalidade de trechos da lei aprovada pelo Congresso

AGU e Ministério da Gestão montam comissão para reforma administrativa

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Sarrubbo: Crime organizado está no mercado formal e até em fintech

Secretário Nacional de Segurança defende, em entrevista, que polícias, MP e Judiciário atuem de forma coordenada contra facções criminosas

Perdas com o crime custam 4,2% do PIB para o setor privado

Para especialistas, prejuízos afetam concorrência e provocam incertezas no ambiente de negócios

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Corte fixa tese de repercussão geral que permite compensação por mortes ou ferimentos em operações de agentes de segurança pública

Texto do novo Código Civil prevê expulsão de condômino antissocial

Questão também é tratada, de forma bem sucinta, em três projetos de lei que tramitam no Congresso

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Executivo deve enviar projeto com proposta ao Congresso até o fim desse semestre; financiar inclusão digital é um dos objetivos

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Lula visita frigorífico da JBS e celebra novas exportações à China

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou, nesta sexta-feira (12/4), uma fábrica da produtora multinacional de alimentos JBS em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Na ocasião, houve um ato em comemoração à habilitação de novos frigoríficos autorizados a exportar para a China. A planta em questão enviou para o país asiático o primeiro lote de carne produzidos pelos novos frigoríficos, habilitados em março.

O governo estima que, somados aos 106 frigoríficos que já negociavam com a China, eles contribuirão com uma alta de R$ 10 bilhões na balança comercial brasileira nos próximos 12 meses. “É uma alegria estar de volta ao Mato Grosso do Sul para a habilitação dos 38 frigoríficos para exportação de carne brasileira para a China. É uma homenagem ao país chinês a gente entregar carnes de qualidade, abrindo novos mercados e gerando empregos no Brasil”, disse o petista.

Segundo o presidente, hoje, o fluxo de exportação e importação já ultrapassa US$ 560 bilhões e o país tem potencial para, em mais 10 anos, chegar a US$ 1 trilhão em comércio exterior. “Nós temos capacidade de vender, capacidade de produzir, qualidade e produtividade e temos mercado para consumir também.”

A China é principal parceiro comercial do Brasil. Em 2023, as exportações para o país asiático ultrapassaram a barreira dos US$ 104 bilhões. Esse é o maior valor exportado pelo Brasil para um só país na história, de acordo com o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

Lula afirmou ainda que o embarque simboliza o “primeiro contêiner de carne de qualidade para a China”. “Antes, a China também era muito pobre e comprava só carne de terceira. Mas a carne que eles estão comprando agora é carne de qualidade, é aquela que a gente quer comer e gosta. E quanto mais qualidade a gente tiver, mais a gente vai exportar”, declarou.

Participaram do evento o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, além do governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB).

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Economistas elevam projeções para inflação e PIB em 2024

Economistas do mercado financeiro voltaram a elevar suas projeções para a inflação e o crescimento da economia brasileira em 2024. Segundo os dados do Boletim Focus, divulgado nesta terça-feira (9/4) pelo Banco Central (BC), a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 3,75% para 3,76% na semana.

A previsão para a inflação de 2025 também foi elevada de 3,51% para 3,53%. Para 2026, por sua vez, continuou nos mesmos 3,50%, taxa de variação também esperada para a inflação de 2027.

A revisão, apesar de ligeira, fez com que as projeções ultrapassassem o teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, em 2024 e em 2025. A margem de tolerância para que ela seja considerada cumprida é de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima.

Tradicionalmente divulgado na segunda-feira, o Focus teve sua publicação adiada para hoje devido à operação-padrão dos servidores do órgão. Este é o terceiro mês em que o relatório de mercado é publicado fora do prazo comum.

Para o Produto Interno Bruto (PIB), a mediana das projeções de 2024 avançou de uma expansão de 1,89% para 1,90%. A projeção para 2025 continuou em 2,0%, assim como a de 2026, que ficou nos mesmos 2,0%. A estimativa também está em 2,0% para 2027.

As projeções para a taxa básica de juros (Selic) permaneceram inalteradas em todo o horizonte da pesquisa. A estimativa para 2024 ficou nos mesmos 9%, para 2025, se manteve em 8,5%, assim como a projeção para 2026 e 2027, também em 8,5%.

Para o câmbio, a mediana das projeções para o dólar também ficou estável em todo o horizonte. A estimativa é de R$ 4,95 para 2024, R$ 5,00 para 2025, R$ 5,04 para 2026 e R$ 5,07 para 2027.

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A força do pequeno negócio movimenta economia do DF

“Nossa evolução foi tão grande que, hoje em dia, pessoas de outras regiões vêm para Taguatinga, só para comprar com a gente.” Essa é a percepção de Geraldo César de Araújo Júnior, 35 anos, que desde 2004, ajuda o pai a administrar uma das lojas esportivas mais tradicionais do centro de Taguatinga, um exemplo entre as mais de 350 mil micro e pequenas empresas que existem no Distrito Federal (veja o infográfico), de acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-DF) somente no setor, as pequenas empresas geram 300 mil postos de trabalho na capital do país. De forma geral, até o primeiro semestre de 2023, 83% dos empregados no DF estavam contratados pelo setor de pequenos negócios, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Geraldo e seu estabelecimento são exemplo deste cenário econômico que reflete uma tendência nacional: empresas menores juntas geram mais empregos que as grandes. O empreendimento começou como uma microempresa e, com o passar dos anos, tornou-se uma empresa de pequeno porte. “Sinto que meu pai tem orgulho daquilo que ele construiu ao longo da vida por causa da loja. Toda a família foi criada graças a ela, não teve nenhuma outra fonte de renda”, lembra. “Com o passar desses mais de 30 anos, muitas lojas concorrentes fecharam, outras abriram e também fecharam, mas a gente conseguiu se manter firme”, reforça Geraldo Júnior.

O pai e dono da empresa é Geraldo César de Araújo, 65, conta como tudo começou. “Em 1982, era empregado de uma concessionária de automóveis e, naquela época, já tinha o sonho de ser empresário. Naquele ano, comprei a loja de outra pessoa e iniciei a minha vida de empreendedor”, recorda. “Hoje, considero que somos a maior empresa de materiais esportivos do DF, brigamos com marcas de renome nacional e internacional”, aponta.

Geraldo comenta que é formado em economia, o que ajudou a manter e alavancar o negócio. “Meu filho foi preparado para ser lojista também, se formando em administração. Além disso, fez vários cursos no Sebrae, o principal foi o Empretec (HIPERTEXTO). Segundo ele, foi melhor até que a pós-graduação”, revela. O dono da loja conta, com orgulho, sobre os anos de evolução. “É a satisfação de um trabalho realizado. Começar pequeno traz dificuldades, como a negociação com fornecedores de materiais e qualificação de funcionários. Mas, com o passar do tempo, o crescimento proporciona novos horizontes e oportunidades”, descreve.

“Me sinto realizado também por conseguir fazer a sucessão da empresa, ajudando meu filho a assumir o negócio aos poucos”, diz Geraldo. O filho destaca também o lado sentimental de ter uma empresa. “Muitos clientes vêm comprar aqui e dizem que o pai ou até mesmo o avô já vieram na loja, no início de tudo. Isso traz um sentimento especial”, emociona-se. “A gente que está aqui, todos os dias, trabalhando bastante na loja, quando vem esse reconhecimento, é muito bom”, acrescenta.

A vantagem de ser seu próprio chefe possibilita a oportunidade de transformar uma ideia em um negócio lucrativo. Foi isso que aconteceu com Adeilson Macedo, 41, que saiu da Bahia e veio para o DF, ainda pequeno, para morar com sua tia. O dono de uma banca na Feira do Guará, que está em funcionamento desde 2009 como microempresa conta que, quando decidiu se aventurar no mundo dos negócios, trabalhava como vigia de carros e a sugestão veio de um colega.

“Ele tinha um pouco de conhecimento nesta área e deu a ideia de montar uma loja na feira, indicando o ramo (para investir) da alimentação saudável, como castanhas, grãos entre outras coisas”, lembra. Foi o que Macedo fez. O empresário afirma que, no início, teve um certo receio por se tratar de produtos perecíveis. “Fui vendendo de pouquinho em pouquinho e depois comecei a fazer estoque. Me adequei cada vez mais, procurando qualidade e competitividade com os preços. Então, decidi montar uma pequena loja na feira e estou aqui até hoje”, conta.

Mesmo depois da montagem da banca, Adeilson Macedo lembra que continuou por um tempo como vigia de carro, o que o atrapalhou a crescer mais rápido. “Decidi sair do estacionamento de vez e vir cuidar da loja. Foi quando realmente deu um’ start’ nas vendas”, ressalta. Adeilson destaca que a pandemia de covid-19 serviu como um momento de grande aprendizado. “Foi quando criei o delivery na minha empresa, que não tinha e, praticamente, foi aberta outra empresa com isso.

Mesmo afirmando que não gosta muito de prever o futuro, Adeilson revela que pretende abrir outra loja. “Gosto de esperar as coisas acontecerem naturalmente, mas, se eu tiver a oportunidade de abrir uma loja, em outra cidade ou fora da feira, por exemplo, o farei. É uma possibilidade. Mas ainda não tenho essa ideia bem amadurecida”, finaliza.

Administrando um mercado na QNN 8/10, em Ceilândia, que foi passado de geração a geração na família, Wendell Barroso Fernandes, 44, destaca que o pai, Geremias Fernandes, 77, foi o grande precursor de tudo, em 1987. “Passamos por muitos altos e baixos. A pandemia (de covid-19), por exemplo, foi uma época em que não paramos e não sei dizer se ficamos felizes ou tristes por isso”, comentou. “Felizes por continuarmos trabalhando e tristes pelo medo que tínhamos da doença. Graças a Deus, mesmo com a dificuldade, conseguimos manter as contas em dia e pagar todos os funcionários”, agradece.

Questionado sobre o orgulho do pai de ver o comércio crescer ao longo dos anos, Wendell disse que é o contrário. “Se for para alguém ter orgulho sou eu, da pessoa que meu pai foi o tempo todo. Ele pagou nossos estudos, meu e do meu irmão, com isso aqui. Sempre nos incentivando a seguir aquilo que fizesse com que nós pudéssemos levar o supermercado para frente”, ressalta.

Apesar de destacar que, na maioria das vezes, o crescimento do supermercado foi fruto do esforço da família, o administrador destacou que o Sebrae também teve impacto. “Eventualmente, recebemos algumas visitas e participamos de workshops. Sempre ajuda. É uma experiência que se adquire e pode ser aplicada no negócio, além de interferir na melhoria da loja e na contenção de despesas”, explica Wendell.

Porta de entrada

Em 2020, as pequenas empresas concentravam 29,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do DF, divididos em serviços (53%), comércio (34%) e construção civil (8,4%), segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Presidente da Fecomércio-DF, José Aparecido Freire, destaca que a grande maioria dos empresários do setor é formada por microempreendedores individuais, microempresários e empresários de pequeno porte. “Por isso, é necessário que o governo atualize as faixas e os limites de faturamento do MEI e do Simples Nacional, melhorando o ambiente de negócios e facilitando a vida dos representantes dessas categorias”, ressalta.

Sebastião Abritta, presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista-DF), reforça que, atualmente, na capital federal, o varejo é a principal porta de entrada para o empreendedorismo. “Quem tem uma rede de lojas, já foi um pequeno empresário. 100% do que é comercializado, hoje em dia, passa pelo pequeno negócio”, ressalta. Para ele, é necessário uma segurança jurídica maior e uma linha de crédito com juros subsidiados, para que esse pequeno negócio possa se manter e crescer ao longo do tempo. “Além disso, ter segurança nas ruas faz com que mais consumidores cheguem até o pequeno negócio, melhorando ainda mais o faturamento”, observa.

O presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Jamal Jorge Bittar, ressalta que a indústria do DF é formada, na maior parte, por micro e pequenas empresas. “Elas produzem com grande qualidade e têm plenas condições de vender seus produtos também a mercados fora do Brasil”, afirma. Para ajudar nisso, a entidade lançou na semana passada o programa Exporta DF, junto com o Sebrae/DF e a Apex.

Ao Correio, o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico Trabalho e Renda (Sedet-DF), Thales Mendes Ferreira, afirma que a pasta incentiva os empreendedores com crédito orientado, por intermédio do programa Prospera (confira Incentivos). “Somente no último ano, o projeto disponibilizou mais de R$ 12 milhões a pequenos empreendedores do DF”, calcula.

Economista e professor de mercado financeiro da Universidade de Brasília (UnB) César Bergo explica as vantagens para o pequeno negócio, de ser uma empresa formal. “É muito importante ter essa visão de empresa privada, pois isso acaba gerando credibilidade e permite um acesso de crédito exclusivo e especial, que são destinados a esse tipo de negócio”, comenta. “Uma empresa formal tem maior facilidade de contratar funcionários e participar de licitações, o que, em Brasília, acontece muito, por ter muitos órgãos públicos”, acrescenta.

O especialista avalia que, para ajudar os micro e pequenos empresários, o governo local pode criar uma política de facilitação de acesso ao crédito, por meio de programas subsidiados de concessão de crédito. “Sobretudo para áreas prioritárias. A desburocratização também é importantíssima, além de um trabalho visando o estímulo à inovação, em que o governo pode oferecer subsídios para adoção de novas tecnologias e capacitação técnica dos funcionários e empresários”, afirma.

Mercado consumidor

Diretora superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no DF, Rose Rainha, comenta que os pequenos negócios desempenham um papel fundamental na economia do Distrito Federal, contribuindo para a geração de empregos, ocupação e crescimento econômico. A gestora lembra que, no ano passado, Brasília foi eleita a 4ª melhor cidade para se empreender no Brasil. “Temos um mercado consumidor muito atrativo, já que concentramos a maior renda per capita do país”, ressalta. “Empreender em Brasília é uma boa ideia, mas é preciso se preparar, pois o público é bastante exigente”, alerta.

Rose Rainha destaca que a atuação para manter as micro e pequenas empresas saudáveis acontece em três níveis: empresarial, setorial e ambiente de negócio. “No primeiro, oferecemos soluções de capacitação e consultoria sob demanda e de forma personalizada. No segundo, trabalhamos com grupos organizados de empresas para contribuir com o desenvolvimento do setor. No último, trabalhamos com todo o ecossistema de negócios para criar programas, políticas públicas e parcerias que ajudem a melhorar todo o ambiente de empreendedorismo do DF”, explica.

Só que a superintendente afirma que alguns desafios precisam ser analisados na hora de se empreender, como acesso a crédito e concorrência, além de uma mão de obra especializada e de custo acessível. “O governo do DF é um grande parceiro do Sebrae. A educação empreendedora, a desburocratização da abertura de empresas, as compras públicas, as salas do empreendedor são alguns exemplos de iniciativas em curso”, detalha Rose Rainha.

Para quem quiser começar a empreender, o Sebrae oferece consultorias gratuitas e pagas. Os interessados podem acessar o site da entidade para saber quais são as oferecidas atualmente.

*Estagiário sob a supervisão de Samanta Sallum

Proporciona o amadurecimento de características empreendedoras, aumentando a competitividade e as chances de permanência no mercado. É uma metodologia da Organização das Nações Unidas (ONU), promovida em cerca de 40 países, voltada para o desenvolvimento de características do comportamento empreendedor e para a identificação de novas oportunidades de negócio. No Brasil, é realizado exclusivamente pelo Sebrae. Para participar é necessário se cadastrar no site do Sebrae e realizar uma entrevista. Caso seja aprovado, o candidato será direcionado para efetuar o pagamento da inscrição.

Fonte: Sebrae

Critérios para se encaixar em cada porte:

Microempreendedor Individual (MEI) — faturamento anual de até R$ 81 mil e um funcionário;

Microempresa (ME) — faturamento anual de até R$ 360 mil e 19 funcionários;

Empresa de Pequeno Porte (EPP) — faturamento anual de até R$ 4,8 milhões e 99 funcionários.

Desenvolve-DF (Sedet e Terracap): Concessão de espaço físico. Empresas beneficiadas utilizam o sistema de Concessão de Direito Real de Uso – CDRU (sem a opção de compra), que pode variar de 5 a 30 anos na utilização do lote, com a finalidade que se destina. É uma maneira de estimular o desenvolvimento urbano e a utilização eficiente de espaços, sem a transferência permanente de propriedade;

Emprega-DF (Sedet): iniciativa com um conjunto de ações inovadoras que impulsionam o crescimento e a geração de empregos, criando um ambiente de negócios favorável para todos e conta com benefícios fiscais, crescimento sustentável, inovação e colaboração;

Prospera (Sedet): crédito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de empreendedores caracterizados como pessoas físicas ou jurídicas, das áreas urbanas e rurais, que possuem atividades produtivas de pequeno porte. O recurso utilizado vem do Fundo de Geração de Emprego e Renda (Funger), próprio da Sedet.

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Vítima permanente da mão pesada do Planalto

A fritura de Jean Paul Prates à frente da Petrobras reacende uma discussão que permeia a trajetória da principal empresa brasileira — os efeitos da intervenção da Presidência da República e a extensão dos danos que isso causa à petroleira. Luiz Inácio Lula da Silva não é o primeiro a tentar determinar o papel da estatal, mas, para especialistas ouvidos pelo Correio, ao menos acreditava-se que esse tempo tinha ficado para trás. Sobretudo, chama a atenção a forma ostensiva como o presidente pretende traçar a direção que a Petrobras deveria seguir.

O carioca Prates é reconhecido como um homem “do ramo” e qualificado para comandar uma empresa da magnitude da petroleira. Tem mestrado nos Estados Unidos em planejamento energético e gestão ambiental pela Universidade da Pensilvânia e na França, em economia de petróleo e motores — título concedido pelo IFP Energies Nouvelles (Instituto Francês do Petróleo e Novas Energias). Em 2022, ainda senador, relatou o projeto de lei que muda a política de preços da Petrobras e cria uma conta equalizadora para evitar mudanças abruptas nas bombas nos postos de combustíveis.

Prates foi escolhido por Lula para presidir a estatal ainda na transição de governo. Isso incomodou setores “desenvolvimentistas” do PT, que foram ultrapassados na indicação de um nome mais alinhado com o que pretende, hoje, o presidente da República — que a Petrobras retome investimentos em refinarias e financie a retomada da indústria naval brasileira, foco antigo de projetos megalômanos, escândalos e fracassos.

Segundo o economista Otto Nogami, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), pela própria natureza a Petrobras é sujeita a intervenções. Tamanho, faturamento e a cadeia produtiva que gira em torno fazem com que a empresa extrapole as fronteiras da sua atividade-fim — pesquisar, prospectar e refinar petróleo. “As intervenções podem ser voltadas para o controle da inflação, por meio da política de preços de combustíveis; para investir em setores estratégicos, como a exploração do pré-sal; ou para influenciar a balança comercial”, lembra Nogami. “No entanto, tais intervenções podem ter consequências financeiras e impactos mais amplos na economia. Cabe lembrar que a gasolina representa 5,15% no cálculo da inflação e o gás de botijão, 1,07%”, pontuou.

As divergências entre Prates e setores do governo emergiram a partir da discussão sobre a distribuição de proventos pela petroleira — ainda na campanha presidencial de 2022, Lula defendeu que esse recurso deveria ser reinvestido em pesquisa e desenvolvimento. E os ânimos se exaltaram ainda mais porque se aproxima o prazo de 19 de abril para decidir sobre a distribuição dos dividendos extraordinários da empresa — conforme anunciado em 7 de março, quando a Petrobras divulgou o balanço de 2023 e comunicou ao mercado a decisão de não distribuir esses lucros.

Não à toa o confronto se acirrou. Afinal, são aproximadamente R$ 43,9 bilhões, o equivalente a R$ 3,3 por ação. Representa um potencial rendimento em torno de 8% em relação aos preços atuais das ações, caso tais dividendos sejam distribuídos integralmente. Com o aval de Lula, os lucros foram retidos e colocados em um fundo de reserva da estatal.

A decisão foi mal recebida pelos investidores, que viram no gesto sinais de interferência política na companhia. Percepção que foi acompanhada por um movimento maciço de venda das ações da empresa. Em 7 de março, a Petrobras perdeu cerca de R$ 55,3 bilhões em valor de mercado na Bolsa de Valores (B3).

Para André Colares, CEO da Smart House Investment, “a Petrobras, com sua recente revisão da política de dividendos e um histórico sólido de lucratividade, tem a capacidade de distribuir dividendos extras”. Já o sócio da Ipê Investimentos Fabio Murad ressalta que “embora a Petrobras tenha potencial para oferecer retornos substanciais, também carrega um nível considerável de risco, em parte devido à sua estreita relação com o governo”.

O economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, crê que há uma forte inclinação do governo para que parte dos dividendos seja distribuída, especialmente considerando a importância desses recursos para alcançar a meta fiscal de deficit zero — a União embolsaria cerca de R$ 6 bilhões. “Representaria uma injeção significativa de capital”, resume.

Porém, Eyng salienta que o ruído em torno de Prates desestabiliza a empresa. “Rumores de demissão e especulações são vistas como preocupantes para o mercado financeiro, dadas as históricas interferências e políticas controversas adotadas (para a estatal) em mandatos anteriores”, lembra.

Já a Petrobras negou, ontem, que a reunião do Conselho de Administração, realizada na sexta-feira, tenha tratado da distribuição dos dividendos extraordinários. “O tema não estava na pauta da reunião e sequer foi mencionado ao longo do encontro entre os conselheiros”, afirmou a companhia em nota. Prates não participou do encontro do colegiado por estar ocupado com outras reuniões, segundo a assessoria de imprensa da empresa.

A pauta da reunião do conselho, de acordo com a estatal, tratou apenas de troca de gerências — Prates teria deixado o voto consignado com o secretário-geral. Vários conselheiros não compareceram, ou entraram remotamente, por se tratar de uma pauta sem questões relevantes. (Com Agência Estado)

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Consumo de serviços e bens de saúde caíram 4,4% no primeiro ano da pandemia

O ano de 2020 ficou marcado pelo início de uma das piores crises sanitárias do mundo e abalou o sistema de saúde em diversos países ao redor do globo com a pandemia da covid-19. Nesse quadro, o consumo de remédios e outros itens de saúde, além de serviços hospitalares e clínicos, apresentaram uma retração neste ano. Com a covid em alta, muitos brasileiros deixaram de recorrer a hospitais para tratar de outras doenças, como avalia a pesquisadora Tassia Holguin.

“As pessoas deixaram de fazer cirurgias eletivas. Deixaram de ir ao médico, ao dentista, elas foram postergando. Então, com isso, embora a gente tenha tido um pico na emergência por conta do Covid, no total, a saúde sofreu uma queda no número de procedimentos”, avalia Holguin, que é responsável pela pesquisa Conta-Satélite de Saúde, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (5/4).

A pesquisa mostra que a mudança no comportamento do consumidor em saúde impactou os resultados econômicos do setor durante a pandemia. No ano de 2020, as despesas relacionadas à saúde no Brasil somaram R$ 769 bilhões, o que equivale a 10,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. No ano seguinte, esse valor alcançou R$ 872,7 bilhões, representando 9,7% de todos os bens e serviços produzidos no ano.

No primeiro ano da pandemia, o consumo de bens e serviços de saúde apresentou uma retração de 4,4% em volume – uma queda equivalente a todos os outros setores. Já no ano seguinte, esse consumo teve expansão de 10,3%, enquanto que o de bens e serviços não saúde aumentou 2,3%. Na avaliação da pesquisadora responsável pelo estudo, a saúde foi mais um setor fortemente afetado pela crise sanitária causada pela Covid-19.

“Em 2020, observamos uma queda na quantidade de procedimentos ambulatoriais e hospitalares, como consultas e cirurgias eletivas”, destacou. Apesar disso, no ano seguinte, houve movimento de retorno dos brasileiros aos consultórios. A especialista destaca alguns fatores, como o início da campanha de vacinação contra a doença causada pelo Sars-Cov-2 no país, o aumento do consumo de medicamentos e a retomada da realização de consultas, exames e cirurgias eletivas com mais frequência.

Além disso, também houve um incremento na contratação de planos de saúde em 2021. Com uma elevação de 2,9%, foi o maior crescimento anual desde 2013. Em contrapartida, em 2020 houve aumento de apenas 0,9%. “Quando a gente compara com o restante da economia, a gente vê que o setor saúde cresceu 10,3%, em termos de volume, e o restante da economia cresceu 2,3%”, pontua a pesquisadora.

O IBGE também revelou que os postos de trabalho nas atividades de saúde cresceram no primeiro ano da pandemia, em 1,9%, enquanto que as demais atividades da economia recuaram 7,0%. Já no ano seguinte, as ocupações no setor avançaram 5,1%. Em 2021 as ocupações na Saúde pública caíram 2,5% enquanto as da Saúde privada aumentaram 10,8%.

“E isso aconteceu por conta da própria pandemia, embora a gente ainda tenha um certo recuo da população em demandar serviços de saúde, a saúde não parou totalmente”, explica a responsável pela pesquisa.

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Consumo de serviços e bens de saúde caíram 4,4% no primeiro ano da pandemia

O ano de 2020 ficou marcado pelo início de uma das piores crises sanitárias do mundo e abalou o sistema de saúde em diversos países ao redor do globo com a pandemia da covid-19. Nesse quadro, o consumo de remédios e outros itens de saúde, além de serviços hospitalares e clínicos, apresentaram uma retração neste ano. Com a covid em alta, muitos brasileiros deixaram de recorrer a hospitais para tratar de outras doenças, como avalia a pesquisadora Tassia Holguin.

“As pessoas deixaram de fazer cirurgias eletivas. Deixaram de ir ao médico, ao dentista, elas foram postergando. Então, com isso, embora a gente tenha tido um pico na emergência por conta do Covid, no total, a saúde sofreu uma queda no número de procedimentos”, avalia Holguin, que é responsável pela pesquisa Conta-Satélite de Saúde, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (5/4).

A pesquisa mostra que a mudança no comportamento do consumidor em saúde impactou os resultados econômicos do setor durante a pandemia. No ano de 2020, as despesas relacionadas à saúde no Brasil somaram R$ 769 bilhões, o que equivale a 10,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. No ano seguinte, esse valor alcançou R$ 872,7 bilhões, representando 9,7% de todos os bens e serviços produzidos no ano.

No primeiro ano da pandemia, o consumo de bens e serviços de saúde apresentou uma retração de 4,4% em volume – uma queda equivalente a todos os outros setores. Já no ano seguinte, esse consumo teve expansão de 10,3%, enquanto que o de bens e serviços não saúde aumentou 2,3%. Na avaliação da pesquisadora responsável pelo estudo, a saúde foi mais um setor fortemente afetado pela crise sanitária causada pela Covid-19.

“Em 2020, observamos uma queda na quantidade de procedimentos ambulatoriais e hospitalares, como consultas e cirurgias eletivas”, destacou. Apesar disso, no ano seguinte, houve movimento de retorno dos brasileiros aos consultórios. A especialista destaca alguns fatores, como o início da campanha de vacinação contra a doença causada pelo Sars-Cov-2 no país, o aumento do consumo de medicamentos e a retomada da realização de consultas, exames e cirurgias eletivas com mais frequência.

Além disso, também houve um incremento na contratação de planos de saúde em 2021. Com uma elevação de 2,9%, foi o maior crescimento anual desde 2013. Em contrapartida, em 2020 houve aumento de apenas 0,9%. “Quando a gente compara com o restante da economia, a gente vê que o setor saúde cresceu 10,3%, em termos de volume, e o restante da economia cresceu 2,3%”, pontua a pesquisadora.

O IBGE também revelou que os postos de trabalho nas atividades de saúde cresceram no primeiro ano da pandemia, em 1,9%, enquanto que as demais atividades da economia recuaram 7,0%. Já no ano seguinte, as ocupações no setor avançaram 5,1%. Em 2021 as ocupações na Saúde pública caíram 2,5% enquanto as da Saúde privada aumentaram 10,8%.

“E isso aconteceu por conta da própria pandemia, embora a gente ainda tenha um certo recuo da população em demandar serviços de saúde, a saúde não parou totalmente”, explica a responsável pela pesquisa.

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Balança comercial registra superavit de US$ 7,5 bilhões em março

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) divulgou nesta quinta-feira (4/4) os resultados do comércio exterior referentes a março. De acordo com os dados apresentados, houve queda tanto das exportações quanto das importações. No geral, apesar de registrar um superavit de US$ 7,5 bilhões no terceiro mês do ano, a balança comercial recuou 30,4% em relação a março de 2023.

No mês passado, as exportações caíram 14,8%, e alcançaram US$ 28 bilhões, ao passo que as importações recuaram 7,1% em relação ao mesmo mês do ano passado, registrando valor nominal de US$ 20,5 bilhões. Ainda no mês passado, a corrente de comércio totalizou US$ 48,48 bilhões e o saldo foi de US$ 7,48 bilhões. Na comparação com o mesmo período em 2023, houve queda de 11,7%.

Os principais responsáveis pela queda da balança comercial no mês passado foram a soja e os óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus, que recuaram 26,7% e 35,5%, respectivamente, na comparação com março de 2023.

Por outro lado, no setor agropecuário, as exportações de café não torrado avançaram 23%, e ajudaram a evitar uma queda maior da balança no terceiro mês do ano. Também contribuíram para isso açúcares e melaços, que cresceram 77,2%, e óleos combustíveis de petróleo ou mineração, que avançaram 30,1%.

Já pelo lado das importações, houve queda de 17,6% na aquisição de óleos combustíveis de petróleo ou mineração e de 43,5% na de adubos e fertilizantes químicos. Apesar disso, houve aumento de 31,4% na compra de veículos automóveis de passageiros e de 14,2% em relação a óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus.

Apesar da queda em março, o resultado geral nos três primeiros meses do ano foi positivo. No período, as exportações cresceram 3,2%, enquanto que as importações registraram queda de 1,8%. No geral, a balança comercial encerrou o primeiro trimestre de 2024 com aumento de 22,2%, somando US$ 19,1 bilhões de superavit em relação ao mesmo período de 2023.

Pelo lado das exportações, o setor que mais performou bem no primeiro trimestre foi o da indústria extrativa, que cresceu 18,7%. Já as vendas da agropecuária e da indústria de transformação para o exterior fecharam o mesmo período com quedas de 4% e 0,2%, respectivamente.

Diante dos novos dados apresentados, o MDIC revisou as expectativas para o comércio exterior em 2024. Na avaliação da pasta, a balança comercial deve encerrar o ano em queda de 25,7% (contra 4,6%, na última projeção) e saldo de US$ 73,5 bilhões, com as exportações recuando 2,1% e as importações avançando 7,6%. Ainda segundo a estimativa do ministério, a corrente de comércio deve terminar o ano com leve alta de 1,9%.

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Campos Neto põe riscos fiscais crescentes nas dívidas soberanas no radar

Desde a pandemia da covid-19, o endividamento dos governos só cresce e tem um custo de juros ainda maior que acende um alerta que vem sendo pouco percebido no mercado, na avaliação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em evento realizado pelo Bradesco, nesta quarta-feira (3/4), ele reforçou a preocupação sobre os riscos de liquidez que os países desenvolvidos altamente endividados vão ter quando precisarem rolar toda essa dívida uma vez que os juros não devem cair tão cedo e o custo médio atual é três vezes maior do que antes nos países desenvolvidos.

Conforme dados do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) a dívida pública global segue em alta, em torno de US$ 310 bilhões no fim de 2023.

Campos Neto lembrou que, apenas Europa, Estados Unidos e Japão, respondem por 42% de toda a dívida soberana do planeta, e os juros desse endividamento saltou de 1,1% ao ano para 3,6% ou 3,7% anuais após a pandemia. “O custo de quase metade da dívida soberana global triplicou, porque a taxa de juros ficou baixa por muito tempo e os governos alongaram os prazos. Mas, quando vencerem, essas dívidas serão renovadas e terão um impacto na liquidez global, cujo efeito poderia ser atenuado se os juros começassem a cair lá na frente”, afirmou ele, em evento promovido pelo banco Bradesco, em São Paulo.

O presidente do BC brasileiro lembrou que o mercado apostava que os juros norte-americanos começariam a cair em fevereiro deste ano, o que não ocorreu. E, agora, as projeções esperam que isso comece em junho, porque o processo de desinflação “ainda é incerto”.

Diante desse cenário cada vez mais incerto, Campos Neto ressaltou que até mesmo o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) tem começado a demonstrar preocupação com a questão fiscal, o presidente do BC brasileiro reforçou o alerta de que esse assunto vai ganhar espaço nos radares do mercado financeiro e dos bancos centrais globais.

No Brasil, tudo indica que o problema fiscal, apesar de relevante, tem sido minimizado pelos dados arrecadatórios acima do esperado e, com isso, a expectativa é de um resultado “menos pior do que o esperado anteriormente”, ao ver de Campos Neto. Entretanto, ele fez um alerta de que é importante o mercado continuar atento com a piora do cenário externo. No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC brasileiro, reduziu a taxa básica da economia (Selic) em 0,50 ponto percentual, para 10,25% ao ano, e deu sinais de que pretende continuar cauteloso no afrouxamento dos juros devido ao aumento das incertezas no cenário externo, principalmente.

Para o presidente do BC, o dado da inflação oficial dos Estados Unidos, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que deverá ser divulgado no próximo dia 10, é que vai dar um norte para o que o Fed deverá decidir na reunião comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês), que ocorre entre os dias 30 de abril e 1º de maio. Atualmente, o intervalo dos juros básicos norte-americanos está entre 5,25% e 5,50% – patamar mais elevado em 23 anos.

“O mercado tem uma crença de que o Fed fará três cortes de 0,25 ponto percentual nos juros neste ano, mas não em reuniões seguidas. E, por isso, estão precificando o primeiro corte em junho. Mas, para isso, a inflação de 10 de abril será importante para que a expectativa se confirme”, afirmou. Campos Neto alertou ainda para o fato de que existe um fenômeno novo que ainda está sendo estudado pelos economistas, que é a atividade econômica mais aquecida do que o esperado, mesmo com juros altos em vários países, incluindo Brasil e Estados Unidos. Além disso, existe outro fato intrigante que é o movimento de desinflação com mercado de trabalho mais aquecido. Por isso, as atenções estão voltadas para a inflação de serviços que está acelerando e segue pressionando o custo de vida não apenas no mercado doméstico.

Ao longo da sua fala, Campos Neto, reiterou o discurso mais cauteloso com a condução política monetária do Banco Central, porque, ao contrário do esperado no início do ano, a chamada “última milha” da inflação global não está próxima.

“Grande parte do mercado achava que o processo de desinflação tinha acabado. Mas eu acho que não”, disse. Segundo ele, uma parte da desinflação teve grande contribuição (da queda dos preços) de energia e dos alimentos, mas a inflação de serviços ainda continua crescendo e isso preocupa e, por conta disso, a decisão do Copom de retirar o forward guidance (sinalização futura) para os próximos cortes está relacionada com o aumento das incertezas.

Ao comentar sobre a intervenção do Banco Central, realizada na segunda-feira (1º/4), no mercado de câmbio, Campos Neto, lembrou que a especulação faz parte do jogo e, como o BC tem reservas, é importante utilizá-las para evitar uma forte desvalorização do real frente ao dólar. “A gente entende que o câmbio é flutuante e entende que, se se precisar, vamos fazer (a intervenção). Temos um volume de reservas e um fluxo forte. O câmbio não deveria ser um problema no Brasil”, frisou.

Conforme dados do Banco Central, em 1º de abril, o estoque de divisas internacionais do país somava US$ 353,9 bilhões.

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Economia é linguagem

O professor Bart Wilson, da Universidade Chapman, na Califórnia, e eu estamos escrevendo um ensaio dirigido aos nossos colegas economistas sobre o que chamamos de “humanômica”. Wilson e eu, com muito poucos outros, como o prêmio Nobel Vernon Smith, tentamos há décadas convencer os economistas a olharem além de um behaviorismo estreito, o dogma metodológico de que os seres humanos devem ser estudados como se fossem gorilas, formigas ou moléculas, ou mesmo rochas, sempre de fora. O behaviorismo pressupõe que o economista não sabe o que se passa na cabeça dos humanos. Os behavioristas dizem: “Olhe apenas para os atos externos deles. Falar não tem sentido”.

Mas é claro que, como humanos, temos pelo menos alguma ideia do que se passa na cabeça do nosso marido, colega de trabalho ou filho. Afinal, fazemos mais do que sinalizar ofertas. Conversamos o dia todo, lemos “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, assistimos filmes, rimos com os amigos, fazemos negócios com outros humanos conversando, conversando, conversando.

Mas eu disse que Wilson e eu tentamos “há décadas” transmitir esse ponto óbvio. Estou no caso desde 1983. Nossos colegas acham que é de certa forma anticientífico analisar todas as evidências disponíveis de uma ciência humana.

Na semana passada, contudo, Wilson e eu fizemos um grande avanço. Acreditamos agora que podemos convencer gentilmente outros economistas a levarem a sério o pensamento e a fala humanos, o amor e o riso, e a deixarem de tratar sua ciência como semelhante ao estudo das formigas.

De repente, percebemos que podemos lhes falar sobre a enorme literatura científica –e humanística– que aponta a linguagem como a característica distintiva dos humanos. É verdade que os humanos têm muito em comum com nossos primos grandes símios. Mas os primos não podem, como nós, pensar simbólica e abstratamente. Sobre economia, digamos.

Obviamente, o resultado dessa façanha exclusivamente humana é a cultura mental e verbal que compartilhamos e comercializamos. Imagine seres humanos sem linguagem, grunhindo e apontando, na melhor das hipóteses. Grunhir e apontar, contrariamente à suposição implícita dos nossos colegas behavioristas, não são suficientes para gerir uma economia. Negociar acordos, conceber produtos, imaginar um novo emprego, esperar a inflação, acreditar na ação estatal de cima para baixo e acreditar no comércio livre são pensamentos e discursos juntos.

Economia é melhor, sim?

O lado fiscal do novo normal nas economias avançadas

A partir de 2021, tornou-se clara a mudança nos regimes de política macroeconômica das principais economias avançadas, em relação ao período pós-crise financeira global de 2008.

Houve a mudança de uma tendência deflacionária por insuficiência crônica de demanda agregada para choques frequentes de restrições na oferta e um aumento da inflação. Isso levou ao fim da era de liquidez abundante e barata dos bancos centrais, resultando em taxas de juros mais altas e em “apertos quantitativos” por bancos centrais.

Como consequência, elevaram-se as preocupações com possíveis múltiplos choques financeiros. Além de buscarem equilibrar redução da inflação com manutenção de empregos, os bancos centrais e governos estão obrigados a manter vigília sobre a estabilidade financeira.

O desempenho macroeconômico refletiu a elevação das taxas de juros pelos bancos centrais. No caso dos Estados Unidos, o crescimento e o emprego se mostraram resilientes, enquanto a taxa de inflação desceu dos altos patamares que alcançou, mais recentemente mostrando lentidão para baixo.

O excesso de poupança das famílias, depois do volume extraordinário de transferências governamentais associadas à pandemia, assim como o retorno dos fluxos de imigração e a situação protegida de famílias com hipotecas com taxas fixas e baixas por 30 anos, em conjunto com déficits fiscais, explicam aquela resiliência.

Na área financeira, houve a turbulência bancária no ano passado. Contudo, não apenas boa parte do setor corporativo havia aproveitado a fase de liquidez disponível para alongar dívidas com taxas mais baixas que as que vieram a vigorar em mercados, como também os mercados acionários mais que recuperaram a forte queda de preços vivida em 2022.

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O resultado em termos de crescimento e inflação na Europa foi menos favorável, mas numa direção similar.

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De qualquer modo, as taxas de juros ajustadas pela inflação estão bem acima daquelas mínimas do período pós-crise financeira global, nos dois lados do Atlântico, enquanto o crescimento de médio prazo permanece fraco.

A novidade em termos de componentes do regime de políticas macroeconômicas nas economias avançadas vem do lado fiscal.

A sustentabilidade de uma dívida pública depende de quatro fatores-chave: saldos primários (excessos de receitas do governo sobre despesas, excluindo pagamentos de juros), crescimento econômico em termos reais, taxas de juros reais e os próprios níveis da dívida.

Saldos primários mais altos e crescimento ajudam a alcançar a sustentabilidade da dívida, enquanto taxas de juros e níveis de dívida mais altos jogam na direção oposta.

Durante muito tempo, a dinâmica da dívida permaneceu benigna, pois as taxas de juros reais estavam significativamente abaixo das taxas de crescimento. Isso reduziu a pressão para a consolidação fiscal e permitiu que déficits públicos e dívidas públicas aumentassem sem grande preocupação. Então veio o aumento durante a pandemia, por conta de grandes pacotes de apoio emergencial.

Como resultado, a dívida pública como fração do produto interno bruto aumentou significativamente em economias avançadas e emergentes. Estimativas do FMI sugerem que deverão atingir, respectivamente, 120% e 80% do PIB até 2028.

Tem-se, portanto, uma combinação de:

taxas de crescimento de médio prazo mais baixas, em decorrência de crescimento medíocre da produtividade, demografia menos favorável ao crescimento, baixos investimentos e cicatrizes da pandemia.

taxas de juros bem mais altas aumentando o custo de serviço da dívida pública, depois da subida de patamares de dívida desde a pandemia e de pacotes de incentivos fiscais. Mesmo que taxas “naturais” de juros (aquelas às quais uma economia opera em seu potencial enquanto a inflação se mantém estável) retornem a patamares mais baixos, as taxas de juros de longo prazo exigidas por compradores de títulos públicos incorporam um prêmio de risco que tende a subir nas novas circunstâncias.

Há um “novo normal” com custos de financiamento significativamente mais altos do que na última década.

Se melhorias nos saldos primários dos governos não puderem ser alcançadas para compensar taxas reais mais altas e crescimento potencial mais baixo, a dívida soberana continuará a crescer.

Isso também poderá trazer implicações para a saúde do setor financeiro. Taxas de juros mais altas, níveis mais altos de dívida soberana e uma parcela maior dessa dívida no balanço do setor bancário tornam o setor financeiro mais vulnerável.

Uma reconstrução gradual e crível de amortecedores fiscais que garantam a sustentabilidade de longo prazo de dívidas soberanas será apropriada no “novo normal” do regime de políticas macroeconômicas.

Valerá também a efetuação de testes de estresse que considerem os impactos sobre bancos e instituições não bancárias de taxas de juros soberanas mais altas, além de possíveis episódios de iliquidez de mercado.

Famílias famintas e mães desdentadas: o retrato da miséria na ditadura que ficou ‘escondido’ nos arquivos do IBGE

O Brasil vivia a rebarba do (1964-1985) — quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) colocou nas ruas 1.200 pesquisadores para percorrer o país e investigar o consumo das famílias, em especial a alimentação, numa das pesquisas mais ousadas e pioneiras da instituição.

Durante 1974 e 1975, o Estudo Nacional de Despesa Familiar (Endef) acompanhou 55 mil residências em todos os Estados, em áreas ruais e urbanas, por sete dias, período em que os pesquisadores acompanhavam os hábitos alimentares dos moradores em todas as refeições, inclusive pesando os alimentos e as sobras.

Para que as famílias não tivessem receio em abrir seus lares e seus hábitos para os pesquisadores, foi lançada a campanha “Abra a porta para o IBGE”, com a atriz Regina Duarte como garota-propaganda.

A ampla pesquisa tinha “objetivos múltiplos para atender, basicamente, as necessidades de planejamento do governo”, dizia uma publicação de 1978 com parte dos resultados. O IBGE precisava conhecer melhor o consumo das famílias para desenvolver índices de preço (medidas de inflação), indicadores sociais e aperfeiçoar o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB).

Ou seja, o Endef serviria como base para outras pesquisas fundamentais para entender o país e planejar a atuação do Estado, naquele momento regido por uma ditadura — regime iniciado há sessenta anos, com o golpe de 31 de março de 1964, que derrubou o presidente João Goulart.

Esperava-se também, com a pesquisa, obter uma mapa das deficiências alimentares da população. A importância do levantamento era exaltado em editorial do Jornal do Brasil de agosto de 1974, quando teve início o trabalho de campo.

“Acaba o IBGE de iniciar, em âmbito nacional, um recenseamento menos espetacular que o da população, mas que poderá exercer incalculável influência no planejamento nacional e na própria humanização do país”, dizia o jornal.

O aspecto mais inovador do estudo, porém, não serviria diretamente aos objetivos estatísticos, embora fosse considerado essencial para entender as condições de população pelo diretor do Endef, o sociólogo e ex-oficial da Marinha Luiz Afonso Parga Nina.

Por ideia dele, foi inserido nos questionários um espaço para anotação livre, em que era sugerido aos pesquisadores que fossem relatados suas impressões pessoais sobre a situação dos entrevistados e a realização das entrevistas.

O resultado foi um registro detalhado da miséria e da fome que atingiam boa parte da população, apesar do ritmo acelerado de crescimento econômico dos anos anteriores. Essa parte do estudo foi publicado, mas acabou tendo sua circulação restrita, levantando suspeitas de censura pela Ditadura Militar, algo que não chegou a ser comprovado e até hoje é alvo de controvérsia.

“Já fizemos uma média de 120 domicílios, estando 70% na faixa de nível baixo, 20% casos extremos e 10% pessoas que conseguem o necessário para viver. Neste último caso, considero as pessoas que têm um emprego fixo, mas vivem privadas de muita coisa ainda”, diz um dos relatos sobre a pesquisa em Uberlândia (MG).

“Nas duas primeiras faixas, a base da alimentação é farinha de mandioca muito grossa feita em casa. O vestuário é sempre doado e, nos casos extremos, as pessoas cobrem o corpo com trapos disformes e imundos que cheiram mal”, continuava.

Outro relato, de uma pesquisadora que atuou em Boa Vista (RR), descrevia sérios problemas de saúde da população local: “Devido à má alimentação, são seres totalmente predispostos aos males do meio ambiente. Desde que uma dessas famílias tinha vindo do interior, ninguém pergunta se não teve ‘malária’ ou até mesmo ‘hepatite’ porque são doenças comuns no interior.”

“Mediante as dificuldades na compra dos remédios, são pessoas que ficam maltratadas para o resto da vida. As mulheres não são privilegiadas. Depois do primeiro filho, perdem logo os dentes (falta de cálcio) e sofrem as consequências de um parto mal feito durante muito tempo”, segue o relato.

“Em um domicílio, o homem da casa está enfraquecido devido à falta de alimentação e a senhora dele está débil mental em consequência de um parto mal feito. As crianças são raquíticas, de cor pálida e frequentemente com tosse”, descreveu ainda a pesquisadora.

No interior do Paraná, são vários os relatos da equipe do IBGE sobre a dura vida das famílias de boias-frias, que trabalhavam por diárias em fazendas da região.

“A fome tomava conta dos pequenos corpos humanos que habitavam a bela fazenda de café. (…) Soubemos de uma família que ia para o trabalho sem a pequena marmita de almoço, substituíam-no por ‘coco guavirova’ ou até chegavam ao extremo de comer folha seca de café.”

A BBC News Brasil teve acesso à publicação original da pesquisa — hoje disponível online — e a um compilado de relatórios semestrais dos pesquisadores do Endef produzido pelo setor de memória do IBGE em 2014.

‘Distribuição restrita’

A BBC News Brasil conversou com o servidor aposentado do IBGE Maurício Vasconcellos, que atuou por anos em diferentes etapas do Endef e, depois, chefiou alguns setores do instituto, como o Departamento de Censo Demográfico.

Ele acompanhou parte do trabalho de campo e chegou a presenciar a morte de um bebê durante o processo de entrevista, devido à extrema vulnerabilidade da família, mas não quis contar detalhes para não se emocionar.

“Esse estudo é terrível, porque, se você for ler, você vai chorar o tempo todo”, recorda.

Ele se refere a uma publicação que ganhou o nome de “Estudo das informações não estruturadas do Endef e sua integração com os dados quantificados”, produzida por Parga Nina, a partir dos relatos de campo.

Empolgado com a riqueza desse material, o diretor do Endef solicitou relatórios semestrais sobre as pesquisas de campo e sistematizou o material nessa publicação, criando categorias para os relatos, como “penúria alimentar”, “condições de saúde e higiene”, “emprego-desemprego” e “vida familiar”.

“É evidente que algo deve ser feito para captar o que as equipes de campo observaram, sentiram, viveram, ao longo desse ano de trabalho. Seria absurdo não fazer esta tentativa, e estariam perdidas informações que podem ser tão importantes e, em certos aspectos, mais importantes que os dados dos questionários”, dizia a introdução do trabalho.

“Não há nenhum sentido em procurar entender a ‘realidade sócio-econômica’ através de pesquisas, em qualquer campo, se não houver também um esforço para tentar compreender, por um mínimo de convivência, de simpatia, de contato direto, a dimensão humana do que está sendo investigado”, reforça outro trecho.

Apesar da grande importância dada a esse trabalho, ele não foi divulgado ao público. Foi impressa uma pequena tiragem de 250 cópias e algumas delas foram enviadas sem alarde a órgãos públicos e bibliotecas, como o Ministério da Saúde e algumas universidades.

Alguns volumes da publicação que permanecem nos arquivos do IBGE tem em sua capa escrita a mensagem “Distribuição restrita”, em letra cursiva que seria de Parga Nina.

Há também volumes com o carimbo de “confidencial”, que, segundo Maurício Vasconcellos, foram adicionados por ele depois, já após à ditadura, quando exemplares que estavam com a família de Parga Nina retornaram ao IBGE, após a morte dele.

Ele disse à reportagem que tinha receio que de alguns relatos permitissem identificar os entrevistados, ferindo o sigilo que é legalmente garantido às pessoas pesquisadas.

Na sua visão, a decisão de não divulgar o material amplamente nos anos 1970 teria partido do próprio Parga Nina.

“Eram informações brutais, situações horrorosas. Aí ele publicou esses livros e decidiu fazer uma distribuição restrita”, lembra.

Na sua visão, não houve uma censura direta do regime.

“A censura estava na imprensa. O IBGE publicava o que queria. Se o dado desagradasse o governo, ele não ia para o jornal. A gente tinha total liberdade para fazer o que quisesse e fazia”, contou.

A socióloga Cecília Minayo, pesquisadora aposentada da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), conviveu de perto com Parga Nina nos anos 80, quando ela saiu do IBGE para a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Lá, os dois desenvolveram uma espécie de desdobramento do Endef em menor escala, pesquisando zonas de pobreza no Rio de Janeiro.

Na sua leitura, a decisão de restringir o material seria reflexo de pressões externas e internas. Ela lembra que ele teria virado motivo de piada entre parte do corpo técnico do IBGE, que considerava as pesquisas qualitativas que ele desenvolveu estranhas ao foco estatístico do instituto, embora Parga Nina contasse com o apoio do presidente do órgão, Isaac Kerstenetzky.

“(E por parte) Dos militares, era o medo de que o Brasil grande, o Brasil do ame-o ou deixe-o, pudesse produzir pessoas que comiam barro, comiam fezes, comiam ratos, como a pesquisa de campo mostrou”, recorda Minayo.

O Endef, estudo ainda hoje pouco conhecido, teve seu momento de fama logo após o fim da ditadura, quando a revista IstoÉ descobriu essa parte não divulgada da pesquisa.

A publicação deu uma reportagem de capa para o tema em outubro de 1985, com a manchete “Fome Censurada”, sobre a imagem de uma criança pobre, nua, segurando um rato.

Parga Nina negou que tenha havido censura em uma carta à revista, disponibilizada à BBC News Brasil por Maurício Vasconcellos.

“O trabalho foi realizado pela administração Isaac Kerstenetzky, com participação pessoal do presidente. Seria totalmente incoerente que viesse ela a fazer sobre seu próprio trabalho a censura descrita na reportagem, ou no editorial”, respondeu.

Segundo Leandro Malavota, historiador da Equipe Memória IBGE, não há elementos históricos que permitam responder com certeza por que parte do estudo teve circulação restrita. Na sua leitura, houve uma espécie de autocensura, relacionado ao contexto da ditadura.

“O Endef é o reverso do milagre econômico. Ele mostra o Brasil que a ditadura não queria mostrar. Então, ainda que eu não tenha encontrado nas minhas pesquisas qualquer tipo de determinação formal para que aquelas informações não fossem divulgadas, eu acho que, de certa forma, houve uma contenção por parte dos próprios participantes daquela pesquisa para que aquelas informações muito sensíveis não chegassem ao público”, avalia.

Malavota ressalta que o IBGE, desde sua criação nos anos 1930, no governo de Getúlio Vargas, até a ditadura militar, era visto como um órgão que atendia aos interesses de planejamento do Estado. Ou seja, apenas após a redemocratização, o órgão passou a ser visto como uma instituição voltada para a sociedade, com aumento da transparência.

Ainda assim, lembra ele, as pesquisas costumavam ser divulgadas, como ocorreu com a parte estatística do Endef.

Esse material, porém, não gerou grandes reportagens, até porque o IBGE divulgou, em etapas, dados bem detalhados sobre quantidade de calorias e tipos de nutrientes ingeridos pela população em diferentes regiões, mas não produziu de imediato um indicador mais geral a partir desses números, como qual seria o índice de desnutrição da população — cálculos feitos posteriormente por Maurício Vasconcellos em sua tese de doutorado a partir de dados do Enfed identificaram, numa estimativa conservadora, que ao menos 22% do universo pesquisado seriam de subnutridos.

Uma busca da BBC News Brasil nos arquivos dos jornais O Globo e Jornal do Brasil identificou registros breves sobre os resultados do Endef.

Em oito de março de 77, por exemplo, o jornal O Globo noticiou sem grande destaque a divulgação dos dados preliminares do Rio de Janeiro e da região Sul, que contou com a presença de Isaac Kerstenetzky .

“No Rio de Janeiro, os dados obtidos pela pesquisa indicam que a população do Estado ingere, em média, uma quantidade adequada de calorias, enquanto que a quantidade de cálcio ingerido é menor que as suas necessidades, e a ingestão de proteínas, ferro e vitaminas é superior ao necessário”, registrava o jornal.

A matéria acrescentava que não era possível fazer “uma comparação entre a dieta alimentar da população da Baixada Fluminense e aquela de áreas habitadas por pessoas de nível de renda mais elevado”.

“O presidente do IBGE explicou que o ENDEF não foi concebido para desagregar os dados a esse nível. Isso, inclusive, em sua opinião, não seria justificável. Para ele o importante é relacionar a dieta alimentar com outros dados como, por exemplo, profissão e a situação econômica dos comensais”, dizia ainda a reportagem.

O baixo impacto do Endef junto à opinião pública contrasta com os resultados do Censo de 1970, que geraram forte debate nacional e incomodaram a ditadura ao revelar os altos níveis de desigualdade de renda do país.

Ainda assim, a pesquisa foi de fato usada no desenvolvimento de novos índices de preço e indicadores sociais, além de permitir um cálculo mais preciso do PIB, já que o consumo das famílias tinha — e tem ainda — um peso grande na economia brasileira.

O altos e baixos do IBGE na ditadura

A relação do IBGE com a ditadura militar teve altos e baixos, mas, em geral, o regime foi positivo para o órgão, afirmam ex-funcionários e historiadores que estudam o tema.

Professor adjunto do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro da Universidade Candido Mendes (IUPERJ-UCAM), o historiador Alexandre Camargo diz que “os períodos de ouro” da capacidade de produção do IBGE foram momentos de Estado forte, como a Era Vargas e os anos 70, período da presidência de Isaac Kerstenetzky (1970-1979).

Eurico Borba, que foi diretor-geral do IBGE nos anos 70 e depois presidiu o instituto (1992-1993), que Kerstenetzky tinha grande prestígio com o ministro do Planejamento da época, o economista João Paulo dos Reis Velloso (1969-1979).

“Eu acho que nós fomos felizes, foi um período abençoado em pleno período militar, nos anos de chumbo, porque basicamente o professor Isaac tinha sido professor do João Paulo dos Reis Velloso. Quando eu levava os problemas e batiam na trave do Ministério do Planejamento, o professor Isaac resolvia”, recordou.

Por outro lado, Borba via o então ministro da Economia, Delfim Netto, como “inimigo do IBGE”, que teria boicotado o órgão devido aos resultados do Censo de 1970.

“Pouca gente se dá conta que o regime militar começou a balançar com a ideia do milagre brasileiro quando em 1972 nós lançamos um estudo preliminar com uma amostra de 1,85% dos questionários completos do Censo, mostrando que nós tínhamos um problema sério de distribuição de renda, de emprego, de qualificação da habitação, de saneamento, de educação”, disse, no depoimento disponível em vídeo.

“E o presidente (Emílio) Médici fez aquele célebre discurso no aeroporto de Recife em que disse ‘o Brasil vai bem, o povo vai mal’. O ministro Delfim Netto, desde aquela época, ficou inimigo do IBGE, prejudicando a importação de computadores”, continuou.

“Tanto que a primeira parte do censo dos anos 70 foi processada nos computadores da PUC-Rio, porque o Ministério da Fazenda, querendo justificar de qualquer maneira o milagre brasileiro que não existia, impediu a importação dos equipamentos que nós já havíamos comprado da IBM”, contou ainda.

Delfim Netto é ainda alvo de críticas quando foi ministro da Agricultura e Secretário do Planejamento no governo João Figueiredo (1979-1985), período em que teria tentando interferir no cálculo da inflação.

Aos 95 anos, Delfim Netto não quis comentar as críticas, por estar focado no cuidado da sua saúde, disse sua assessoria à reportagem.

Para Maurício Vasconcellos, os ventos da democratização entraram como um furacão na instituição. De 1985 a 1993, foram oito presidentes diferentes, ressalta.

Na sua avaliação, o IBGE sofreu com a falta de um arcabouço institucional que lhe desse mais autonomia. “Não uma independência absoluta em relação ao poder executivo, mas uma forma de controle social que permita o mínimo de autonomia em relação ao poder público, suficiente para assegurar a continuidade administrativa e técnica necessária a realização de projetos que, não raro, atravessam mais de um mandato presidencial”, defendeu em sua tese de doutorado.

Se o fim da ditadura trouxe mais instabilidade ao IBGE, também foi o momento da ganhos importantes de transparência e participação da sociedade no desenvolvimento das pesquisas, ressalta o historiador Alexandre de Carvalho.

“O IBGE se democratizou. (Passou a dar) Transparência e acessibilidade máxima às pesquisas, pontualidade nos resultados, (passou a ter) cobrança, participação de movimentos sociais na montagem das pesquisas”, destaca.

“Então, é uma pressão que se colocou a partir dos anos 1980 e o IBGE respondeu muito bem. Hoje, é uma das instituições de Estado mais abertas a esse diálogo e pioneiras inclusive na disponibilização digital de banco de dados inteiros”, reforça.

Camargo defende um resgate da importância dos relatórios de campo do Endef e um melhor tratamento desse material.

“(Essa pesquisa) Tem uma importância incrível para a memória e para a história das Ciências Sociais brasileiras. É o que se tem de mais documentado sobre como se dá a interação de um agente do IBGE com as pessoas em casa, e a barreira de classe sendo determinante no resultado a ser atingido”, explica.

“Isso é uma agenda de pesquisa (que está) a mil hoje globalmente falando nas Ciências Sociais, no que envolve especialmente a construção de dados para políticas sociais. E isso (os relatos de campo do Endef) é um repertório magnífico, inteiramente desconhecidos e ainda sem tratamento”, ressalta.

Novos ditadores evitam violência para fingir que são democráticos, aponta livro

[RESUMO] Livro “Democracia Fake”, publicado recentemente no Brasil, alerta para nova estratégia de ditadores contemporâneos. Buscando forjar um verniz democrático que possibilite o estabelecimento de relações com países liberais, esses líderes abandonam a repressão violenta e se voltam para táticas de manipulação menos escancaradas.

Uma multidão se aglomerava na praça principal da capital do Congo. Era 2 de junho de 1966 e o ditador Mobutu havia declarado feriado naquele dia. Ele queria que todos acompanhassem o que aconteceria ali.

Sob um sol escaldante, desceram de um jipe militar quatro homens que usavam capuzes pretos, como descreve reportagem publicada no dia seguinte pelo jornal americano The New York Times. Eles caminharam até o centro da praça e, um a um, subiram os degraus de um andaime improvisado, onde havia uma grossa corda pendurada. Na frente de todos, foram enforcados.

Os quatro eram inimigos políticos de Mobutu, que ordenou a execução sob o argumento de que o grupo tentaria matá-lo para dar um golpe.

Sessenta anos depois, demonstrações ostensivas de violência como essa são mais raras, mesmo entre ditadores —no século 21, eles perceberam os benefícios de posar como democratas. É essa a tese proposta no livro “Democracia Fake” (Vestígio), de Sergei Guriev e Daniel Treisman.

A obra opõe dois tipos de ditadores. O primeiro, mais comum no século 20, governa pelo medo. Tem como marcas a repressão violenta (como torturas, prisões e assassinatos), a censura generalizada e escancarada, a imposição da ideologia oficial do regime e o culto à personalidade.

O outro tipo, mais contemporâneo, é chamado pelos autores de “ditadores do spin” —não existe uma tradução literal para o termo, mas o sentido é semelhante a ditadores da manipulação. Esses governantes escondem a violência estatal, disfarçam a censura, cooptam empresas de mídia privada e mantêm uma fachada democrática.

Os dois representam um tipo distinto de perigo, diz Guriev em entrevista por videochamada à Folha. “Os ditadores do spin são menos perigosos por serem menos violentos. Há menos pessoas morrendo e sendo torturadas nas prisões”, afirma. “Por outro lado, são mais perigosos porque fingem ser democratas e às vezes são bem-sucedidos em enganar o Ocidente. Esse é o propósito do livro: alertar o mundo democrático que eles, ainda assim, são ditadores.”

O modus operandi de líderes como Lee Kuan Yew, ex-primeiro-ministro de Singapura apontado no livro como precursor do modelo, envolve manipular a opinião pública para ganhar popularidade. “Os ditadores do spin sobrevivem não por destruir a rebelião, mas por remover o próprio desejo de rebelião”, escrevem os autores.

O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán é citado por Guriev e Treisman como um exemplo desse tipo de ditador. Ele não adotou a censura declarada, mas, segundo organizações que defendem a liberdade de imprensa, tomou controle do mercado da mídia por meio de oligarcas aliados, que teriam comprado empresas do setor. A ONG Repórteres sem Fronteiras afirma que 80% dos veículos de comunicação húngaros estão, na prática, nas mãos do partido de Orbán.

O primeiro-ministro também disfarçou o autoritarismo no método que utilizou para expulsar do país a Universidade Centro-Europeia, fundada pelo magnata George Soros, alvo frequente de sua retórica populista. Para viabilizar a expulsão, o Parlamento governista aprovou uma lei que criava um motivo burocrático que impossibilitaria a continuidade do funcionamento da universidade na Hungria.

Orbán minou o sistema de freios e contrapesos, mas não derramou sangue para isso —em primeiro lugar, porque não precisou. Para líderes como ele, a violência é o último recurso. Não necessariamente por uma questão moral, mas estratégica.

“A globalização hoje oferece muitos incentivos para um país abrir as fronteiras e atrair investimentos estrangeiros, porque isso cria empregos e crescimento econômico. Para conseguir isso, eles têm que fingir ser democratas”, diz Guriev. “Para viajar para Davos [onde acontece o Fórum Econômico Mundial], eles precisam usar um terno, não um uniforme militar. As pessoas não vão apertar a mão deles se eles tiverem torturado milhares.”

A globalização é um dos componentes do que os autores chamam de “coquetel da modernização”, uma junção de forças que empurraria algumas ditaduras rumo à democracia. A ditadura do spin seria uma forma de adaptação e sobrevivência em meio a esse novo cenário.

“Se você quer transformar uma economia de renda média em um lugar próspero, você vai precisar de crescimento econômico baseado em inovação e conhecimento. Para isso, você precisa de pessoas com ensino superior”, afirma Guriev. “Essas pessoas não querem trabalhar em uma ditadura do medo. Então, você precisa ser mais aberto, fingir que é um democrata.”

Guriev e Treisman criaram uma base de dados utilizando uma série de critérios para distinguir os ditadores do medo e os do spin. Os números corroboraram a tese deles: o segundo tipo é o mais frequente entre as novas ditaduras. Nos anos 1970, 60% dos ditadores que assumiram um governo se utilizaram do medo. Nos anos 2000, essa porcentagem caiu para menos de 10%. No mesmo período, o percentual que governa pelo spin subiu de 13% para 53%. Os demais são de um tipo híbrido.

Guriev fala em duas maneiras comuns para a ascensão de um ditador do spin. A primeira acontece após o declínio de uma ditadura do medo. Por exemplo, um líder dessa linha morre e o seu sucessor conclui que, no mundo contemporâneo, é mais estratégico ser um ditador do novo tipo.

A outra, explica ele, ocorre quando um governante, frequentemente populista, chega ao poder por eleições regulares e então subverte as instituições democráticas. Os autores afirmam que o ex-presidente Donald Trump tentou fazer isso nos Estados Unidos.

Treisman diz que, se Trump for eleito novamente neste ano, o cenário se repetirá. “Ele vai tentar minar o sistema de freios e contrapesos, vai tentar colocar ainda mais comparsas leais nas cortes, vai tentar reduzir o acesso à mídia. Ele vai politizar o serviço civil, a burocracia [do Estado]”, afirma. “A equipe dele já anunciou que tem planos de, no primeiro dia, demitir um grande número de funcionários federais e introduzir novas pessoas leais a ele.”

Isso não significa que, caso eleito, Trump será bem-sucedido em sua tentativa. Os autores escrevem que a maior resistência contra líderes como ele está no grupo que chamam de “bem-informados”, subconjunto da população com “educação superior, habilidades de comunicação e conexões internacionais”, que documentam e denunciam os abusos do governante.

“Não apostaria contra a sociedade americana, que é muito resiliente e está mobilizada. Existem advogados, jornalistas, juízes, funcionários do governo e ONGs que estão determinados a impedir a erosão da democracia”, diz Treisman. “Mas vai ser perigoso e destrutivo se ele tentar. Uma vitória de Trump seria ruim para o mundo todo. Encorajaria os ditadores de todos os tipos a aumentar a pressão. A gente viu evidências de que o envolvimento americano ajudou a impedir a tentativa de golpe de Bolsonaro.”

Em alguns casos, um ditador do spin pode recorrer ao medo —um caminho sem volta. Os autores afirmam que isso aconteceu na Venezuela. Hugo Chávez, um ditador do spin, foi substituído por Nicolás Maduro, que, pressionado por uma grave crise econômica, aumentou a repressão. O russo Vladimir Putin seguiu o mesmo caminho após iniciar a Guerra da Ucrânia, diz Guriev.

Putin teve grandes ganhos de popularidade com a anexação da Crimeia em 2014. Em um cenário de estagnação econômica, o russo pode ter calculado que uma nova guerra voltaria a unir a população em torno de uma causa em comum, fortalecendo seu governo.

“Ele viu que não estava funcionando, que as pessoas estavam protestando e que a mídia independente estava ganhando influência”, afirma Guriev. “Na primeira semana, ele fechou a mídia e bloqueou o Facebook e o Instagram, e o Parlamento aprovou uma lei que determina que, quando alguém critica a guerra ou usa essa palavra, pode ir para a cadeia por até oito anos. Isso é censura declarada, algo que nunca tinha sido usado.”

Putin foi, inclusive, o motivo pelo qual os autores começaram a escrever o livro. Guriev é um economista russo, hoje diretor de estudos de pós-graduação em economia na Sciences Po, em Paris. Crítico do governo, ele foi aconselhado a sair da Rússia em 2013. À época, um amigo afirmou ao New York Times que o economista tinha motivos para acreditar que seria preso. Já Treisman é professor de ciência política na Universidade da Califórnia e especialista em Rússia.

Os dois começaram a observar que as táticas de manipulação de Putin —antes da guerra, considerado por eles um ditador do spin, não do medo— eram semelhantes àquelas usadas por outros líderes, como Orbán e Chávez. Então decidiram juntar forças para montar um modelo que explicasse esse processo e testasse as comparações entre os governos.

Depois de publicar uma série de trabalhos acadêmicos, Guriev e Treisman decidiram que o livro seria uma forma de chegar a um público mais amplo.

Expor as táticas dos ditadores recentes é justamente uma das soluções para lidar com eles. Outra, segundo os autores, é limitar as sanções econômicas apenas contra indivíduos e empresas. Os autores lembram que o crescimento econômico é a melhor esperança para transformar as autocracias em regimes menos violentos e, finalmente, em democracias.

Os dois também advogam pela reparação das instituições nos países democráticos, restaurando a confiança da população nelas; que advogados, banqueiros, lobistas e outros integrantes da elite ocidental parem de capacitar ditadores; e que empresas ocidentais deixem de vender a eles tecnologias utilizadas para espionagem doméstica.

Apesar dos alertas, o livro tem uma nota otimista: a ditadura do spin é tratada quase como um modelo de passagem em direção à democracia. “A gente especula que [esse tipo de ditadura] não é sustentável, mas não temos dados, uma prova empírica”, diz Guriev.

Os autores afirmam que não existe nenhum antídoto conhecido para o “coquetel de modernização” que empurra as nações em direção à democracia.

Isso porque, ao mesmo tempo que o desenvolvimento econômico ameaça os ditadores, já que os cidadãos têm mais acesso à educação e à informação, ele também é necessário para que esses líderes se mantenham no poder, já que crises econômicas ameaçam a popularidade do governo.

Ou seja, ditadores até poderiam atravancar o crescimento para frear a democratização do país, mas isso também os prejudicaria.

Em um momento de descontentamento, os ditadores precisam de mais repressão para se manter no cargo —só que foi justamente a inadequação da violência na sociedade globalizada o que os levou a abandonar o medo e a escolher a manipulação.

Resta saber se esse dilema não resolvido de fato levará o mundo a um cenário mais democrático.

Democracia Fake

Preço R$ 84,90 (416 págs.); R$ 59,90 (ebook)

Autoria Sergei Guriev e Daniel Treisman

Editora Vestígio

Link: https://grupoautentica.com.br/vestigio/livros/democracia-fake-apresentacao-joao-cezar-de-castro-rocha/2299

Tradução Rodrigo Seabra

Horóscopo semanal: previsão dos signos de 1º a 7 de abril de 2024

No meio da semana, o Sol fará um aspecto positivo com a Lua, indicando uma fase que favorecerá os inícios, mas que também trará propensão a ações impulsivas. Mercúrio entrará em movimento retrógrado no dia 01, o que sugere um período relevante para revisar as ações, bem como a possibilidade de uma comunicação agressiva. O planeta também fará aspecto tenso com Plutão, indicando a importância de revisitar dores e feridas internas na intenção de ressignificá-las.

Vênus seguirá em Peixes e fará conjunção com Netuno. Esses movimentos favorecerão o contato com as artes e a busca por mais beleza e compaixão nos relacionamentos. Ao mesmo tempo, eles apontam para a tendência a criar muitas fantasias e ilusões em relação ao outro, o que poderá gerar frustrações.

Marte seguirá em conjunção com Saturno no signo de Peixes, sugerindo uma etapa voltada para a organização dos sentimentos mais profundos e para a necessidade de lidar com os fantasmas internos. Além disso, haverá a possibilidade de ações confusas, assim como o aumento da autocobrança e da rigidez.

Lembre-se que cada pessoa vai sentir essas energias de acordo com a forma como elas interagem com o Mapa Astral de cada indivíduo.

Áries

Período de bastante vitalidade em sua vida. Você terá mais motivação e energia para ir em busca das suas realizações, iniciar novos ciclos e cuidar da saúde. Todavia, essa energia poderá te levar a ter dificuldades para concluir as inúmeras atividades iniciadas, o que poderá desperdiçar o seu tempo.

No setor afetivo, será importante ter cuidado com a tendência a criar muitas expectativas em relação ao outro. Afinal, caso elas não sejam correspondidas, poderá se frustrar. Será um bom momento para se dedicar às atividades artísticas e cuidar da espiritualidade.

Touro

O taurino viverá uma fase de encerramentos (Imagem: AnaisArt | Shutterstock)

Você viverá uma fase de encerramentos. A tendência será que tudo pareça confuso e que suas emoções fiquem mais intensas. Além disso, poderá reagir de forma radical ao se deparar com dores e traumas internos. De modo geral, esta semana pedirá atenção, pois a sua mente estará mais confusa.

Não será o melhor momento de iniciar algo, mas, sim, de voltar-se para o mergulho interior e avaliar o que ocorre dentro de você, como os comportamentos e os padrões. No caso, a fim de atravessar este período da melhor forma possível, se dedique à espiritualidade e cuide da sua energia e das questões internas. Ademais, caso necessário, procure ajuda terapêutica.

Gêmeos

Fase propícia para os movimentos sociais, especialmente com amigos, grupos de trabalho ou pessoas com ideais em comum. Apesar disso, sua comunicação poderá ficar confusa, o que fará com que os outros não compreendam você. Para evitar confusões, procure organizar melhor as suas ideias antes de falar. Ainda neste período, as atividades em grupo serão favoráveis. Porém, será preciso cautela com os lugares que frequenta, evitando embarcar em espaços que prejudiquem a sua energia. Para encontrar o equilíbrio, cuide das suas emoções.

Câncer

Você entrará em contato com as suas sombras, o que poderá te abalar emocionalmente e aflorar medos e inseguranças. Logo, procure acolher tais sentimentos e tente observar o que desperta suas dores. No setor profissional, você viverá uma fase intensa e movimentada. Haverá a possibilidade de receber reconhecimento pelos seus esforços. Além disso, a produtividade aumentará e você terá mais força para se dedicar ao que deseja. Porém, haverá tendência a se envolver em mal-entendidos, especialmente nas relações de trabalho.

Leão

O medo do abandono poderá afetar as relações do leonino (Imagem: AnaisArt | Shutterstock)

Inseguranças e medo do abandono poderão afetar suas relações nesta semana e te levar a agir de forma desequilibrada. Portanto, tenha cautela para não tomar atitudes radicais e procure compreender a origem dos sentimentos negativos. Ainda nestes dias, você viverá uma fase favorável para o autoconhecimento. Logo, a fim de ter mais clareza dos seus sentimentos e do que ocasiona as suas expectativas, procure se conectar com o seu interior. Por fim, o momento será propício para cuidar da espiritualidade e enfrentar os medos.

Virgem

Ao longo desta semana, você terá um contato maior com as suas sombras. Será possível que a rotina também seja afetada por inseguranças e situações que geram crises internas. Logo, procure cuidar dessas dores e iluminar os sentimentos. Com isso, poderá aprender o que é necessário para se movimentar em direção a uma realidade mais madura.

A tendência será que sinta uma certa insegurança nas relações e que receba mais cobranças ou que se cobre demais. Tudo isso poderá gerar conflitos. Para lidar com essas situações, busque o autoconhecimento e compreenda que as crises são fundamentais para dar espaço ao novo.

Libra

Fase importante no setor afetivo. A tendência será que busque equilibrar as relações e que tenha mais habilidade para compreender as suas necessidades e as do outro. Contudo, poderá ter dificuldade para estabelecer os limites necessários, se deixando manipular.

Ainda neste período, atente-se às suas expectativas. Afinal, elas poderão te levar a fantasiar demais o relacionamento e, caso as coisas não saiam como espera, irá se frustrar. Na rotina, o momento será de organização. Só tenha cuidado para não se cobrar excessivamente e assumir mais compromissos do que consegue cumprir.

Escorpião

O período será favorável para o escorpiano cuidar da saúde (Imagem: AnaisArt | Shutterstock)

Procure se dedicar para que sua rotina se torne mais leve e você tenha mais momentos de lazer. Será uma boa hora para cuidar da saúde. Afinal, estará mais suscetível às alergias, especialmente se o lado emocional não estiver recebendo a atenção de que precisa. Ainda neste período, a tendência será que o lar e as relações familiares necessitem mais dos seus cuidados. Ao mesmo tempo, você poderá se deparar com feridas que te conectam a inseguranças e ao medo da rejeição. Logo, cuide de tais sentimentos e busque ressignificá-los.

Sagitário

Nesta semana, você buscará por movimentos fora da rotina e terá o desejo de conhecer pessoas e lugares diferentes. Simultaneamente, poderá se deparar com inseguranças vindas dessas energias. Portanto, procure observar as situações que geram desconfortos e cuide melhor dos sentimentos.

No ambiente familiar, a fase será de organização nas relações. No entanto, haverá tendência ao aumento de conflitos e cobranças, bem como uma sensação de peso. Apesar dos desafios, será importante estabelecer limites necessários. Por fim, você se conectará com o seu brilho pessoal.

Capricórnio

Você sentirá a necessidade de ter segurança e estabilidade financeira. Ao mesmo tempo em que poderá se deparar com situações que te levem a gastos imprevisíveis, haverá a chance de receber um dinheiro inesperado.

No setor social, você buscará por mais movimento. Todavia, poderá se deparar com cenários que atrasem os seus desejos. Ainda neste período, atente-se à tendência a se iludir com as pessoas. Por fim, os familiares poderão necessitar mais da sua atenção. Será um bom momento para viverem histórias agradáveis e criarem memórias felizes.

Aquário

As emoções afetarão a vitalidade do aquariano (Imagem: AnaisArt | Shutterstock)

Nesta semana, as emoções poderão afetar a sua vitalidade de forma significativa. A tendência será que se depare com inseguranças e medos que prejudiquem a forma como encara a vida. Será o momento de cuidar desses sentimentos e compreender que somente você poderá se curar e se transformar.

Ainda nestes dias, qualquer lugar fora de casa e informações novas poderão te atrair e revitalizar. O setor financeiro receberá muita atenção de sua parte. Você buscará se organizar e se equilibrar, mas tenderá a gastar de maneira impulsiva.

Peixes

Apesar do seu desejo por mais movimento, a tendência será que perceba a necessidade de se interiorizar e de sair do barulho externo, assimilando os sentimentos desconfortáveis que poderão surgir. Ainda nesta fase, poderá ocorrer uma certa insegurança para dar andamento aos projetos. Além disso, haverá a possibilidade de que as coisas caminhem de forma mais lenta do que gostaria. No setor financeiro, o período será de organização. Você terá mais consciência do que traz estabilidade e segurança material. Contudo, poderão ocorrer alguns conflitos relacionados à dinheiro.

Por astróloga Thaís Mariano

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Campos Neto diz que Copom não está dividido sobre juros

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (28/3) que o Comitê de Política Monetária (Copom) não está dividido e que a última decisão foi unânime. A ata da última reunião, que reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 p.p., para 10,75% ao ano, apontou incertezas sobre a manutenção dos cortes.

Segundo Campos Neto, o que houve na reunião foi um questionamento de qual tipo de ritmo e caminho. “O Copom não está dividido, a decisão sobre o corte da Selic foi unânime. Tentamos abrir na ata um debate sobre visões futuras, em que existiam opiniões diferentes”, disse o chefe do BC, durante entrevista coletiva para o detalhamento do Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

“É importante a gente dizer que a gente entendeu que existia uma incerteza maior sobre alguns temas que estávamos debatendo e pessoas diferentes tinham opiniões diferentes”, explicou o banqueiro central. “Alguns membros argumentaram que se a incerteza prospectiva permanecer elevada no futuro, um ritmo mais lento de distensão monetária pode revelar-se apropriado, para qualquer taxa terminal que se deseje atingir”, emendou.

Ao ser questionado sobre os próximos passos da autoridade monetária acerca da Selic, o presidente do BC reforçou que o comitê não se guia por precificações do mercado e explicou que a posição, manifestada por alguns diretores da autarquia, sobre a necessidade de reduzir o ritmo do ciclo de flexibilização monetária não se refere especificamente a próxima reunião do Copom marcada para junho, nos dias 18 e 19.

Na ocasião, Campos Neto voltou a defender a maior autonomia da autoridade monetária, que está em discussão no Legislativo por meio da PEC 65/2023. O tema foi recentemente alvo de polêmicas, por isso, o chefe do BC disse ter combinado com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que não abordaria o tema na imprensa, para evitar ruídos.

“Esse tema não é para ser tratado na mídia, foi o que combinei com o ministro Haddad. É um tema técnico”, disse. “É importante dizer que o Banco Central não encaminhou a PEC. Quem encaminhou a PEC foi o Legislativo. Esse projeto é do Legislativo”, enfatizou.

O texto em questão determina que o BC deixe de ser uma autarquia federal com orçamento vinculado à União e passe a ser uma empresa pública com total autonomia financeira e orçamentária. O tema é o mais novo capítulo do embate com o governo, que já demonstrou incômodo com a independência da autoridade monetária.

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