Sony estaria planejando relógio de e-paper para acelerar a inovação

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A Sony Corp. está desenvolvendo um relógio feito de e-paper a ser lançado já no ano que vem em um teste para a abordagem de uma nova divisão da empresa dedicada à criação de produtos, segundo fontes familiarizadas com o assunto.
O mostrador e a pulseira serão produzidos com um material patenteado que permite que toda a superfície do aparelho funcione como tela e altera sua aparência, disseram as fontes, que pediram anonimato porque o produto não foi anunciado.
A prioridade do aparelho seria seu estilo e não a tentativa de superar a tecnologia de outros relógios inteligentes como o da Apple Inc. e o próprio SmartWatch, da Sony, disseram as fontes.
O que está em jogo é mais do que uma vitória frente à Apple e à Samsung Electronics Co. Uma década de reduções de custo e cortes de empregos prejudicaram a cultura de inovação da Sony, antes celebrada pela criação do Walkman e do televisor Trinitron. O CEO Kazuo Hirai formou neste ano uma divisão de criação comercial, sob seu controle direto, para acelerar o desenvolvimento de produtos promissores, e o relógio é um dos primeiros resultados dessa medida.
“O programa de inovação é muito importante, mas levará tempo e exigirá alguns riscos”, disse Sadao Nagaoka, professor da Universidade Hitotsubashi, em Tóquio, que realiza estudos sobre inovação e atua como conselheiro econômico do Departamento de Patentes do Japão. “Não é que a Sony ficou sem novas ideias, é que ela está demorando muito para se reestruturar e os prejuízos gigantescos deixaram os novos negócios quase sem fundos”.
Novas ideias

A nova divisão de Hirai está buscando novos produtos e serviços que não se encaixam no modelo dos negócios existentes da Sony.
Além do relógio de e-paper, o grupo está desenvolvendo blocos de construção de tecnologia projetados para ajudar profissionais e amadores a criarem protótipos de novos produtos de forma rápida. O projeto MESH — sigla em inglês para produzir, experimentar e compartilhar (make, experience and share) — é uma coleção de sensores, diodos emissores de luz e botões incorporados em blocos coloridos menores que um pacote de chiclete. Os aparelhos são conectados sem uso de fios e podem ser operados por meio da interface de um tablet, de forma amigável para pessoas sem conhecimentos de programação ou engenharia.
A divisão também inclui o Seed Acceleration Program da Sony, que foi criado para que qualquer funcionário com uma boa ideia possa buscar financiamento de risco. Aspirantes a empreendedores fazem suas propostas a outros funcionários ou para um painel de especialistas de fora, caso em que sua oferta permanece anônima, disse uma das fontes. O processo estilo startup inclui estágios de audição, incubação e implementação que enfatizam a velocidade e a lucratividade.
Equipes de até cinco pessoas se enfrentam a cada três meses e podem incluir gente de fora, segundo uma newsletter interna publicada em julho. Aqueles que são aprovados têm no máximo seis meses para preparar um plano de negócio e podem trabalhar nas ideias em tempo integral. O produto final pode ser incluído em uma divisão existente ou se tornar uma empresa independente. A primeira rodada, realizada em junho, atraiu 187 candidaturas, das quais 80 foram aprovadas para a fase seguinte, segundo o documento.
Teste decisivo
Koji Kurata, porta-voz da Sony, que tem sede em Tóquio, preferiu não comentar quando abordado por telefone ontem.
O relógio de e-paper será um teste decisivo para a nova divisão da Sony. Embora o mercado de tecnologia de vestir ainda seja pequeno, com apenas 22 milhões de aparelhos vendidos em todo o mundo neste ano fiscal, o setor deverá se multiplicar por cinco nos próximos cinco anos, segundo a MM Research Institute Ltd. Mais da metade de todos os aparelhos de vestir já são feitos para o pulso, tendo como concorrentes produtos como os monitores de saúde estilo pulseira borracha da Fitbit Inc. e relógios de luxo da Veldt, a US$ 780.
Hirai tem tido dificuldades para promover uma reviravolta na empresa em um momento em que enfrenta uma concorrência cada vez maior nos setores de telefonia celular e jogos eletrônicos e uma demanda mais fraca por televisores e câmeras. A Sony deverá somar mais de 1 trilhão de ienes (US$ 8,5 bilhões) em prejuízos de 2010 para cá.
“O problema da Sony não é só mirar as tecnologias certas — ela também tem problemas em termos de gestão, governança corporativa e tudo mais –“, disse Keun Lee, professor de economia da Universidade Nacional de Seul que escreve sobre inovações disruptivas. “Recorrer a fontes diversas de conhecimento e promover a comunicação entre os setores da empresa pode ser uma fonte de recuperação”.
Fonte: Bloomberg

 

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