Crise da água derruba ações da Sabesp e investidor perde dinheiro

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O cenário meteorológico tranquilo, sem previsão de chuvas, atinge em cheio a cotação dos papéis da Sabesp e a intenção de lucro de quem investiu na companhia responsável pelo abastecimento de 364 cidades do Estado de São Paulo, incluindo a Região Metropolitana.

As ações da companhia controlada pelo governo paulista acumulam queda de 23,1% no ano, enquanto o termômetro da Bolsa de São Paulo, o Ibovespa (índice que reúne ações com maior volume negociado) registra alta no período de 2,39%.

A Sabesp é uma empresa mista cujo maior acionista é o Governo do Estado de São Paulo (com 50,3% do capital) e o restante está nas mãos de investidores da BM&FBovespa (24,3%) e da Bolsa de Nova Iorque (25,4%). No dia 2 de janeiro um ação negociada na bolsa brasileira valia R$ 25, ante preço de R$ 19,33 na quarta-feira (22). “Não conheço ninguém que recomende a compra dessas ações agora, pois a empresa vende um produto e um serviço sem ter a matéria-prima. Vivemos um período de estiagem secular no Estado. Não há como a empresa ter boa performance”, diz Alexandre Montes, analista dos setores de saneamento e energia da Lopes Filho Consultores de Investimentos. Apesar das perdas acumuladas, o analista destaca que não é possível dizer que a empresa seja má gerenciada. “A empresa investe 50% do caixa no negócio e faz com que o Estado tenha os maiores índices de universalização de água e esgoto do País”, avalia.

Já para Pedro Rossi, professor de Economia da Unicamp, a adoção de uma política agressiva de distribuição de dividendos aos acionistas é em parte responsável pela crise no abastecimento e pelo prejuízo dos investidores, que têm visto os papéis derreterem.

Segudo o professor da Unicamp, a Sabesp tem focado nos últimos anos na utilização do caixa para a distribuição do lucro aos acionistas. “Essa política equivocada para um empresa pública de serviços essenciais fez com que os recursos deixassem de ser investidos na estrutura, no abastecimento e evitar perdas no sistema. A empresa cedeu sucessivamente ao interesse do investidor, o lucro, em detrimento do interesse do consumidor, fornecimento de água e esgoto”, afirma. Agora, explica o especialista, para mudar esse cenário, além de muita chuva, é preciso mudar a política e investir no negócio, na melhora das estruturas para evitar perda e aumentar a capacitação, por exemplo.

Fonte: iG

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