Lula defende Nobel para Raoni: “Teve gente que ganhou sem merecer”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta terça-feira (23/3) o prêmio Nobel da Paz para o cacique Raoni. A declaração ocorreu durante evento onde o líder indígena foi homenageado pelo presidente francês, Emmannuel Macron com a mais alta honraria francesa, em Belém.

“Conheço muita gente que já ganhou o Nobel da Paz, e conheço quem ganhou sem merecer porque conheço as pessoas. E posso dizer uma coisa: não tem ninguém no planeta terra que mereça ganhar o Nobel da Paz mais do que você (Raoni) pelo que você fez na sua passagem pelo planeta terra. No que depender da gente, uma conversadinha com o pessoal da Noruega, Suécia, conversar com uma rainha aqui, outra ali, a gente consegue fazer que, pela primeira vez, um indígena com mais de 90 anos, possa, representando o povo indígena brasileiro, receber o prêmio Nobel da Paz, você merece”, apontou o petista.

Lula também prometeu mais remarcações de terra indígena. “Indígenas têm 14% de terra demarcada hoje. Quando os portugueses chegaram aqui em 1.500 eles tinham 8,5 mi de metros quadrados. Portanto, é pouco diante do que eles precisam para viver, para manter sua cultura e seu jeito de viver”, defendeu.

Direcionando a fala a Macron, Lula reforçou o compromisso brasileiro de 0% de desmatamento na Amazônia até 2030. “Macron, tenho certeza que nosso governo já é o que mais remarcou terra indígena e é o governo que vai continuar demarcando parques de reservas florestais para que a gente evite o desmate. Temos o compromisso de chegar até 2030 a 0% de desmatamento na Amazônia. Não foi ninguém que pediu para nós. Fomos nós do governo que decidimos que a gente vai levar a luta contra o desmatamento como uma profissão de fé. Nós vamos acabar para provar ao mundo que vamos preservar a nossa Amazônia e queremos convencer o mundo. Quem já desmatou tem que contribuir de forma muito importante para que os países que ainda tenham floresta mantenham suas florestas em pé. É um compromisso nosso”.

E prometeu que a COP 30, a ser realizada em Belém, terá “a melhor organização de COP que já aconteceu no mundo”.

“Você, no ano que vem, vai ter o privilégio de vir aqui ao Pará ouvir a Amazônia falar para o restante do mundo aquilo que pensamos e queremos. Não queremos transformar a Amazônia num santuário da humanidade, o que queremos é compartilhar com o mundo a exploração e a pesquisa da nossa riqueza de biodiversidade, mas que os indígenas possam participar de tudo que for usufruído das terras que eles moram. Vamos continuar fazendo reservas. Ano que vem você vai ter o privilégio de participar da melhor organização de COP que já aconteceu no mundo”, concluiu.

No primeiro dia de agenda, entre os acordos de declaração conjunta foi assinada uma parceria financeira entre a Agência Francesa de Desenvolvimento e os bancos públicos brasileiros para levantar até 1 bilhão de euros em investimentos públicos e privados em bioeconomia nos próximos quatro anos.

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