Campos Neto diz que autonomia financeira do BC é “passo natural”

Após ruídos sobre a autonomia financeira do Banco Central, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, reafirmou nesta segunda-feira (4/3) que o tema deveria ser tratado de forma técnica, sem gerar rumores na imprensa, e que a medida em discussão é um “passo natural”.

“O tema da autonomia financeira é um tema técnico e precisa ser discutido num ambiente mais técnico, sem gerar ruído na mídia. Mas 90% dos bancos centrais que têm autonomia operacional têm autonomia financeira. É um passo natural”, comentou, em palestra na Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

O BC ganhou autonomia operacional há cerca de três anos. Agora, tramita no Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que quer garantir a autoridade monetária autonomia técnica, operacional, administrativa, orçamentária e financeira.

Segundo Campos Neto, a autarquia precisa ter quadros com capacidade administrativa comparável ao mundo privado. “A autonomia é tirar o orçamento da AGU (Advocacia-Geral da União) e fazer melhorias para aperfeiçoar os quadros, para fazer melhores entregas para a sociedade”, explicou. “O trabalho do BC é melhorar o Brasil, ajudar o governo e fazer com que as coisas funcionem”, afirmou.

Declarações recentes do presidente do BC voltaram a jogar lenha na briga com o PT. Após uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo, publicada no último domingo (3), a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, voltou a criticar o chefe da autoridade monetária. Em postagem na rede social X, ela rechaçou a política adotada por ele para os juros e disse que a ampliação da autonomia da instituição resultaria em uma “ditadura monetária”.

“O governo Lula fez o PIB de 2023 crescer 3 vezes acima das previsões, mas os dados do IBGE demonstram que os juros exorbitantes do BC derrubaram os investimentos e estagnaram o crescimento no segundo semestre. É uma política monetária que segue ameaçando o país, mas a gente não vê uma linha de crítica na mídia sobre isso”, escreveu. “Segue defendendo taxa de juros acima da realidade, contenção do crédito e ainda aponta os salários melhores como ‘risco’. Querem submeter o Brasil a uma ditadura monetária”, acrescentou.

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