Fundo de Nelson Tanure quer tirar membros portugueses do Conselho da Oi

O fundo Société Mondiale, que tem como cotista o empresário Nelson Tanure, cobrou da companhia em recuperação judicial Oi a convocação de uma assembleia de acionistas para substituir os membros portugueses do Conselho de Administração do grupo de telecomunicações.

O Société Mondiale, gerido pela administradora de recursos Bridge Trust, tem como investidor o empresário Nelson Tanure, de acordo com quatro fontes ouvidas pela Reuters nesta sexta-feira. Uma das fontes disse que Tanure, com histórico de negócios envolvendo companhias em dificuldades, é o principal cotista.

O fundo quer que a Oi convoque a assembleia extraordinária de acionistas em oito dias, caso contrário fará a convocação diretamente.

“O Conselho de Administração deve ser parcialmente renovado, para que esteja preparado para enfrentar os desafios econômicos, jurídicos, tecnológicos, mercadológicos e regulatórios que se apresentam à companhia”, afirmou o Société Mondiale em comunicado.

O fundo propõe a destituição dos membros titulares Rafael Luís Mora Funes, João Manuel Pisco de Castro, Luís Maria Viana Palha da Silva, André Cardoso de Menezes Navarro e Pedro Zañartu Gubert Morais Leitão, além de seus suplentes. Todos eles foram indicados ao Conselho da Oi pela Pharol SGPS, antiga Portugal Telecom, que protagonizou uma fracassada fusão com empresa brasileira de telecomunicações.

O fundo também quer a destituição do Conselho de Marcos Grodetzky, que foi diretor financeiro da Oi.

O Société Mondiale indicou para o lugar dos que busca destituir e para posições vagas no Conselho da Oi o ex-ministro das Comunicações Helio Costa, além de Demian Fiocca, José Vicente Santos, João Manuel Pinho de Mello, Pedro Grossi Junior, Leo Julian Simpson, Jonathan Dann e Marcelo Itagiba.

O Société Mondiale possui 6,64 por cento do capital total da Oi, sendo 7,02 por cento das ações ordinárias e 5,03 por cento dos papéis preferenciais.

A portuguesa Pharol SGPS é a maior acionista individual da Oi, com participação indireta de cerca de 22 por cento do capital total, sendo 27,49 por cento das ações ordinárias. A fatia é detida de forma indireta através da Bratel Bv, com sede na Holanda.

Em 21 de junho, a Oi fez o maior pedido de recuperação judicial da história corporativa do Brasil, após fracassar nas negociações com credores para tentar reestruturar dívidas de cerca de 65 bilhões de reais. A Justiça do Rio aceitou o pedido da companhia em 29 de junho.

Às 12:59, as ações ordinárias da Oi, que possuem mais liquidez, subiam 1,58 por cento na bolsa paulista, a 2,57 reais. Os papéis não integram o Ibovespa, que avançava 2,01 por cento.

Um representante da gestora Bridge se recusou a identificar investidores no fundo Société Mondiale ou a responder outras questões sobre os planos da Oi.

Representantes de Tanure não quiseram fazer comentários sobre o assunto.

SETORES VARIADOS

Tanure já fez negócios em variados setores, incluindo imobiliário, portuário, óleo e gás e mídia, no último deles tendo sido proprietário dos extintos jornais Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil.

Em telecomunicações, o empresário comprou a Intelig em 2008, que foi posteriormente vendida à TIM Participações. Seu veículo de investimentos JVCO chegou a fazer parte do acordo de acionistas da TIM e teve relações conturbadas com o controlador da operadora móvel, a Telecom Italia.

Fonte: Reuters

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