A “bomba” de R$ 8 bilhões da Oi que pode explodir nas mãos do Itaú, BB e Bradesco

Detentores de títulos de dívida da Oi (OIBR3; OIBR4) estão se preparando para o pior após inesperada renúncia do presidente Bayard Gontijo em momento crucial da empresa. Isso porque a saída inesperada do CEO põe em risco o processo de reestruturação financeira da companhia e deixa a operadora cada vez mais perto de ser obrigada a pedir recuperação judicial, o que travaria essas negociações. 

Nas mãos dos principais bancos listados na BM&FBovespa – Banco do Brasil (BBAS3), Itaú Unibanco (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) – uma bomba de R$ 8 bilhões pode estar prestes a explodir, segundo dados da Bloomberg.

Entre eles, o mais exposto seria o BB à dívida da empresa, com R$ 4 bilhões (0,6% dos empréstimos do banco e 4,8% do seu capital). Na sequência, aparecem o Itaú Unibanco, com R$ 2,5 bilhões (0,6% de seu crédito e 2,3% do capital), e Bradesco, com R$ 1,5 bilhão (0,4% do crédito e 1,6% do capital). Adicionalmente, a companhia ainda tem R$ 7 bilhões com BNDES e R$ 2,5 bilhões com a Caixa Econômica Federal.

Segundo cálculos do Deutsche Bank, no pior cenário (o que os bancos teriam que provisionar sua exposição à Oi), o analista Tito Labarta estima um risco negativo de 5% nos ganhos antes de impostos do Bradesco; 8% para Itaú Unibanco; e 35% para o Banco do Brasil. No entanto, ele comenta que Bradesco e Itaú poderiam compensar o impacto da Oi com o excesso de reservas de mais de R$ 6 bilhões e R$ 10 bilhões, respectivamente. Já o BB , com excesso de reservas de R$ 1,2 bilhão, só poderia fornecer cobertura parcial para a Oi. 

O analista do banco ressalta, no entanto, que é importante observar que pode haver um novo processo de reestruturação com o novo CEO e os bancos ainda teriam prioridade sobre os detentores de obrigações. Ainda assim, ele reforça visão cautelosa para os bancos, apesar dos desenvolvimentos políticos potencialmente positivos no Brasil.

Exposição dos bancos ao setor de telecom
Na mesma linha do Deutsche, analistas do Credit Suisse estimaram a exposição de cada banco ao setor de telecomunicação – nesse caso, não somente à Oi. Pelos cálculos dos analistas do Credit, os bancos Itaú, BB e Bradesco teriam uma exposição total de R$ 17,5 bilhões, considerando dívidas, debêntures e garantias de crédito ao setor.

Para o Credit, os bancos ainda não provisionaram essa exposição (falando em específico sobre Oi) e isso é mais um risco para as expectativas das provisões. Os analistas mantêm visão cautelosa para o setor financeiro, com recomendação underperform (desempenho abaixo da média) para Itaú, Bradesco e BB. A exposição de cada um deles pode ser vista na tabela abaixo:

Banco Dívida Dívida+ Debêntures Dívida+ Debêntures + Garantia de Crédito
Banco do Brasil R$ 4,196 bilhões R$ 7,449 bilhões
Itaú Unibanco R$ 1,214 bilhão R$ 9,680 bilhões
Bradesco R$ 423 milhões
*Fonte: Credit Suisse

A dura realidade da Oi
A saída de Gontijo é o mais recente golpe dos últimos anos para a empresa carregada de dívidas. Segundo Adeodato Volpi Netto, head de mercados de capitais da Eleven Financial, a sobreposição dos interesses dos acionistas controladores frente à companhia pode levar a Oi a um beco sem saída. “Isso tem mais cara que acabe na Corte, com uma recuperação judicial travando as negociações da companhia com os credores. E os bancos terão que reconhecer que não conseguirão, muito provavelmente, receber esse montante e provisionar esses valores. É ruim para todo mundo”, disse. 

Gontijo, de 44 anos, que liderava a companhia havia menos de dois anos, anunciou sua renúncia na sexta-feira. A decisão agrega mais incerteza à empresa com sede no Rio de Janeiro, que tenta emergir de uma dívida de quase R$ 50 bilhões (US$ 14,4 bilhões). A operadora não explicou o motivo da saída. Gontijo será substituído pelo diretor administrativo financeiro, Marco Schroeder, 51. A empresa informou que Schroeder acumulará as duas funções.

A companhia permitir que Gontijo que estava devolvendo credibilidade, que estava conseguindo dar oxigênio para a Oi, sair em um momento em que ela já está asfixiada é um suicídio administrativo, disse Adeodato. “Se não rolar a dívida, a operação trava. Eles não têm nenhuma condição de gerar caixa suficiente para fazer frente ao serviço da dívida dentro dos prazos que eles têm”, disse Adeodato. “Todos os credores, sem exceção, sabiam que o Bayard estava endereçando de forma dura o que tinha que ser endereçado. E esse cara renuncia”.

Fonte: Infomoney

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