Problemas e desafios do comércio internacional de serviços foram destaques do ENAServ 2016

negociospSão Paulo, 22 de abril de 2016 – A importância do Plano Nacional de Exportações (PNE) para o comércio exterior brasileiro foi o tema da palestra do secretário de Comércio e Serviços do MDIC, Marcelo Maia, durante o Encontro Nacional de Comércio Exterior de Serviços (ENAServ 2016), realizado nesta quarta, em São Paulo.

Maia aproveitou a ocasião, após dez meses de lançamento do PNE, para fazer um balanço das ações do governo baseadas nos cinco pilares em que foi elaborado: acesso a mercados: ampliação de parcerias por meio da remoção de barreiras; promoção comercial; facilitação do comércio: desburocratização e simplificação dos processos aduaneiros com o objetivo de reduzir prazos e custos;  financiamento e garantia às exportações por intermédio do aperfeiçoamento e aumento de recursos para o Programa de Financiamento às Exportações (Proex), o BNDES-Exim e o Seguro de Crédito à Exportação; e aperfeiçoamento de mecanismos e regime tributários para o apoio ao setor.

O comércio exterior brasileiro, segundo Maia, é um elemento estratégico e permanente da agenda de competitividade e de crescimento econômico do país. “Por isso não pode ser uma tábua de salvação transitória, mas, sim, uma política permanentemente estratégica do governo e dos demais envolvidos. Existe um PIB equivalente a 33 brasis além de nossas fronteiras”, afirmou.

Painéis

Lucas Ferraz, professor da FGV, e Rodrigo Azeredo Santos, diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério das Relações Exteriores (DPR/MRE) participaram do painel “A inserção do Brasil no mercado externo de serviços”, que teve a moderação de Henry Quaresma, da Fecomércio-SC.

Segundo Azeredo Santos, o grau de participação de vendas de produtos de empresas brasileiras no continente africano em 2004 era praticamente inexistente, em 2013, já era de cerca de 4%, graças a investimentos e ao apoio do governo brasileiro. O mesmo aconteceu na América Latina, e as empresas brasileiras têm se beneficiado bastante desse comércio. “É fundamental darmos apoio à exportação de serviços. Ainda assim, o Brasil está muito longe do patamar de outros países”, afirmou.

De acordo com Ferraz o aumento da participação dos serviços no PIB das economias é fenômeno mundial, à exceção da Ásia, com evidências de que esse fenômeno esteja relacionado ao novo padrão de comércio estabelecido pela fragmentação internacional da produção. “O exemplo dos países mais conectados às cadeias globais sugere que é possível ser uma economia de serviços e continuar a ter ganhos expressivos de produtividade”, destacou.

“O papel estratégico dos serviços no comércio internacional” foi o tema do segundo painel do dia e contou com as presenças de André Marcos Fávero, diretor de Negócios da Apex-Brasil, e de Sérgio Paulo Gallindo, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), e teve a moderação de Marcelo Maia.

Segundo Fávero, o Brasil precisa exportar cada vez mais produtos com uma camada de serviços agregada. “Percebemos que vários países querem isso do Brasil e teremos um longo caminho a percorrer, mas a Apex-Brasil tem trabalhado para cada vez mais para estimular empresas do segmento a participarem dos eventos internacionais para apresentarem seus produtos, porém carecemos de dados sobre quais setores estão prontos para exportar”, constatou.

Sérgio Galindo apresentou um balanço do segmento de tecnologia da informação e comunicação. Os dados apontam que é um mercado de US$ 123 bilhões em faturamento, exporta US$ 2,5 bilhões e tem a participação de 5,2% no PIB nacional.

O encontro apresentou cases de sucesso no painel “A internacionalização de empresas de serviços”, com a participação de Eduardo Guerra, da fast-food brasileira Giraffas;  de Mariana Simas, da MK27 Arquitetos; e de Ailtom Nascimento, da Stefanini Consultoria e Assessoria em Informática; e contou com a moderação de Edna Cesetti.

A Giraffas está instalada nos EUA, que foi escolhido, segundo Eduardo Guerra, por seu grande mercado consumidor, pela maior capacidade de multiplicação e também por ser uma vitrine para o mundo. “Para participar do mercado americano tivemos que ter um posicionamento de mercado bem definido. A Giraffas é uma rede que adiciona brasilidade aos pratos, mas que não se posicionou como restaurante de comida brasileira. Não fomos lá para vender para brasileiros, 90% de nossos consumidores são norte-americanos. Hoje vendemos mais picanhas nos EUA do que em todo o Brasil”, informou. A Giraffas foi eleita entre os 25 conceitos inovadores de rede de restaurantes, que tem uma diferenciação de produtos e serviços (Top 100 Movers & Shakers) e é vencedora na categoria Store Design Awards como projeto de internacionalização.

Fundada em 1997, a Stefanini tornou-se uma multinacional de tecnologia. Iniciou seu processo de internacionalização em 1996, quando iniciou sua atuação na Argentina. “Hoje estamos em 39 países, oferece um suporte de atendimento em 35 línguas, 21.200 colaboradores em todo o mundo e um faturamento de US$ 1 bilhão”, disse Nascimento.

O Studio MK27 foi fundado pelo arquiteto Márcio Kogan no começo dos anos 80 e hoje é uma referência internacional. Já recebeu mais de 200 prêmios nacionais e internacionais e tem levado o trabalho de arquitetos brasileiros aos mais variados países graças a projetos elaborados, com especial atenção aos detalhes e acabamentos.

“Negociações internacionais de serviços: perspectivas e desafios” foi o tema do painel com as presenças de Fernando Camargo, diretor da LCA Consultores; de Fabrizio Panzini, da Confederação Nacional da Indústria (CNI); e Antonio Fernando Krempel, presidente da Intertechne; e moderação de Mauro Ribeiro Viegas, presidente da Associação Brasileira de Consultores de Engenharia (ABCE).

Fabrizio Panzini elencou uma série de problemas e propostas relacionadas com a importação de serviços. Entre as propostas sugeridas estão a eliminação da incidência de IRRF da base de cálculo da CIDE – Remessas ao Exterior; da dupla tributação nas remessas ao exterior para o pagamento de importação de serviços sem transferência de tecnologia; e isentar de IOF o pagamento de serviços importados. Antonio Krempel destacou as barreiras enfrentadas pelo mercado exportador, tais como a falta de acordos comerciais, a questão cambial, a bitributação e a carga tributária brasileira, além dos encargos sociais.  Fernando Camargo abordou a questão do financiamento para exportações de serviços.

“As abordagens que foram apresentadas hoje nos oferecem condições para refletir, assim como nos ofereceram uma visão muito mais clara de como está sendo realizado o comércio de serviços no Brasil e no mundo. Apesar da crise que vivemos hoje, temos que trabalhar fortemente para estimular esse segmento, pois o atual cenário negativo é nosso, não é do mundo”, afirmou o presidente da AEB, José Augusto de Castro, no painel “Perspectivas para as exportações brasileiras de serviços”, que encerrou o encontro e que contou ainda com as presenças do secretário Marcelo Maia e de Rubens Medrano, vice-presidente da Fecomércio-SP e presidente da Associquim/Sincoquim.

Fonte: Assessoria de Imprensa

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