Grandes grupos da City alertam para riscos de um “Brexit”

Os diretores de mais de um terço das maiores empresas britânicas alertaram nesta terça-feira aos eleitores que sair da União Europeia (UE) constitui uma ameaça para o emprego e pode prejudicar a economia.

Um total de 198 executivos – entre eles o presidente de BAE Systems, Roger Carr; o presidente-executivo de BP, Bob Dudley; e o presidente McLaren, Ron Dennis – publicaram no jornal The Times uma carta de apoio ao acordo conseguido pelo primeiro-ministro David Cameron para uma reforma da UE.

Esse acordo melhora a competitividade da UE, dizem os executivos, que pedem aos britânicos que votem pela permanência do país no bloco no referendo convocado para o dia 23 de junho.

“Após a renegociação do primeiro-ministro, acreditamos que o melhor para o Reino Unido é permanecer em uma União Europeia reformada”, apontam.

“Deixar a UE desestimularia os investimentos, ameaçaria o emprego e colocaria a economia em risco. O Reino Unido será mais forte, mais seguro e mais rico como membro da UE”, advertem.

A carta constitui um apoio ao conservador Cameron, cuja campanha pelo “Sim” se viu sacudida no final de semana pelo pronunciamento do carismático prefeito de Londres, Boris Johnson, de seu mesmo partido, a favor da “Brexit” (a “Britain Exit”, ou saída do país da UE).

Esse alinhamento provocou uma forte desvalorização da libra esterlina em relação ao dólar na segunda-feira, no menor patamar em sete anos.

Entre os signatários se incluem 36 presidentes e diretores das 100 grandes empresas do índice FTSE-100 da Bolsa de Londres.

Esses 36 grupos -entre eles a operadora Vodafone e a companhia aérea EasyJet- empregam 1,2 milhão de pessoas no mundo todo.

Também se somaram à iniciativa os dirigentes europeus de grandes grupos dos Estados Unidos, como o Goldman Sachs.

“As empresas precisam de um acesso irrestrito ao mercado europeu de 500 milhões de pessoas para continuar crescendo, investindo e criando empregos”, insistem.

Um voto negativo dos britânicos no dia 23 de junho seria a primeira saída de um Estado-membro da UE desde o começo do bloco, atualmente composto por 28 países.

Empresas ausentes

Os partidários da “Brexit” ressaltam que muitos outros importantes grupos empresariais – como o supermercado Tesco e os bancos RBS e Barclays – não estão entre os que assinaram e acusam Cameron de “perseguir” empresários para obter apoios.

“A verdade é que apesar da perseguição do primeiro-ministro, que não tem nenhuma experiência empresarial real, são outros os fatores que determinarão a continuidade do êxito dos investimentos e do crescimento das empresas britânicas”, declarou Richard Tice, um dos fundadores do grupo “Leave.EU” (“Deixar a UE”).

“A ‘Brexit’ reduzirá os encargos e os custos de regulações desnecessárias, o que poderá gerar mais empregos e não reduzi-los”, argumenta.

O supermercado Tesco afirmou em um comunicado que se absterá de comentar a consulta de 23 de junio.

A rede de supermercado limitou-se a dizer que a decisão sobre a permanência na UE “diz respeito ao povo britânico”, acrescentando que seja qual for o resultado, a rede se aterá à missão de “servir sua clientela”.

O supermercado Sainsbury’s disse que o referendo é “um assunto do povo britânico”.

A agência de classificação de solvência financeira ameaçou em colocar em “perspectiva negativa” a atual nota da dívida britânica (AA1) em caso de uma vitória do “Não” à Europa.

Seis ministros se pronunciaram apesar da saída da UE e, segundo alguns informes, um terço dos 330 parlamentares conservadores poderão fazer campanha pela “Brexit”.

O Times publicou uma carta da secretaria geral do “Trade Union Congress”, a confederação dos sindicatos britânicos, Frances O’Grady, a favor da permanência na UE.

Fonte: EXAME

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