O Foursquare, aplicativo de compartilhamento de localização, anunciou nesta semana uma parceria de licenciamento de dados e um investimento de US$ 15 milhões da Microsoft na empresa.
A parceria é descrita como um acordo de licenciamento “comercial e técnico” que vai ligar as recomendações do Foursquare aos produtos de busca da Microsoft nos próximos quatro anos. As recomendações do aplicativo poderiam aparecer numa busca móvel feita pelo Bing, por exemplo.
O acordo, que não é exclusivo, deve gerar receita para o Foursquare, segundo a empresa. A companhia não deu detalhes mais específicos dos termos da negociação.
Os US$ 15 milhões da Microsoft serão usados no próximo ano para ajudar o Foursquare a “dobrar sua aposta em buscas e experiências locais”, disse Holger Luedorf, que controla a área de desenvolvimento de negócios da companhia. A empresa também irá usar o dinheiro para “investir nas equipes de engenharia e vendas e nos mercados internacionais”, afirmou ele.
O Foursquare, uma vez já considerado o queridinho da cena tecnológica e de mídias sociais, está sob pressão para provar que pode transformar uma coleção rica de dados de seus usuários em receita e afastar a especulação de que a companhia deveria ter sido vendida para o Yahoo (como o Tumblr) ou para o Facebook (como o Instagram) quando ainda tinha chance.
Há pouco tempo, “fazer check-in” no Foursquare era o ápice das interações em mídias sociais. Isso mudou. Agora as pessoas estão menos propensas a usar um serviço de check-in único para dizer aos amigos onde estão, preferindo aplicativos como Instagram, Snapchat, Twitter e Facebook.
No entanto, o Foursquare afirma que possui dados suficientes para sobreviver a esse momento. Em cinco anos, a companhia armazenou dados de 45 milhões de pessoas em sua comunidade, 5 bilhões de check-ins e 40 milhões de dicas ou recomendações. A empresa não comenta sobre o quão atuais são essas informações.
Agora, em vez de pedir para as pessoas fazerem check-in, a empresa localiza os usuários e envia alertas de restaurantes e museus próximos que a pessoas possa se interessar.
A parceria com a Microsoft pode ser vista como o primeiro de muitos acordos de licenciamento que irão ajudar a validar os esforços da companhia. Mas há um risco: pode ser como foi o acordo feito pela Microsoft com o Facebook em 2010 para trazer as recomendações da rede social para buscas online –algo que acabou desaparecendo.
As finanças e a longevidade do Foursquare têm sido um tópico de especulação há algum tempo. Em abril de 2013, a companhia chamou a atenção quando anunciou dívidas de US$ 41 milhões. Entretanto, em dezembro, a empresa fez uma rodada de financiamento que levantou US$ 35 milhões. O Fousquare diz que a publicidade aumentou sua receita em US$ 20 milhões em 2013.
O Foursquare tem um milhão de comerciantes locais que se inscreveram na plataforma e a empresa planeja cobrá-los para direcionais os usuários com alertas de relevância, cupons ou listas premium em resultados de pesquisa.
Até agora, a companhia conseguiu atrair marcas de grande escala e cadeias de restaurantes para anunciar em sua plataforma –em vez de salas de concerto próximas dos usuários do aplicativo.
A empresa também tem se esforçado para construir uma equipe de vendas local que possa atrair anunciantes. Além disso, enquanto o Foursquare aproveita a grande aceitação em cidades como Nova York e São Francisco, o aplicativo tem mais dificuldade em se estabelecer em outros mercados.
Fonte: Folha de S. Paulo