Com o confinamento e a paralisação das atividades econômicas e de educação por causa da covid-19, o sistema de transporte coletivo es – tá sendo obrigado a se reinventar.
Somente a ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos) sofreu nos últimos trinta dias um déficit de R$ 933 milhões, segundo balanço divulgado na terça-feira, 14 de abril. “Os operadores metroferroviários vêm buscando, de todas as formas, manter os seus atuais níveis de operação.
Mas com a imensa queda na demanda, algumas empresas já sentem uma enorme dificuldade para cumprir suas obrigações, estando próximas da necessidade de paralisação. Precisamos de um olhar urgente para o setor de trans – porte público sobre trilhos, visando a operação plena do serviço”, destacou Joubert Flores, presidente do conselho da ANPTrilhos.
Segundo ele, foram apresentadas várias medidas ao governo federal para garantir a operação dos sistemas em todo o Brasil. Já outras associações de transporte público, como a ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), propuseram ao governo um projeto emergencial para esse momento crítico, mas que ainda não foi aprovado.
Trata-se do “Programa Transporte Social”, que propõe a compra antecipada de créditos de passagens (bilhetes eletrônicos) pelo governo federal para distribuir aos beneficiários dos seus programas sociais ou para os profissionais que estão trabalhando ativamente nesse período.
Essa medida, caso entre em vigor, permitirá a manutenção do emprego de milhares de trabalhadores do transporte. São questões como essas que estão em jogo no momento. A crise da covid-19 escancara muitas das nossas deficiências sociais e econômicas e coloca em risco a continuidade de várias empresas. O transporte coletivo também está em situação difícil, mas vale lembrar de sua importância para o bem-estar da população – é o modal mais acessível, sustentável e econômico –, reforçando a necessidade de medidas governamentais para garantir sua permanência. Focar no transporte público é uma questão urgente nesse momento e irá fazer a diferença no futuro do país e na saúde das próximas gerações. Se há uma palavra que ficou fortalecida nesse período de pandemia, ela é “coletividade”.
Ter um olhar coletivo e solidário, que contemple o bem-estar da maioria, deixando para trás o individualismo – que no campo da mobilidade urbana se traduz na imensa frota de carros que transportam uma só pessoa –, é fundamental para que a gente viva melhor nos dias que estão por vir.
Fonte: Metro Jornal