Prefeitura interdita calçadão de Campo Grande, bairro com mais mortes por Covid-19 no Rio

Às 5h, agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública colocaram grades fechando cinco acessos ao comércio não essencial. Circulação está restrita aos serviços considerados essenciais, como bancos e supermercados, por pelo menos 7 dias.

A prefeitura do Rio começou a interditar o calçadão de Campo Grande às 5h desta quinta-feira (7), bairro que fica na Zona Oeste do Rio e que tem denúncias de aglomeração e o maior número de mortes por Covid-19 no Rio. São 40 até quarta-feira (6), além de 262 casos confirmados da doença.

Em outros bairros da região, como Bangu (39), Realengo (27) e Santa Cruz (27), o número de mortes também é alto.

A medida tem como objetivo diminuir os contágios pelo novo coronavírus e deve durar uma semana, pelo menos. O prazo, no entanto, pode ser estendido.

A prefeitura avalia fechar ainda os acessos em Santa Cruz e Bangu, bairros que também têm grande concentração de pessoas.

“É uma medida extrema, mas necessária. Ela pode ser estendida também para Bangu e Santa Cruz. Por isso, nós pedimos à população da Zona Oeste que, por favor, que evite as aglomerações e evitem também os comércios ambulantes e esses quiosques abertos onde acaba juntando muita gente”, disse Crivella nesta manhã.

A Guarda Municipal ocupará o espaço 24 horas durante esse período, segundo a prefeitura.

As grades foram colocadas por agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) nos cinco acessos ao bairro e em frente às lojas, impedindo a circulação de pessoas.

Somente o comércio e os serviços essenciais continuarão funcionando, como farmácias, lojas de material de construção, supermercados e bancos.

Os funcionários desses serviços podem transitar normalmente, desde que apresentem o crachá do estabelecimento onde trabalham.

Bloqueio parcial

Crivella, que usou o termo “lockdown parcial” (entenda o que é lockdown), avaliou que os apelos de conscientização para a população pelo isolamento social não surtiram o efeito desejado na área.

O lockdown parcial significa que as pessoas não poderão circular dentro desse corredor.

Na quarta-feira (6), Crivella falou sobre a decisão de interditar o calçadão.

“O calçadão de Campo Grande estará fechado. Isso depois de recebermos diversas ligações do Disque Denúncia de aglomeração e tentarmos de todas as formas evitar aglomerações. Por sete dias o calçadão de Campo Grande ficará interditado e eu peço a colaboração de todas as pessoas”, disse o prefeito.
Também na quarta, o local tinha grande movimentação de pessoas nas ruas.

No mesmo dia, a Fiocruz enviou um relatório ao Ministério Público do Rio (MPRJ) recomendando a adoção ações de lockdown no estado do Rio de Janeiro para controle da Covid-19.

Crivella disse que vai levar a avaliação da Fiocruz para análise do gabinete científico, cuja próxima reunião deve acontecer nesta tarde ou na manhã de sexta-feira (8).

“De um lado, nós temos a Fiocruz. De outro, nós temos a Firjan, a Fecomércio, a associação dos serviços, que falam de desemprego em massa, em quebra da atividade econômica. Então, é preciso sempre ouvir os dois lados e tomar uma decisão que seja ponderada, uma decisão que seja, vamos dizer assim, não só olhando um lado, mas olhando os dois lados”, disse o prefeito.

Fonte: G1

O transporte coletivo na crise do coronavírus

Com o confinamento e a paralisação das atividades econômicas e de educação por causa da covid-19, o sistema de transporte coletivo es – tá sendo obrigado a se reinventar.

 

Somente a ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos) sofreu nos últimos trinta dias um déficit de R$ 933 milhões, segundo balanço divulgado na terça-feira, 14 de abril. “Os operadores metroferroviários vêm buscando, de todas as formas, manter os seus atuais níveis de operação.

Mas com a imensa queda na demanda, algumas empresas já sentem uma enorme dificuldade para cumprir suas obrigações, estando próximas da necessidade de paralisação. Precisamos de um olhar urgente para o setor de trans – porte público sobre trilhos, visando a operação plena do serviço”, destacou Joubert Flores, presidente do conselho da ANPTrilhos.

Segundo ele, foram apresentadas várias medidas ao governo federal para garantir a operação dos sistemas em todo o Brasil. Já outras associações de transporte público, como a ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), propuseram ao governo um projeto emergencial para esse momento crítico, mas que ainda não foi aprovado.

Trata-se do “Programa Transporte Social”, que propõe a compra antecipada de créditos de passagens (bilhetes eletrônicos) pelo governo federal para distribuir aos beneficiários dos seus programas sociais ou para os profissionais que estão trabalhando ativamente nesse período.

Essa medida, caso entre em vigor, permitirá a manutenção do emprego de milhares de trabalhadores do transporte. São questões como essas que estão em jogo no momento. A crise da covid-19 escancara muitas das nossas deficiências sociais e econômicas e coloca em risco a continuidade de várias empresas. O transporte coletivo também está em situação difícil, mas vale lembrar de sua importância para o bem-estar da população – é o modal mais acessível, sustentável e econômico –, reforçando a necessidade de medidas governamentais para garantir sua permanência. Focar no transporte público é uma questão urgente nesse momento e irá fazer a diferença no futuro do país e na saúde das próximas gerações. Se há uma palavra que ficou fortalecida nesse período de pandemia, ela é “coletividade”.

Ter um olhar coletivo e solidário, que contemple o bem-estar da maioria, deixando para trás o individualismo – que no campo da mobilidade urbana se traduz na imensa frota de carros que transportam uma só pessoa –, é fundamental para que a gente viva melhor nos dias que estão por vir.
Fonte: Metro Jornal