Santander é uma máquina de triturar presidentes

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O Santander não tem um minuto de paz. As recentes modificações na diretoria – deflagradas com a transferência de Pedro Coutinho da vice-presidência de novos negócios para o comando da GetNet, credenciadora de cartões do grupo – são apenas a ponta do iceberg.

No banco circulam informações de que a herdeira do conglomerado financeiro, Ana Patricia Botín, vai promover mudanças ainda mais drásticas na operação brasileira. Por mais drásticas entenda-se a substituição do próprio presidente do Santander Brasil, Jesus Zabalza. A troca seria consumada no fim de janeiro, logo após a divulgação dos resultados de 2014.

Assim como Zabalza, o novo presidente viria da própria matriz. Oficialmente, o Santander nega a saída de Jesus Zabalza. No entanto, o histórico recente do banco aponta na direção contrária. Quando o assunto é Brasil, os espanhóis estão habituados a trocar de presidente como quem muda de roupa: Zabalza é o terceiro ocupante do cargo em quatro anos. Para efeito de comparação, desde 2007 o comando do Santander na instável Argentina está nas mãos do mesmo executivo – Jose Luis Enrique Cristofani. A substituição de Jesus Zabalza seria uma demonstração de força de Ana Patricia Botín perante os demais acionistas do grupo na Espanha.

Ana, que assumiu o cargo de CEO Global com a morte de seu pai, Emílio Botín, teria sido contrária à indicação de Zabalza para o comando da operação brasileira, em junho do ano passado. Mas acabou sendo voto vencido, como, aliás, eram todos que ousassem se opor à vontade de Dom Emílio.
Se o objetivo de Ana Botín é demarcar território, nada melhor do que começar uma era mudando o comando de uma subsidiária que responde por um quarto do lucro global do grupo. Caso o troca-troca se confirme, o substituto de Jesus Zabalza terá espinhosas missões.

A maior delas é o desafio de sempre: elevar a rentabilidade. Nos últimos cinco anos, em média, o Santander Brasil registrou um lucro sobre patrimônio da ordem de 13%. Os resultados do primeiro semestre apontam para um balanço desalentador. O lucro de R$ 1 bilhão projeta uma rentabilidade anualizada da ordem de 3,5% sobre o patrimônio. O Santander, portanto, segue longe da nota de corte de 20% que o próprio Zabalza chegou a anunciar como meta para o banco no Brasil. Essa nem Jesus.

Fonte: Relatório Reservado

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