Congresso dos EUA e Casa Branca chegam a acordo para socorro de US$ 2 tri a empresas e trabalhadores

Proposta dos Republicanos, de distribuir U$ 1.200 por pessoa, é vencedora. Projeto deve ser votado hoje no Senado

 

O Congresso dos Estados Unidos e a Casa Branca chegaram a um acordo sobre o pacote de estímulo à economia americana na madrugada desta terça-feira. O socorro, de US$ 2 trilhões, prevê ajuda a trabalhadores e a pequenos negócios, além do apoio a grandes corporações, como companhias de aviação e de cruzeiros.

O projeto, que tem como objetivo amortecer os impactos econômicos negativos da pandemia do coronavírus, deve ser votado nesta quarta-feira no Senado e enviado à Câmara em seguida. Só então seguirá para a sanção do presidente Donald Trump.

O socorro tem uma abordagem diferente da adotada durante a crise de 2008. À época, o governo foi acusado de ser pouco transparente em seus esforços para ajudar grandes corporações, deixando os mais vulneráveis desassistidos.

– Este pacote será o maior programa de assistência a pequenas e médias empresas [main street, em inglês] na história dos Estados Unidos – disse o diretor do Conselho Econômico Nacional americano, Larry Kudlow

Houve disputa entre Democratas e Republicanos, mas os dois partidos concordavam em um instrumento para que a ajuda chegue direto aos trabalhadores: fazer pagamentos diretos de mais de US$ 1 mil para milhões de americanos. O pagamento seria feito de uma única vez, e casais receberiam por pessoa, com um adicional de US$ 500 por criança.

Venceu a proposta dos Republicanos de U$ 1.200 por pessoa, chegando a U$ 3.000 por família de quatro, enquanto a dos Democratas queriam um valor maior de U$ 1.500 por pessoa, chegando a U$ 7.000 por família de cinco.

Ajuda a empresas para manter salários

O pacote prevê ainda US$ 367 bilhões para as pequenas empresas manterem o pagamento da folha enquanto os funcionários estiverem afastados. Também foi acordada uma linha de crédito de US$ 500 bilhões para as grandes indústrias, incluindo o setor aéreo. Os hospitais terão uma ajuda significativa.

Segundo os democratas, o pacote cobrirá quatro meses de salário, em lugar dos três originalmente previstos. Os trabalhadores receberão o seguro-desemprego normalmente pago pelos estados mais US$ 600 por semana por quatro meses; quem presta serviços para aplicativos, como Uber, terá direito a esse valor.

As empresas poderão postergar o pagamento do imposto sobre a folha, de 6,2%. A fim de garantir a transparência, deve ser criado o cargo de inspetor-geral, além de um órgão fiscalizador, para supervisionar as transferências às empresas. Medida semelhante fora adotada na crise de 2008.

O presidente americano, Donald Trump, disse que o acordo incluirá apoio a companhias aéreas e de cruzeiros. Além do pacote de U$ 2 trilhões, o Diretor do Conselho Econômico Nacional, Larry Kudlow, citou, durante a coletiva ao lado de Trump, os estímulos via Fed, o Banco Central americano, outros U$ 4 trilhões, somando U$ 6 trilhões, ou cerca de 30% do PIB anual dos EUA.

– Estamos começando um período difícil, mas achamos que vai ser apenas algumas semanas ou meses, não anos – disse Kudlow.

A proposta é o terceiro – e maior – plano do Congresso para enfrentar a crise do coronavírus à medida que a a Covid-19 se espalha.

Um plano inicial de US$ 8 bilhões aprovado pelo Congresso em 5 de março teve como foco o financiamento de necessidades emergenciais de assistência médica. Um segundo plano, promulgado na semana passada, fornecerá a muitos americanos licença médica paga, assistência alimentar e testes gratuitos de coronavírus. Também enviará dezenas de bilhões em dinheiro novo a estados.

Há ainda ações do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), que prevê financiamento a empresas, estudantes e até cartao de crédito.
Fonte: O Globo

‘Não estamos aumentando artificialmente o preço do dólar’, diz Bolsonaro

Trump e Bolsonaro

Na segunda-feira (2), o presidente dos EUA, Donald Trump, acusou Brasil e Argentina de estarem promovendo uma desvalorização ‘maciça’ de suas moedas.

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (4) que o governo não está “aumentando artificialmente” a cotação do dólar.

Na segunda-feira (2), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que Brasil e Argentina “têm presidido uma desvalorização maciça de suas moedas”. De acordo com Trump, agricultores norte-americanos estariam sendo prejudicados, já que, com o real e o peso valendo menos em relação ao dólar, exportações de Brasil e Argentina ficam mais competitivas.

A declaração do presidente dos EUA levantou avaliações no mercado financeiro de que o governo brasileiro poderia estar valorizando o dólar de forma artificial. Em novembro, o real foi a quarta moeda no mundo que mais perdeu valor na comparação com a norte-americana.

Bolsonaro negou a possibilidade de o governo estar interferindo na cotação, ao ser questionado sobre o tema por jornalistas na porta da residência oficial do Palácio da Alvorada.

“Nós não queremos aqui aumentar artificialmente, não estamos aumentando artificialmente o preço do dólar”, afirmou Bolsonaro.

De acordo com o presidente, um dos motivos da alta da moeda norte-americana nas últimas semanas é a guerra comercial entre EUA e China.

“O mundo está globalizado. A própria briga comercial entre Estados Unidos e China influencia o preço do dólar aqui”, disse Bolsonaro.

Tarifas sobre aço e alumínio

Ao acusar Brasil e Argentina de desvalorizarem suas moedas, Trump disse que iria restaurar a sobretaxa sobre o aço e o alumínio vendido pelos dois países. A sobretaxa nas tarifas foi aplicada pelo governo dos EUA no ano passado, em relação a vários parceiros comerciais, mas Brasil e Argentina obtiveram, em agosto, uma espécie de “alívio” nos preços.

Bolsonaro, que diz ter uma boa relação com o presidente norte-americano, afirmou nesta quarta que acredita que Brasil e EUA chegarão a um “bom termo” com relação ao aço e ao alumínio.

“Eu acredito no Trump, não tenho nenhuma idolatria por ninguém, tenho uma amizade, não vou falar amizade, não frequento a casa dele nem ele a minha, mas temos um acordo, com contato bastante cordial”, afirmou Bolsonaro.

Questionado se ficou decepcionado com Trump, Bolsonaro disse que não, pois o norte-americano ainda não “bateu o martelo” sobre a taxação.

“Não tem decepção porque não bateu o martelo ainda. Não é porque um amigo meu falou grosso numa situação qualquer que eu já vou dar as costas para ele”, disse Bolsonaro.

Fonte: G1