A Petrobras informou nesta terça-feira que alterou os contratos de fornecimento de GLP (gás de cozinha) com as distribuidoras para melhor refletir custos de logística que tipicamente deveriam ser cobertos por elas, mas que eram suportados pela companhia.
A medida, que na prática retira subsídios às distribuidoras de GLP, terá impacto pequeno para os consumidores, segundo a Petrobras. Já os revendedores avaliam que, com a distribuição do produto concentrada em poucas companhias, a mudança pode gerar um aumento relevante nos preços do botijão.
“Não houve reajuste do GLP, a tabela é exatamente a mesma. O que a Petrobras está fazendo, inclusive, é permitir que a gente possa eliminar subsídios cruzados dentro da logística e permitir investimentos…”, afirmou o presidente da Petrobras, Pedro Parente, a jornalistas, após participar de evento no Rio de Janeiro.
Na nota divulgada mais cedo, a Petrobras afirmou que o impacto estimado pela mudança sobre os preços do botijão de 13 kg (uso residencial) é de 0,20 real por unidade, na média do país, o que representaria 0,36 por cento no preço de um botijão.
“O impacto que a gente calcula que isso possa ter é de 50 centavos, em alguns lugares até menos do que isso. Então essa é uma questão que precisa ser colocada com clareza, o preço é livre…”, acrescentou Parente, observando que recentemente a Petrobras reduziu o preço da gasolina e diesel nas refinarias, mas o preço acabou subindo na bomba.
“Então, o que a gente espera, é que esse movimento (relacionado ao preço do gás de cozinha) realmente seja contido na dimensão que ele tem, que é uma dimensão de centavos”, ressaltou.
A Petrobras explicou ainda que, com a mudança, o preço cobrado dos agentes vai ser diferenciado, para quem usa e quem não usa a infraestrutura da companhia.
Será inferior para quem dispõe de infraestrutura própria ou carrega o GLP direto do navio da cabotagem.
Isso, na visão da Petrobras, vai estimular as distribuidoras a investirem em armazenamento. Há exemplos similares no uso de dutos e de estações de carregamento de GLP da companhia, segundo a estatal.
Um movimento semelhante ao anunciado nesta terça-feira para o setor de GLP foi realizado há dois anos para os contratos de fornecimento de diesel e gasolina, lembrou a estatal.
DISTRIBUIDORAS E REVENDEDORES
O Sindigás, que representa distribuidoras como Ultragaz, Supergasbras e a própria Liquigás, da Petrobras, afirmou que “desconhece os eventuais impactos desses novos contratos nos custos das suas associadas, ou mesmo em suas políticas de preços”.
“Por essa razão, entendemos que é cedo e irresponsável afirmar que haja real impacto no varejo, lembrando que o preço do GLP é livre, não sujeito a tabelamentos, cabendo ao consumidor final pesquisar o melhor serviço, não necessariamente, somente, o melhor preço.”
A nova política está em vigor a partir desta terça-feira, segundo o Sindigás.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP, Alexandre Borjaili, é “muito leviana” a afirmação da Petrobras de que a mudança vai representar um aumento no preço de apenas 20 centavos, na média do país.
“Ela não tem autonomia para dizer isso. Ela deveria acompanhar o mercado. Quando ela aumentou em 1 real o preço, o gás subiu 5 reais na ponta”, afirmou o dirigente da associação, preocupado ainda com o processo de venda da Liquigás, que pode concentrar mais setor de distribuição, dominado por poucas empresas.
A Petrobras, que busca vender ativos para reduzir sua dívida, está em negociações avançadas com a Ultrapar Participações para a venda da totalidade da Liquigás, segundo fatos relevantes divulgados em outubro.
Fonte: Reuters