13/01/2017
Por Luciana Magalhães and Rogério Jelmayer
A empresa brasileira de telecomunicações Oi SA vai oferecer aos seus credores uma participação imediata na empresa, na medida em que busca renegociar cerca de US $ 20 bilhões em dívidas, disse Marco Schroeder, presidente-executivo da empresa.
A Oi, que apresentou o maior pedido de proteção às falências corporativas da América Latina no ano passado, está em negociações com quatro diferentes grupos de credores e potenciais investidores, ao rever um plano de recuperação anterior para a empresa, disse Schroeder em entrevista. A última proposta da Oi seria aplicada aos detentores de cerca de US $ 10 bilhões em dívida externa.
Schroeder se recusou a comentar sobre o tamanho provável da participação acionária, que ainda está em negociação. Oi planeja apresentar a proposta aos credores até o final de março e colocá-lo para uma votação no segundo trimestre.
“Precisamos encontrar um equilíbrio”, disse Schroeder, observando que o plano provavelmente diluirá os atuais acionistas.
Com raízes em uma rodada de privatizações no final da década de 1990, a Oi cresceu para se tornar a quarta maior operadora móvel do Brasil por participação de mercado. Sua expansão foi impulsionada em parte por empréstimos subsidiados e outras políticas governamentais como parte de um esforço mais amplo para criar “campeões nacionais” competitivos a nível global em setores-chave da economia brasileira.
Mas um par de fusões excessivamente ambiciosas impôs à Oi bilhões de dívidas, gerando um fluxo de caixa insuficiente. A empresa tem lutado nos últimos anos para competir até mesmo no mercado interno do Brasil, que os funcionários da indústria reclamar está saturado com os concorrentes.
A operadora do Rio de Janeiro pediu o equivalente ao capítulo 11 em junho.
Os credores recusaram o plano original de recuperação da Oi, que envolveu dar aos vendedores estrangeiros um corte de cabelo de quase 70% sem nenhuma participação imediata. Sob esse plano, Oi propôs transformar até US $ 10 bilhões de dívida externa em obrigações convertíveis com um valor nominal de cerca de US $ 3 bilhões. Os detentores desses títulos estavam para obter uma participação de 85% na empresa se ela não conseguisse reembolsar as obrigações convertíveis após três anos.
“O plano revisto da Oi daria aos acionistas uma participação na empresa agora, mas menos dinheiro no futuro”, disse Schroeder.
Ao mesmo tempo, os credores e investidores da Oi vêm buscando suas próprias propostas.
Os obrigacionistas representados pelo banco de investimentos Moelis & Co., juntamente com o bilionário egípcio Naguib Sawiris, apresentaram em dezembro um plano para injetar US $ 1,25 bilhões na Oi. Ao converter cerca de 25 bilhões de reais (7,8 bilhões de dólares) em dívida externa em capital próprio, os detentores de títulos se afastariam com 95% da empresa.
No entanto, esse plano atraiu uma recepção morna da administração da Oi.
“Temos dúvidas sobre o alcance financeiro da proposta … se o que é oferecido é suficiente para os desafios que a empresa enfrenta”, disse Schroeder.
A Oi também está em conversações com a Elliott Management Corp., a empresa de fundos de hedge liderada pelo bilionário Paul Singer. Uma pessoa familiarizada com as negociações disse que a Elliott ofereceu 9,2 bilhões de reais para 60% da empresa.
Os outros grupos que negociam com a Oi são a Cerberus Capital Management, dos EUA, e um segundo grupo de obrigacionistas internacionais liderado pela consultoria G5 Evercore. A Cerberus pretende fazer uma oferta para a Oi antes do final de fevereiro, disse uma pessoa familiarizada com a estratégia do fundo. A G5 Evercore rompeu com o consórcio liderado pela Moelis no ano passado.
Nelson Tanure, investidor brasileiro que detém cerca de 7% das ações da Oi e diz que conta com o apoio de mais de 30% de seus acionistas, afirma que gosta do plano revisado delineado por Schroeder. Tanure e os acionistas que ele representa estão prontos para investir US$ 2 bilhões para reforçar a empresa e manter sua participação através do aumento de capital proposto.
O ministro das Comunicações do Brasil, Gilberto Kassab, disse em entrevista por telefone que o governo foi contatado por grupos interessados em investir na Oi. Ele descartou a possibilidade de um resgate governamental.
“O governo não vai colocar dinheiro em Oi ou em qualquer operação envolvendo Oi. O que esperamos é uma solução de mercado”, disse Kassab.
Fonte: Dow Jones / The Wall Street Journal