Segundo o IBGE, o 1,1% de crescimento da economia no ano passado é resultado da soma de 1,6% no avanço da demanda interna com a queda de 0,5% no resultado do setor externo. Segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, a crise da Argentina afetou as exportações brasileiras, mesmo frente à desvalorização cambial no período, que favorece as vendas internas.
No ano anterior, a conta foi bem diferente. A demanda interna somou 1% ao resultado, enquanto o setor externo agregou 0,1%.
“Todos os componentes da demanda interna em 2018 cresceram, mas o PIB não foi melhor por conta do desempenho do setor externo”, disse Palis. “Sem a contribuição negativa do setor externo, o PIB teria crescido mais em 2018”.
Sob a ótica da demanda interna, o consumo das famílias brasileiras deu a maior contribuição para o crescimento do PIB em 2018.
Mesmo com a retomada lenta, o consumo geral avançou 1,9% graças ao aumento real da massa salarial, da oferta maior de crédito, da queda da taxa de juros e da inflação sob controle. Em 2017, esse item teve um avanço de apenas 0,9%.
Houve melhora especificamente no consumo das famílias, que cresceu 1,9% em 2018, contra alta de 1,4% do ano anterior.
O destaque ruim no resultado deste ano foi o agronegócio. Após safra recorde em 2017, quando houve um boom de exportação de soja e milho, o setor perdeu força em 2018.
Considerada a ótica da oferta, o crescimento do PIB e, 2017 esteve ancorado na agropecuária, que cresceu 12,5%. No ano passado, porém, o resultado desse setor ficou praticamente zerado, com uma expansão de apenas 0,1%.
A compensação veio dos serviços, setor que cresceram 1,3% em 2018, frente a 0,5% no ano anterior; até a indústria, que havia caído 0,5% em 2017, teve leve crescimento no ano passado, e registrou alta de 0,6%.
A melhora nos serviços tem impacto grande no resultado final do PIB, já que o setor responde por 70% da economia. Já a recuperação da indústria marca a retomada de variações positivas após quatro anos seguidos de quedas.
Fonte: Folha de S. Paulo