Gonçalves nega que a oposição inflame a população

O deputado Sargento Gonçalves (PL-RN) negou, nesta quarta-feira (19/2), que a oposição esteja incentivando a população a se mobilizar contra as denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR), que denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e 33 aliados por participação na tentativa de Golpe de Estado. Ele afirmou que a indignação popular não é resultado de discursos políticos, mas das dificuldades enfrentadas pelos brasileiros diante do aumento dos preços e dos problemas do governo.

O parlamentar falou com exclusividade com o Correio, após a coletiva de imprensa, na Câmara dos Deputados, afirmando que a oposição nunca incentivou negativamente a população brasileira para cometer atos contra o patrimônio público. “Nunca houve inflamação da população. Até cego vê a injustiça que ocorre no país e o que o governo do PT tem feito com a economia”, declarou o parlamentar.

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Para ele, a revolta cresce porque os brasileiros estão sentindo no dia a dia o impacto da alta nos preços de alimentos e combustíveis. Ele argumenta que a insatisfação da população com o governo ocorre devido as deficiências na administração. “Foi o Gonçalves que inflamou o povo a perceber que o café subiu mais de 50%? Que o ovo ficou mais caro?”, questionou, reforçando que a insatisfação popular ocorre independentemente da atuação da oposição.

O deputado reforçou que a prioridade da oposição, em 2025, será a luta pela anistia dos presos pelos atos de 8 de janeiro. Segundo ele, a pacificação do país passa obrigatoriamente pelo perdão daqueles que foram condenados e que a oposição trabalhará para sensibilizar o Congresso sobre essa pauta.

“O presidente da Câmara é um homem sensível às causas da nação. Ele compreende a necessidade da pacificação, e isso passa pela anistia”, destacou, sem dar detalhes sobre possíveis articulações concretas dentro da Casa.

Até quando a Ucrânia consegue se manter na guerra contra a Rússia

Após quase três anos da invasão da Ucrânia pela Rússia, muitos apontam que, embora os exércitos possam vencer batalhas, são as economias que vencem as guerras. A Ucrânia tem capacidade de continuar lutando?

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, enfatizou recentemente que a Ucrânia quer “não apenas um fim rápido, mas justo” para a guerra.

Mas com um grande aliado, os EUA, congelando sua ajuda e insinuando reduzir o apoio no futuro, a economia da Ucrânia, afetada pela guerra, terá condições de seguir mais um ano de luta?

Economia de guerra

A Ucrânia, embora grande em comparação com outros países da Europa, é muito menor que a Rússia, em termos de população, território e economia. Antes da guerra em larga escala, a economia russa era estimada em 10 vezes maior que a da Ucrânia.

A guerra trouxe ao país o pior choque financeiro da história recente, mesmo em comparação com a década de 1990, quando, após o colapso da União Soviética, o caos econômico e a alta inflação estavam no ápice.

Desde fevereiro de 2022, o governo gastou a maior parte das receitas do Estado para pagar pela defesa. Encontrar dinheiro para cobrir outras áreas vitais -—serviços públicos, saúde e educação — provou ser um desafio e criou um enorme buraco no orçamento.

A Ucrânia enfrenta o pior choque econômico da sua história recente

Nos primeiros meses da ofensiva russa, a Ucrânia tentou cobrir seu déficit vendendo títulos de dívida e imprimindo dinheiro.

No final de 2022, a economia da Ucrânia encolheu em quase um terço, com a inflação disparando para mais de 25%.

A estabilização veio com a ajuda dos aliados internacionais da Ucrânia.

Originalmente, os EUA eram seu principal doador e facilitador em termos de todos os tipos de ajuda: militar, humanitária e financeira voltada para a manutenção da estabilidade econômica.

Mas depois esse papel, especialmente no apoio financeiro, foi passado para a União Europeia.

“Hoje, 80% do custo da guerra é [coberto pela] Ucrânia e Europa, e 20% são dos EUA”, disse o presidente Zelensky aos repórteres enquanto se dirigia à Conferência de Segurança de Munique em 14 de fevereiro.

Que apoio financeiro a Ucrânia está recebendo?

Em 2022-2024, a Ucrânia recebeu mais de US$ 115 bilhões do exterior, principalmente em empréstimos, subsídios e compromissos de alívio da dívida.

Isso inclui US$ 44,8 bilhões da União Europeia , US$ 31,2 bilhões dos EUA e US$ 12,4 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Dos US$ 60,7 bilhões do pacote de ajuda principalmente militar, prometido pelos EUA em 2024, US$ 7,9 bilhões em empréstimos foram alocados para apoiar a economia da Ucrânia.

Também em 2024, o G7 (o grupo das sete maiores economias do mundo) comprometeu-se com cerca de US$ 50 bilhões em empréstimos extraordinários, a serem pagos com a receita de ativos russos congelados.

A Ucrânia espera receber US$ 38,4 bilhões de seus aliados em 2025 (incluindo US$ 22 bilhões dos empréstimos extraordinários).

Como o dinheiro está ajudando?

Graças à ajuda estrangeira, após o declínio inicial acentuado em 2022, a economia da Ucrânia cresceu 5,3% em 2023, e novamente 3,6% em 2024, de acordo com estimativas oficiais.

A ajuda internacional permitiu que a Ucrânia reabastecesse suas reservas de moeda estrangeira, mantivesse uma moeda nacional relativamente estável, bem como cobrisse seu déficit orçamentário.

Pessoas em partes da Ucrânia longe da linha de frente conseguem levar uma vida razoavelmente normal, graças à ajuda internacional

“A Ucrânia precisa de cerca de US$ 40 bilhões por ano para continuar lutando”, afirma Dmytro Boyarchuk, chefe do think tank Centre for Social and Economic Research (CASE Ukraine).

“Se a ajuda acabar, essa será uma história muito triste.”

Front da guerra

O dinheiro não é o único problema para a economia de guerra da Ucrânia – ela também enfrenta falta de energia e força de trabalho.

Acredita-se que a Rússia tenha destruído ou ocupado mais da metade da capacidade de geração de energia da Ucrânia antes da guerra.

Entre outubro de 2022 e setembro de 2024, a infraestrutura de energia sofreu mais de mil ataques russos, diz o Ministério de Energia da Ucrânia.

A usina nuclear de Zaporizhzhia é a maior da Europa, e passou para mãos russas durante a guerra

A demanda por energia está sendo atendida principalmente por usinas nucleares que evitaram grandes ataques russos, e o déficit é coberto por importações de eletricidade, unidades eólicas e solares, bem como turbinas a gás móveis.

Tudo isso afetou o custo de vida e aumentou as despesas para empresas e indústrias inteiras.

Outro grande problema para a economia da Ucrânia é a força de trabalho, que se acredita ter diminuído em um terço.

Mortes e baixas de guerra, migração, bem como a mobilização em andamento são uma das principais causas.

Quase 880 mil pessoas estão atualmente lutando no exército, diz Zelensky.

Além disso, a invasão russa forçou quase um quarto da população da Ucrânia a deixar suas casas. De acordo com a ONU, quase sete milhões de refugiados da Ucrânia estão agora vivendo no exterior (6,3 deles na Europa), e mais de 4,6 milhões estão deslocados internamente.

Por quanto tempo a economia da Ucrânia poderá continuar funcionando?

O FMI, que administra a assistência global para a Ucrânia, declarou recentemente em sua revisão que a “economia do país continua resiliente” apesar das condições desafiadoras.

O especialista em economia Dmytro Boyarchuk diz que em uma guerra todos os recursos são cruciais, e a resiliência econômica é um fator-chave.

De acordo com o chefe do Banco Nacional da Ucrânia, Andriy Pyshnyi, a derrota da Ucrânia na guerra teria efeitos cascata no mundo inteiro em termos de segurança alimentar, novas ondas de refugiados e países priorizando gastos militares em vez de investimentos verdes.

Embora dependa de ajuda estrangeira em grande parte, a Ucrânia demonstrou iniciativa na resolução dos desafios econômicos da guerra.

Quando a Rússia abandonou o acordo de grãos do Mar Negro, um acordo facilitado pela ONU e Turquia para continuar exportando alimentos para países distantes, a Ucrânia e seus parceiros estabeleceram uma nova rota no Mar Negro, evitando o risco de ataques russos.

Isso permitiu à Ucrânia não apenas levar sua exportação agrícola ao nível pré-guerra, mas também renovar a exportação de outros bens.

Em 2024, as exportações aumentaram 15% e geraram mais de US$ 41,6 bilhões em receita — o equivalente à assistência internacional naquele ano.

Perspectivas da Ucrânia para 2025

O Ministério das Finanças da Ucrânia diz que em 2024 gastou quase US$ 52 bilhões na guerra, com cada dia custando cerca de US$ 142 milhões.

Para 2025, o governo alocou outros US$ 49 bilhões em defesa e segurança, o que equivale a mais de um quarto do PIB do país.

Todos os gastos não militares planejados estão sendo cobertos em grande parte por ajuda internacional, com alguma contribuição de fontes de receita interna, de acordo com o Ministério.

Alguns impostos foram aumentados para financiar gastos orçamentários em 2025, mas há o risco de que mais pressão fiscal possa prejudicar a atividade empresarial, levando a receitas menores, não maiores.

Andriy Pyshnyi, chefe do Banco Nacional da Ucrânia, diz que não há razão para duvidar que a assistência internacional prometida chegará no devido tempo.

Mas o novo presidente dos EUA, Donald Trump, ainda não revelou sua abordagem aos acordos existentes.

Embora o governo anterior, de Joe Biden, tenha tomado medidas para garantir que a ajuda prometida fosse entregue por seus sucessores, a situação “ainda pode mudar de curso em 180 graus”, diz o economista Dmytro Boyarchuk.

Muita atividade diplomática está em andamento para resolver a crise provocada pela guerra Rússia-Ucrânia e potenciais acordos entre os EUA, Rússia, Ucrânia e Europa estão sendo observados de perto.

Mas a perspectiva de uma paz duradoura parece remota por enquanto.

Haddad vê inflação dentro da normalidade

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a inflação no patamar entre 4% e 5% está dentro da normalidade para o Plano Real. A declaração foi dada durante a conferência do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Al-Ula, na Arábia Saudita.

“O Brasil tem feito um trabalho, tentando encontrar um caminho de equilíbrio e sustentabilidade mesmo em fase de um ajuste importante. O Brasil deixou uma inflação de dois dígitos há três anos. Hoje temos uma inflação em torno de 4% a 5%, que é uma inflação relativamente normal para o Brasil desde o Plano Real há 26 anos”, disse o ministro.

Haddad participou do painel “Um caminho para a resiliência dos Mercados Emergentes”. Em seu discurso, ele abordou como a valorização do dólar pressionou a inflação no Brasil, levando o Banco Central a adotar uma política monetária contracionista.

“Por isso o Banco Central teve de intervir para garantir que a inflação fosse controlada”, destacou. Enquanto isso, economistas do mercado financeiro voltaram a elevar suas projeções para a inflação pela oitava semana consecutiva.

Segundo os dados do último Boletim Focus, divulgados nesta pelo Banco Central (BC), a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 passou de 5,58% para 5,60%. Para 2026, a projeção subiu de 4,30% para 4,35%. A estimativa para 2027 subiu de 3,90% para 4,00%, enquanto para 2028, passou de 3,78% para 3,80%.

A revisão das projeções afasta ainda mais a inflação da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3% em 2025. A margem de tolerância para que ela seja considerada cumprida é de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima.

A manutenção das expectativas acima da meta sugere que há incertezas fiscais e externas pesando nas decisões dos agentes econômicos, o que pode dificultar a convergência da inflação. No que diz respeito aos juros, a expectativa é de que a taxa básica da economia, a Selic, encerre o ano em 15%. De acordo com Haddad, a recente valorização do real frente ao dólar pode ajudar no controle dos preços e interromper o ciclo de alta na taxa básica de juros, a Selic. “O aumento das taxas será no curto prazo.

O dólar voltou a um nível adequado e caiu 10% nos últimos 60 dias. Eu acho que isso vai fazer com que a inflação se estabilize”, afirmou.

Eficácia comprometida Mesmo com a Selic elevada, o fato de as expectativas de inflação não cederem no ritmo esperado pode indicar um misto de fatores, conforme destacou Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.

“Uma resistência inflacionária estrutural, dúvidas sobre a condução da política fiscal e um possível repasse cambial, já que o dólar segue em patamar elevado”, disse, ao apontar as possíveis razões.

Segundo ele, esse cenário “compromete a eficácia dos juros altos e reforça a necessidade de uma comunicação mais clara do BC e do governo sobre a estratégia para equilibrar crescimento e controle da inflação”. “O corte de juros, que antes parecia um cenário possível para o fim do ano, pode ser postergado se essa deterioração das expectativas continuar”, avaliou.

“O mercado parece estar antecipando que a inflação pode exigir um ajuste mais incisivo e prolongado, o que pode impactar a recuperação da atividade econômica e manter o custo de capital elevado. O desafio agora é entender até que ponto esse movimento é reflexo de uma inflação persistente ou apenas uma reação temporária do mercado”, completou Lima.

João Kepler, CEO da Equity Fund Group, alertou ainda sobre os possíveis efeitos da taxação de importações pelos Estados Unidos. “Esse ambiente de instabilidade reforça a necessidade de uma comunicação clara das autoridades econômicas e de medidas que tragam previsibilidade para o mercado. Ainda não sabemos os efeitos reais das políticas tarifárias de Trump, mas acredito que ainda devemos sentir”, ponderou.

Horóscopo do dia: previsão para os 12 signos em 17/02/2025

Nesta segunda-feira, os astros se alinharão de maneira especial, influenciando cada signo de forma única. Para alguns, o dia poderá trazer oportunidades de crescimento, enquanto, para outros, poderá apresentar desafios, exigindo paciência e equilíbrio. Por isso, confira as previsões do horóscopo para compreender as energias do momento e saber como agir diante dos acontecimentos!

Os nativos de Áries se envolverão bastante com o setor afetivo, especialmente no que diz respeito ao bem-estar das relações (Imagem: Katyau | Shutterstock)

Áries

Você se envolverá mais com os acontecimentos do setor afetivo e, com isso, tenderá a se deixar influenciar pelo outro. Além disso, há uma maior propensão de que suas emoções interfiram no bem-estar da relação. Por fim, apesar da sua busca por harmonia e equilíbrio, poderá haver conflitos, pois cada um estará inclinado a impor a própria vontade.

Os nativos de Touro buscarão encontrar o equilíbrio nos relacionamentos (Imagem: Katyau | Shutterstock)

Touro

Hoje, você se dedicará intensamente à vida afetiva, com um forte desejo de encontrar harmonia nas relações. No entanto, poderá enfrentar conflitos, especialmente devido às diferenças nas expectativas e necessidades de cada um. Por isso, para evitar discussões, procure acalmar os ânimos.

A segunda-feira será favorável para os geminianos organizarem a rotina (Imagem: Katyau | Shutterstock)

Gêmeos

Nesta segunda-feira, o nativo de Gêmeos estará voltada para a rotina. Com isso, será um bom momento para organizar os afazeres de forma que encontre satisfação neles. O dia também tenderá a ser movimentado, portanto, será essencial estabelecer prioridades, evitando assumir mais compromissos do que conseguirá cumprir, pois isso poderá sobrecarregá-lo(a) e afetar sua saúde.

Os nativos de Câncer poderão se apaixonar com mais facilidade, mas deverão tomar cuidado com os impulsos (Imagem: Katyau | Shutterstock)

Câncer

Você tenderá a sentir tudo de maneira intensa, pois buscará nutrir o amor-próprio e aquilo que lhe proporciona a sensação de ser especial. Seu coração também baterá mais forte, aumentando a chance de se apaixonar com facilidade, seja por alguém ou por algo novo. No entanto, tome cuidado com os impulsos, pois eles poderão levá-lo(a) a agir de maneira egoísta.

Os nativos de Leão terão uma segunda-feira voltada para o recolhimento (Imagem: Katyau | Shutterstock)

Leão

Após alguns dias movimentados, nesta segunda-feira, você irá desacelerar e passar mais tempo em casa, na companhia dos familiares. Será um bom momento para assimilar as experiências vividas, conectar-se com suas memórias e cuidar tanto das emoções quanto das relações mais íntimas.

A segunda-feira dos nativos de Virgem será agitada, com o desejo de sair de casa e conhecer novas pessoas (Imagem: Katyau | Shutterstock)

Virgem

Hoje, você tenderá a buscar mais movimento na vida social, sentindo-se atraído(a) por qualquer lugar fora de casa. O desejo de conhecer novas pessoas, explorar novos lugares e diversificar os assuntos estará em alta. Além disso, será um momento propício para refletir sobre a forma como tem nutrido sua mente. Ao longo desse processo, no entanto, perceberá como as emoções podem interferir na clareza mental.

O setor financeiro será o foco dos nativos de Libra nesta segunda-feira (Imagem: Katyau | Shutterstock)

Libra

Nesta segunda-feira, o libriano se dedicará mais aos cuidados com as finanças, analisando a forma como tem gerenciado o dinheiro e outros recursos materiais. Com isso, tenderá a se sentir mais impactado(a) pelos acontecimentos nessa área e a buscar maior estabilidade. No entanto, poderá enfrentar situações inesperadas, gerando reviravoltas e desconfortos.

A tendência será que os nativos de Escorpião tenham mais energia para cuidar da autoestima e dar andamento aos projetos (Imagem: Katyau | Shutterstock)

Escorpião

Após um período mais introspectivo, hoje você tenderá a ter mais energia para dar andamento aos projetos, além de cuidar da autoestima e do bem-estar. No entanto, poderá se deparar com situações que trarão à tona dores e medos profundos, gerando desconforto e levando-o(a) a agir de maneira radical.

A segunda-feira será propícia para os nativos de Sagitário se dedicarem a causas sociais (Imagem: Katyau | Shutterstock)

Sagitário

Hoje, o nativo de Sagitário se envolverá mais nas relações sociais. Além disso, o desejo de ajudar quem precisa estará bastante presente, tornando o momento propício para se dedicar a causas comunitárias alinhadas aos seus ideais. No entanto, poderá enfrentar situações que trarão à tona medos e dores profundas, levando-o(a) a agir com rebeldia.

Os nativos de Capricórnio se envolverão bastante com o setor profissional (Imagem: Katyau | Shutterstock)

Capricórnio

Nesta segunda-feira, você se envolverá mais com o trabalho e com os cuidados voltados para o futuro. Com isso, poderá se aproximar de pessoas que abrirão portas para a sua carreira. Todavia, haverá a chance de se deparar com reviravoltas e situações inusitadas, o que aflorará medos e dores profundas, levando-o(a) a agir de forma radical.

Hoje, os nativos de Aquário terão mais energia para ir em busca dos sonhos (Imagem: Katyau | Shutterstock)

Aquário

Hoje, o nativo de Aquário terá mais energia e otimismo para buscar seus sonhos e tudo o que lhe traz a sensação de crescimento. No entanto, poderão surgir situações que aflorarão inseguranças e medos profundos, gerando bastante desconforto. Portanto, procure acolher esses sentimentos e prepare-se para possíveis reviravoltas.

Os nativos de Peixes deverão acolher os sentimentos e compreender alguns padrões nocivos (Imagem: Katyau | Shutterstock)

Peixes

Hoje, você tenderá a se deparar com situações que aflorarão dores e medos profundos, gerando bastante desconforto. Será o momento de acolher esses sentimentos, compreendendo os padrões nocivos que tem nutrido e dedicando-se a abandoná-los. Procure também realizar profundas limpezas emocionais, abrindo espaço para que o novo chegue à sua vida.

Tarifaço desrespeita a OMC, diz presidente da Abiquim

O movimento do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, de taxar produtos estrangeiros, utilizando-se de tarifas maiores que os limites acordados pela Organização Mundial do Comércio (OMC), segue colocando o comércio internacional em xeque. Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro, todo país tem o direito de defender sua nação e indústria interna, desde que seja feito dentro dos acordos internacionais.

Em entrevista aos jornalistas Edla Lula e Pedro Grigori, no Podcast do Correio, Cordeiro analisa que a situação do tarifaço de Trump é “um processo de disputa geopolítica e geoeconômica”, mas alguns atores envolvidos não estão pensando no efeito que isso pode causar ao planeta como um todo. Ele compara a situação à taxação realizada pelo Brasil em cima do aço, alumínio e produtos de papel.

“O imposto de importação deve ser elevado até o limite permitido pela Organização Mundial de Comércio. Quem passar desse teto, está desrespeitando a regra da OMC, que foi acordada por todo o mundo numa mesa de negociação. É o que o governo americano está fazendo, quando impõe 25%, 35%, 32,5% ao imposto de importação de vários produtos químicos nos Estados Unidos. O Brasil não fez isso. O Brasil age dentro das regras permitidas no direito internacional”, explicou.

Porém, em meio à disputa comercial internacional, o especialista lamentou o fato de a indústria química brasileira — a sexta maior do mundo e responsável por 11,2% do PIB (Produto Interno Bruto) industrial — estar enfrentando importações predatórias. registrando um deficit, na balança comercial, de US$ 48,7 bilhões em 2024 e uma redução do faturamento de 2,3%. Dados da Abiquim apontam que a importação de produtos químicos para o Brasil disparou, com um crescimento de 16%, em volume, e atingindo o pior nível da história, em termos de ociosidade da indústria — quando um país produz abaixo da sua capacidade.

“É como em casa. Eu tenho que pagar a luz, eu tenho que pagar a comida, eu tenho que pagar o aluguel da casa, eu tenho uma série de despesas. O que acontece quando esses custos são maiores do que eu posso pagar? Entra no vermelho e a família começa a entrar em crise. A gente começa a ter que apertar daqui, aperta dali. Em alguns casos, a família pode entrar em colapso, inclusive porque não consegue se sustentar. Então, como é empresa é a mesma coisa”, afirmou Cordeiro.

Por outro lado, no início desta semana, o governo federal celebrou um ano da Nova Indústria Brasil (NIB). Na cerimônia, o vice-presidente Geraldo Alckmin citou investimentos na ordem de R$ 3 trilhões para a indústria de modo geral, proposta bem avaliada pelo presidente da Abiquim.

Para Cordeiro, o NIB pode ser um marco para a política industrial brasileira, como foram os Planos Nacionais de Desenvolvimento (PNDs), criados durante a ditadura militar, momento em que surgiram os pólos petroquímicos brasileiros.

A partir disso, para Cordeiro, a NIB poderá complementar outra política já existente, o Regime Especial da Indústria Química (REIQ), e ingressar a indústria brasileira num patamar internacionalmente mais competitivo.

*Estagiário sob a supervisão de Edla Lula

Fórum ressalta importância de agenda ambiental e inclusiva na economia

Expoentes da economia nacional, com uma participação de quase 10% do Produto Interno Bruto, os setores de seguros e de franquias têm potencial para dar uma contribuição ainda mais relevante ao crescimento econômico do país. Para proporcionar mais benefícios à sociedade, no entanto, é necessário consolidar os importantes marcos regulatórios aprovados recentemente e afastar a insegurança jurídica. Assim será possível obter novas conquistas, como ampliação da cobertura securitária da população brasileira e novas oportunidades de negócios.

Essas são algumas das conclusões do CB Fórum, realizado ontem, na sede do Correio Braziliense. Com o tema Alavancas de Crescimento Econômico: perspectivas e diálogo entre os setores de seguros e franquias, o evento reuniu autoridades do Judiciário e do Executivo, além de chefes de agências reguladoras e representantes do mercado de seguros e franquias. O CB Fórum teve apoio da Prudential do Brasil e apoio institucional da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg).

Decano do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes destacou que o Brasil tem potencial para se tornar economicamente próspero, sem deixar de lado a proteção do meio ambiente, garantida pela Constituição Federal de 1988.

“Não escapa a nenhum de nós aqui presentes as potencialidades do Brasil para se tornar um país economicamente próspero, socialmente justo e ambientalmente equilibrado. Setores privados da economia, passando por atividades industriais de ponta, até serviços prestados ao mercado brasileiro, não são poucos os caminhos que já trilhamos para gerar riqueza e prosperidade”, destacou o magistrado.

O ministro destacou que a responsabilidade sobre o meio ambiente é de todas as gerações. “O Brasil precisa dar mais um passo nesse processo a fim de assegurar que a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento econômico sejam conjugados com a concretização da fraternidade plasmada na justiça climática e a responsabilidade intergeracional”, ressaltou.

Gilmar Mendes observou que o mercado de seguros também está atento à questão da sustentabilidade. “A proteção ambiental precisa se atualizar diante de uma mudança climática que já nos dá sinais de um futuro que se aproxima a passos rápidos. Especificamente no mercado de seguro, as principais empresas do setor têm percebido a agenda ambiental, social e de governança. Assim o mercado tem assumido um papel estratégico, tornando-se um agende indutor de práticas sustentáveis”, finalizou.

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, apontou a agenda de desenvolvimento sustentável como o principal pilar e oportunidade para o crescimento econômico brasileiro. “A grande oportunidade de desenvolvimento do Brasil está na agenda do desenvolvimento sustentável”, disse.

Mello descreveu um panorama do cenário macroeconômico e apontou as estratégias necessárias para um crescimento equitativo, equilibrado e sustentável. Segundo ele, há três grandes eixos estruturantes, além de medidas no ambiente de negócios.

O economista mencionou o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), no âmbito da infraestrutura; o Nova Indústria Brasil, plano governamental de implantação da nova política industrial; e o Plano de Transformação Ecológica, conjunto de políticas públicas que visa promover o desenvolvimento sustentável do Brasil.

“Esses três planos dialogam e se articulam entre si. E é isso que compõe uma estratégia de desenvolvimento, onde você consegue olhar para o conjunto da economia”, destacou.

O secretário enfatizou ainda que um crescimento econômico sustentável precisa necessariamente combinar inclusão social e sustentabilidade ambiental. “A combinação de um cenário macroeconômico mais estável, mais amigável ao investimento, além de uma série de planos, estratégias e instrumentos que vão abarcar um conjunto amplo de setores da economia brasileira, é o que vai permitir ao Brasil aproveitar, criar e impulsionar o crescimento econômico sustentável”, sustentou.

Por sua vez, o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Uallace Moreira Lima, argumentou que o país depende de políticas perenes e estruturantes para se desenvolver. “Nenhum país do mundo consegue crescimento sustentável inclusivo com programas de governo — porque governo passa — mas com programas de Estado”, comentou.

O secretário do Mdic destacou que projetos como o Novo PAC, a reforma tributária e o Marco das Garantias são decisivos para um crescimento econômico “robusto, sustentável e inclusivo”.

Citando o crescimento da indústria nacional, Moreira Lima mencionou a existência de bases econômicas para expansão do setor de seguros e de franquias. “Sem esses dados, não existe mercado de seguros, e não existe mercado de franquias”, pontuou o secretário.

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Artigo: Dominância fiscal ou dominância reputacional?

Benito Salomão*

Em dezembro, os preços financeiros passaram por uma intensa volatilidade. Naquele período, leu-se na imprensa que esse comportamento estava relacionado com a dinâmica da política fiscal, após o fatídico anúncio da isenção do Imposto de Renda para contribuintes cuja renda é inferior a R$ 5.000. Aquele contexto, já revertido nas primeiras semanas de 2025, estimulou o debate sobre uma eventual dominância fiscal no país. Tem sido muito comum, na última década, diagnosticar dominância fiscal como a causa de todas as turbulências. Isso leva, fatalmente, à banalização do conceito.

O conceito de dominância fiscal é de Sargent e Wallace (1981). Antes dessa contribuição, prevalecia no debate econômico a ideia de Friedman (1970, pág. 24) de que a “inflação é sempre e em todo lugar um fenômeno monetário”. Essa hipótese esteve calcada na tradicional visão monetarista, observada nos clássicos modelos de Curva de Phillips, cujos resultados de política supunham que a política monetária seria eficiente e suficiente para desinflacionar uma economia. Foram Sargent e Wallace que, pela primeira vez, demonstraram, a partir da formulação do conceito de dominância fiscal, que a inflação pode ter causas fiscais.

A tese dos autores é a de que a economia pode se organizar em dois regimes de coordenação entre as políticas fiscal e monetária. Se a política fiscal é intertemporalmente equilibrada, tal como nos modelos de Equivalência Ricardiana de Barro (1974), há dominância monetária, o que significa dizer que a inflação responde aos estímulos ou desestímulos da política monetária tal qual o observado no modelo monetarista. Por outro lado, se há subordinação da política monetária à fiscal, de forma que os deficits contraídos obriguem a autoridade monetária a financiá-los por via das receitas de senhoriagem (emissão monetária), há dominância fiscal e o BC perde o controle sobre a inflação.

Neste sentido, para que haja dominância fiscal, é condição sine qua non se verificar simultaneamente: 1) déficits; 2) receitas de senhoriagem e; 3) inflação. A economia brasileira vem operando em déficits sistemáticos desde 2014, ano da crise das pedaladas fiscais. No entanto, esses déficits não têm sido financiados via senhoriagem, mas sim pela emissão da dívida pública que cresceu fortemente entre 2014 e 2022. Porém, uma dívida pública elevada não configura dominância fiscal no sentido clássico. Muitos economistas têm confundido o conceito clássico de dominância fiscal com as abordagens mais contemporâneas da Teoria Fiscal do Nível de Preços (TFNP) de Cochrane (2021). Existem pontos de semelhança entre as duas abordagens, mas não pode se dizer que são a mesma coisa.

Na TFNP, a inflação é causada quando as expectativas dos resultados primários são insuficientes para estabilizar o endividamento público, indicando que no futuro a dívida seria monetizada (paga via emissão monetária) resultando em uma expansão da inflação já no presente. Encontrar o ponto de monetização dessa dívida, no entanto, não é tarefa simples.

Ademais, mesmo a TFNP, que incorpora a dívida pública como uma variável importante na determinação da inflação, não parece ser o caso no Brasil. Nos últimos dias, o IBGE divulgou a inflação relativa a janeiro, os 0,16% de elevação dos preços foi a menor taxa para este mês desde o plano Real. É bem verdade, que este dado contrasta com uma inflação acumulada acima da meta, porém não se trata de uma inflação crônica, nem explosiva, tão pouco tem cara de ter causas fiscais. É preciso lembrar que o deficit do governo central de 0,09% em 2024, foi o menor dos últimos 10 anos e é possível que haja um pequeno superavit em 2025.

Essa inflação, que vem performando acima da meta desde a saída da pandemia, teve seu impulso inicial atrelado à gargalos em cadeia de suprimentos (um choque de oferta clássico). De lá para cá, consecutivos choques como a eclosão da guerra na Europa em 2022 e os choques climáticos que vêm afetando preços de commodities em vários locais do mundo têm contribuído, cada um ao seu tempo, para tornar essa inflação resiliente.

Some-se a isto os consecutivos alongamentos do horizonte de convergência para a meta produzidos pelo BCB durante este período, o que certamente tem contribuído para a banalização da meta. Em suma, não há dominância fiscal no Brasil, há sim uma dominância reputacional de uma política monetária que tem sido ineficaz em cumprir seu principal mandato, o de produzir a convergência da inflação para a sua meta.

*Professor do Instituto de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia (IERI-UFU)

CNI: Possíveis impactos das tarifas de Trump causam enorme preocupação

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) manifestou “enorme preocupação” em seu posicionamento oficial sobre as tarifas contra aço e alumínio anunciadas ontem pelo governo de Donald Trump. Após observar que as exportações industriais são essenciais ao crescimento econômico e ao fortalecimento da competitividade do Brasil, a entidade disse também que a barreira a esses produtos nos Estados Unidos causa apreensão ao setor.

“A medida atinge diretamente a indústria brasileira e os possíveis impactos dela decorrentes causam enorme preocupação ao País”, comenta a CNI no texto em que lamenta a decisão de Trump de taxar o aço e o alumínio com alíquotas de 25%. A medida atinge o Brasil, um dos maiores fornecedores de produtos siderúrgicos ao mercado americano.

Opondo-se à retaliação, reposta que aumentaria o custo das importações no Brasil de insumos fornecidos pelos EUA, a CNI diz que vai trabalhar, junto com o governo brasileiro, a favor de diálogo e alternativas para reverter a primeira ação de Trump que atinge produtos da indústria de transformação brasileira. Os Estados Unidos são o principal destino de exportação do setor, especialmente nos produtos com maior intensidade tecnológica. “Essa medida é prejudicial tanto para a indústria brasileira quanto para a norte-americana. Lamentamos a decisão e vamos atuar em busca do diálogo para mostrar que há caminhos para que seja revertida”, declarou o presidente da CNI, Ricardo Alban.

A exemplo da posição da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a CNI frisou que o Brasil não representa uma ameaça comercial aos Estados Unidos, citando a balança comercial superavitária do lado americano desde 2008. Além disso, a entidade lembra que as exportações brasileiras, em especial no caso do aço, são complementares, e não concorrentes, à cadeia produtiva americana.

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Assim, emenda, uma consequência direta da medida será o aumento de custos para a indústria dos EUA, já que a substituição das importações por produção local será inviável no curto prazo.

A CNI também repete em seu posicionamento a preocupação manifestada pela Associação Brasileira do Alumínio (Abal) em relação aos efeitos indiretos das barreiras que estão sendo levantadas por Trump. Isso porque produtos de outras origens que perderem acesso ao mercado americano poderão ser desovados a preços considerados desleais em novos destinos – entre eles, o Brasil.

“O caminho do diálogo, portanto, é preferencial a medidas de retaliação que podem prejudicar outros setores produtivos cuja importação de produtos norte-americanos seja importante para a produção brasileira”, conclui Alban.

Trump assina decreto que institui tarifa de 25% sobre aço e alumínio importado

O governo dos Estados Unidos anunciou oficialmente, na noite desta segunda-feira (10/2), a imposição de novas tarifas de 25% sobre a importação de aço e alumínio para o país. A medida tem impacto direto na balança comercial brasileira, visto que o Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA, com mais de 4 mil toneladas comercializadas somente em 2024.

A Associação Brasileira do Alumínio (Abal) afirma que o Brasil obteve US$ 796 milhões com a exportação do produto para os EUA em 2024, o que corresponde a 14% de todas as exportações neste setor. Os dados constam no anuário da entidade.

O decreto foi assinado pelo presidente Donald Trump, que já havia adiantado a medida nesta segunda-feira. Em 2018, durante o primeiro mandato do republicano, os EUA colocaram uma taxa de 25% sobre todas as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio, excluindo os vizinhos Canadá e México, dois dos principais fornecedores desses produtos. Além disso, o governo norte-americano permitiu que outros países solicitassem inclusão em uma lista de exceção.

O governo do então presidente Michel Temer decidiu fazer a solicitação e o pedido foi aprovado. Após isso, os EUA estabeleceram um sistema de cotas para as exportações brasileiras, que permitia a exportação de produtos de aço ou alumínio semiacabados até que se atingisse um volume equivalente à média das exportações de 2015 a 2017. Para produtos acabados, o limite de exportação era 30% inferior do que a média das exportações do mesmo período.

Apesar disso, Trump tentou aplicar a taxação integral sobre o aço brasileiro em outras duas oportunidades: em 2019 e em 2020. Na primeira, o republicano acusou o governo do então presidente Jair Bolsonaro de desvalorizar o real para estimular a compra de produtos brasileiros. Já na segunda vez, Trump aumentou as restrições sobre as cotas de exportação dos produtos brasileiros, reduzindo em cerca de 80%. Nas duas ocasiões, houve negociação para evitar o aumento das tarifas.

Quase cinco anos depois, com Trump de volta ao poder, o governo dos EUA decreta oficialmente as tarifas de 25% sobre importações tanto do aço quanto do alumínio, o que pode causar prejuízos para a balança comercial de alguns países, como México, Canadá, Coreia do Sul, além do próprio Brasil, que são os principais exportadores desses produtos para os Estados Unidos.

No ano passado, as exportações de aço do Brasil para o país norte-americano superaram o fornecimento do mesmo material pelo México. Com isso, o país assumiu o segundo lugar como principal exportador do produto para os EUA, atrás somente do Canadá. Em 2023, os EUA adquiriram 18% de todas o fornecimento de ferro fundido, ferro ou aço do Brasil para outros países, de acordo com dados do governo federal.

Balança comercial tem superavit de US$ 2,2 bi em janeiro

O saldo da balança comercial no último mês de janeiro foi positivo em US$ 2,2 bilhões, com as exportações atingindo US$ 25,2 bilhões e as importações somando US$ 23 bilhões. Apesar do superavit, a balança teve um resultado bastante inferior se comparado a um ano antes. Em janeiro de 2024, o saldo foi de US$ 6,2 bilhões, o que indica que, na comparação entre os dois meses, houve uma queda de 65,1% no resultado do comércio exterior.

A queda brusca das exportações se deve principalmente à diminuição do valor obtido com a venda de produtos agropecuários e da indústria extrativa, respectivamente, de 10,1% e 13,6%. No caso do agro, houve queda tanto de valor quanto de volume exportado no mês. Já a indústria de transformação ficou estável em relação ao valor comercializado, com uma ligeira baixa no volume destinado à exportação.

Entre as importações, houve um aumento expressivo tanto de volume quanto de valor comercializado entre os bens de capital e bens intermediários. Entre os combustíveis, apesar do aumento do volume exportado, houve uma queda de preço, resultado da desvalorização destes produtos em relação ao ano anterior.

Em 2024, o superavit da balança comercial chegou a US$ 74,17 bilhões, com crescimento de 9,2% das importações e queda de 0,8% das exportações. No ano passado, a agropecuária também contribuiu para a queda mais intensa das exportações.

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Exportações de soja registram queda de 70%

No primeiro mês do ano, o valor obtido com as exportações de soja — principal commodity produzida no país — registraram uma queda impressionante de 70,1% em relação a janeiro de 2024. Em relação ao volume exportado, a queda foi de 62,4%. Para o diretor do departamento de planejamento e inteligência comercial do Ministério do Desenvolvimento, Herlon Alves Brandão, a queda expressiva é resultado de uma mudança no período de colheita da soja.

“No ano passado, nós vimos os embarques de soja se concentrarem mais nos primeiros meses. Em janeiro, já teve um embarque significativo, embora não seja um mês de pico. E, neste ano, observamos que, provavelmente, no caso da soja, os maiores volumes vão ocorrer mais para frente no ano, o que influencia esse resultado da agricultura”, explica Brandão.

Medidas para baratear comida demoram e não beneficiariam Lula neste mandato, diz economista

O governo Lula deve agir para conter a alta dos preços dos alimentos, mas se tomar as medidas que precisam de fato ser tomadas, não deve colher os frutos disso ainda neste mandato, já que são políticas com impacto de médio a longo prazo.

Essa é a avaliação de André Braz, coordenador de Índices de Preços na Fundação Getulio Vargas (FGV) e um dos principais especialistas em inflação do país.

“O assunto é urgente, mas o aumento do preço dos alimentos não aconteceu de ontem para hoje”, observa Braz, lembrando que a inflação de alimentos acumulada desde 2020 é de 55%, comparado a uma inflação geral de 35% neste mesmo período — uma diferença significativa.

“Estamos correndo o risco de ter mais um ano — 2025 — com a inflação de alimentos acima da inflação média, sendo o Brasil um dos maiores produtores de alimentos no mundo”, afirma.

“Então, dizer que uma solução fácil vai resolver esse problema, não vai. Taxar exportações ou criar uma política diferente para o vale-refeição não vai resolver o problema da alimentação”, diz o economista, citando algumas das medidas que vêm sendo debatidas nas últimas semanas, em meio à preocupação crescente do governo Lula com o preço da comida na mesa dos brasileiros.

A inflação de alimentos fechou 2024 em alta de 7,69%, bem acima do avanço de 4,83% da inflação geral, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Itens essenciais como café (que ficou 39,6% mais caro no ano passado), óleo de soja (29,2%), carne (20,8%) e leite longa vida (18,8%) puxaram a alta de preços, apontada por analistas como um dos principais fatores na recente perda de popularidade de Lula.

Carne, café e óleo de soja estão entre os alimentos cujos preços dispararam

No fim de janeiro, pela primeira vez, uma pesquisa Genial/Quaest mostrou a desaprovação de Lula (49%) superando a aprovação (47%). No mesmo levantamento, 83% dos entrevistados disseram sentir que o preço dos alimentos no mercado subiu no último mês e 63% afirmaram ser contra a mudança no sistema de validade dos alimentos — medida proposta pelo setor supermercadista para baratear alimentos e já descartada pelo governo após forte repercussão negativa.

Na quarta-feira (5/2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) buscou minimizar a gravidade do quadro inflacionário, mas reforçou a preocupação do governo com a questão dos alimentos.

“Nós levamos a inflação muito a sério e ela está razoavelmente controlada”, afirmou Lula, em entrevista a rádios de Minas Gerais.

“A nossa preocupação é apenas evitar que o preço dos alimentos continue prejudicando o povo brasileiro e, por isso, temos feito reuniões com os setores que, na nossa visão, estão com os preços mais altos”, completou o presidente, citando como exemplo o setor de carnes.

O que é possível fazer para baratear os alimentos

Na semana anterior, o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Paulo Teixeira, citou entre as medidas em estudo pelo governo a redução de juros para produtores rurais, o controle de tarifas de importação e mudanças nas regras do vale-refeição e do vale-alimentação para reduzir custos.

“As duas primeiras [das medidas anunciadas por Teixeira] são as que têm maior efeito, o crédito mais em conta ao produtor rural e o controle de tarifas de importação”, avalia Braz, da FGV.

“Mas é claro que isso tem que vir com um grande debate. Proteger a agricultura nacional é importante, mas proteger sem dar competitividade a ela pode ser um desastre”, afirma o economista, explicando que o controle de tarifas de importação faz sentido particularmente em cadeias produtivas cuja base são produtores locais, como a cadeia do leite — que tem perdido produtores em meio à competição com o leite importado de países como Argentina e Uruguai.

‘Não existe fórmula mágica para baratear o preço dos alimentos’, diz Braz, da FGV

Já a taxação de exportações — já negada como possibilidade pelo governo, mas ainda tema de debates na imprensa, após reportagens afirmando que ela estaria sendo defendida por “uma ala dentro do PT” — seria uma má ideia, na visão do especialista.

“Isso poderia ser um desestímulo, que, à frente, serviria como um freio à nossa produção agrícola, e não como um estímulo ao desenvolvimento dela”, avalia Braz.

Para o especialista em inflação, medidas como as mudanças nos vales alimentação e refeição são paliativas e não resolvem o problema. Para fazer a diferença de fato, é preciso investir em infraestrutura. Leva tempo para colher resultados e eles não vão beneficiar o governo que tomar a iniciativa, mas é preciso começar a fazer isso agora, já que a tendência de alta no preço dos alimentos não deve melhorar, em meio ao avanço das mudanças climáticas.

“Não existe uma fórmula mágica para baratear o preço dos alimentos, isso vai depender de políticas em diferentes segmentos, e mais de médio e longo prazo”, diz Braz.

“São investimentos que não vão acontecer da noite para o dia, mas que precisam começar já, e não podem pertencer à agenda de um governo só. São projetos estratégicos para o país, então independente se eles [os governos] são de direita ou de esquerda, eles têm que ter continuidade, é uma agenda contínua.”

É fundamental baratear o custo do transporte, investindo em modais mais baratos, como a cabotagem e o transporte fluvial, defende economista

O primeiro investimento a ser feito, segundo Braz, é em baratear o custo de transporte da produção agrícola, incentivando modais mais baratos, como o fluvial, para reduzir a dependência do transporte rodoviário, que é o mais caro de todos.

“Outra questão é como a gente aproveita nossas safras, pois batemos recorde em safra, mas também batemos recordes em desperdício, e boa parte desse desperdício tem a ver com a armazenagem de grãos”, diz Braz. “Então investir em silagens, em locais onde a infraestrutura permita fazer com que esse grão se mantenha útil pelo maior tempo possível, é necessário, é fundamental.”

Por fim, diz o economista, é preciso incentivar o pequeno produtor rural — que produz culturas fundamentais como o feijão, essencial na mesa do brasileiro — para além do acesso a crédito barato.

“Tem que dar assistência técnica, treinar essa pessoa, dar capacitação — como é que ele produz mais com a mesma quantidade de terra, que tipo de semente ele pode usar —, então essa é uma outra parte, além do crédito — de tecnologia. Investir em ciência é fundamental, só que essas pesquisas levam anos para serem concluídas, mas elas precisam começar já”, afirma o pesquisador da FGV.

Por que os preços dos alimentos não param de subir

Braz lembra que o preço dos alimentos não começou a subir agora.

Em 2020, os preços subiram como resultado da pandemia, com as famílias confinadas em casa e o impulso do auxílio emergencial contribuindo para o aumento da demanda e a alta de preços.

Em 2021, houve uma crise hídrica que afetou a agricultura e a geração de energia. Em 2022, foi a vez da guerra entre Rússia e Ucrânia, que levou a um aumento do preço das commodities.

O ano de 2023 foi uma pequena trégua, com a inflação de alimentos contida por uma safra recorde e com a ausência de efeitos climáticos fortes, o que ajudou a manter uma oferta regular de alimentos.

Inflação medida pelo IPCA

Já 2024 foi um ano de “tempestade perfeita”, diz Braz. Primeiro, houve uma desvalorização cambial aguda, que se agravou no final do ano, mas já vinha de antes.

A desvalorização cambial afeta o preço dos alimentos de três maneiras:

Ela torna os produtos brasileiros mais atraentes para a exportação, o que é bom para a balança comercial, mas reduz a oferta interna de produtos;

Também afeta o custo de importados, como, por exemplo, o trigo, o que encarece itens muito consumidos como o pão francês, biscoitos e macarrão;

Por fim, muitas commodities que o Brasil cultiva amplamente, como soja e milho, que são a base da ração animal, têm seus preços cotados em bolsas internacionais. Então quando o real se desvaloriza, o preço desses grãos sobe, afetando o custo de produção das carnes de bovinos, suínos e aves.

Em 2024, também contribuiu para a alta dos alimentos o bom momento do mercado de trabalho.

“Atingimos uma taxa de desemprego muito baixa, de 6,2% [em dezembro de 2024], o que é louvável e algo a se comemorar”, diz Braz

“Mas a demanda fica mais aquecida nesse cenário: tem mais gente comprando e, pela lei da oferta e da procura, há uma pressão de preços em função disso.”

Também houve muitos desafios climáticos no ano passado, com o El Niño encerrando seu ciclo com as chuvas que inundaram o Rio Grande do Sul, e depois o La Niña trazendo seca na região e chuva excessiva em outras partes do país.

Tudo isso afetou os ciclos agrícolas e a oferta de alimentos.

Cultura do café foi prejudicada por uma seca histórica no Brasil em 2024, que contribuiu para levar os preços do produto às alturas

Por fim, Braz observa que, além de o câmbio desvalorizado ter incentivado uma exportação recorde de carne bovina em 2024, esse mercado também foi afetado pelo ciclo pecuário.

Por conta da queda do preço do boi em 2023, os produtores aumentaram o abate de fêmeas. Isso gera caixa para o produtor e aumenta temporariamente a oferta de carne, mas reduz o rebanho no médio prazo, já que são as fêmeas (chamadas de matrizes) que produzem os bezerros. Essa redução de oferta de bois no pasto empurra os preços da carne para cima, que foi o que aconteceu em 2024.

E a alta de preços deve se manter em 2025, já que leva tempo para recompor os rebanhos.

“Para 2025, boa parte dos efeitos que tivemos no ano passado [sobre a inflação] vão continuar, porque há alimentos que têm um ciclo mais longo. Então a carne deve continuar cara. O café, que depende de um ciclo bianual, deve continuar caro, porque 2025 é ano de ciclo mais fraco”, diz Braz.

Por outro lado, a expectativa de um ano sem grandes complicações climáticas e com safra 10% maior pode ajudar a inflação de alimentos a subir um pouco menos esse ano. Mas não há nenhuma expectativa de que os preços voltem a cair.

“É provável que os alimentos subam [em 2025], mas quem sabe menos do que no ano passado, algo em torno de 5% a 6%. Já seria uma alta expressiva, mas abaixo do que foi em 2024”, prevê o economista.

Juro alto ajuda a conter uma inflação puxada pelo preço dos alimentos?

Para além das medidas de longo prazo, Braz defende que o governo pode contribuir para o controle da inflação através de um discurso mais alinhado de controle das contas públicas.

“Quando a política fiscal não é contracionista, ela não favorece a desaceleração da inflação, porque se o Estado está gastando mais, ele está contribuindo para manter a inflação mais alta”, explica.

“Não é que o Estado tem que cortar seus gastos com uma foice gigante, mas ele tem que mostrar que está comprometido com isso”, afirma.

‘Se o Estado está gastando mais, ele está contribuindo para manter a inflação mais alta’, diz economista da FGV

O economista observa que os juros altos sozinhos não são capazes de conter uma inflação que é puxada pela alta nos preços dos alimentos.

Ele lembra que o peso dos alimentos no IPCA é de 18%, mas que o índice mede a inflação para famílias com renda até 40 salários mínimos. Para famílias com renda até 5 salários mínimos, esse peso é maior, de até 25%. E famílias com renda até um salário mínimo gastam quase 100% de seus recursos com alimentação.

“Dado que a alimentação pesa muito na inflação, e a nossa política fiscal está enfraquecida, a gente está buscando estabilizar a inflação mais via política monetária, isso faz com que a gente tenha que subir juros, mas correndo atrás do rabo, como se você estivesse combatendo fogo com fogo”, afirma Braz.

“Você não consegue reduzir o preço dos alimentos quando o problema é de oferta, como foi no ano passado, que teve problemas climáticos, aumento de exportação, não tinha alimento suficiente, tinha uma demanda aquecida — a política monetária não é capaz de conter o avanço de preços por essas razões”, completa.

Nesse cenário, tem sido discutida a possibilidade de o Brasil entrar num quadro que é chamado pelos economistas de “dominância fiscal”, quando a política de juros de um país perde a eficácia e já não consegue conter a inflação, por conta da disparada da dívida pública.

Braz vê o risco de esse quadro se concretizar como pequeno. Segundo ele, ainda dá tempo de evitar isso, com um maior alinhamento entre política fiscal e monetária.

Quais setores da economia dos EUA serão afetados por retaliação da China à tarifas de Trump

A China anunciou nesta terça-feira (4/2) uma série de tarifas sobre produtos dos Estados Unidos em retaliação às tarifas sobre produtos chineses impostas pelo presidente americano, Donald Trump.

As tarifas chinesas, que entram em vigor na próxima segunda-feira, incluem um imposto de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito, bem como uma taxa de 10% sobre petróleo, máquinas agrícolas, caminhonetes e alguns carros de luxo.

Tarifas de 10% sobre todas as importações da China para os EUA começaram a ser aplicadas na manhã desta terça-feira (4/2).

Trump alega que as tarifas em cima de produtos chineses é uma resposta ao déficit comercial com o país asiático e uma forma de forçar a China a interromper o fluxo da droga fentanil para os EUA.

Por sua vez, o governo de Pequim acusou Washington de violar as regras do comércio internacional.

“A imposição unilateral de tarifas pelos EUA é uma violação grave das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Não só não ajuda a resolver seus próprios problemas, como também prejudica a cooperação e o comércio normais entre a China e os EUA”, diz o comunicado chinês.

A nota também descreve a ação como “um exemplo típico de unilateralismo e protecionismo comercial”.

O ministério do Comércio da China anunciou que apresentará uma queixa à OMC para intervir a fim de “salvaguardar seus direitos e interesses legítimos”.

Em outra medida, o órgão regulador da concorrência da China disse que iniciou uma investigação sobre o Google, por suspeita de violação de leis antitruste.

Energia, petróleo, máquinas e carros

As retaliações da China são limitadas em escopo em comparação com os impostos de Donald Trump sobre todos os produtos chineses que vão para os EUA.

Pequim direcionou seus esforços contra diferentes partes da economia americana, de energia a empresas individuais.

Poucos minutos após as medidas comerciais de Trump entrarem em vigor, a China disse que implementaria uma tarifa de 15% sobre produtos de carvão e gás natural liquefeito, bem como uma tarifa de 10% sobre petróleo bruto, máquinas agrícolas e carros de motor grande importados dos EUA.

As tarifas devem entrar em vigor na próxima segunda-feira (10/2).

No entanto, o impacto nos EUA pode ser limitado. O país é o maior exportador de gás natural liquefeito globalmente, mas a China responde por apenas cerca de 2,3% dessas exportações.

E as maiores importações de carros da China são da Europa e do Japão.

Para a correspondente da BBC na China, Laura Bicker, essas medidas podem ser apenas o começo da estratégia de Pequim — uma maneira de ganhar algum poder de barganha antes de quaisquer negociações. Mas corre-se o risco de elas desencadearem uma guerra comercial ainda maior.

Trump desencadeou disputas tarifárias com a China ao anunciar aumento de tarifas

Com os anúncios, Pequim deixou claro que não se intimidará com um confronto comercial com Washington.

Não é a primeira vez que isso acontece entre as duas principais potências econômicas do mundo, que já estiveram envolvidas em uma guerra tarifária durante o primeiro mandato de Trump, em 2018.

Na época, Trump estava implementando sua chamada agenda “América em Primeiro Lugar”, impondo tarifas sobre produtos estrangeiros. Centenas de bilhões de dólares em produtos chineses enfrentaram novos impostos ou tarifas mais altas, provocando retaliações de Pequim.

Durante o governo de Joe Biden, Washington manteve as tarifas e até aumentou algumas delas. Biden adotou uma estratégia mais focada em alta tecnologia, com mais tarifas e restrições a produtos como semicondutores e veículos elétricos.

Apesar das tensões, as duas grandes economias estão profundamente interligadas.

Ambos os países são parceiros comerciais importantes. As importações da China para os EUA atingiram US$ 401 bilhões nos primeiros 11 meses do ano passado, enquanto a China importou o equivalente a US$ 131 bilhões dos EUA.

Donald Trump está lidando com uma China muito diferente desta vez.

Maior potência de manufaturados do mundo, a China é o principal parceiro comercial de mais de 120 países — os EUA são apenas um deles.

Nas últimas duas décadas, a China também reduziu constantemente a importância do comércio para sua economia e aumentou a produção doméstica. Hoje, as importações e exportações representam apenas cerca de 37% do PIB da China, em comparação com mais de 60% no início dos anos 2000, de acordo com o Conselho de Relações Exteriores.

A tarifa de 10% de Trump vai afetar a economia chinesa, mas Pequim tem capacidade para absorver o impacto por um tempo.

Segundo Laura Bicker, o temor da China é que Trump esteja falando sério sobre aumentar essa porcentagem para os 60% que prometeu durante sua campanha.

Mercado eleva estimativas para inflação em 2025 e 2026

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve apresentar uma escalada maior nos próximos dois anos, de acordo com estimativas do mercado financeiro divulgadas, nesta segunda-feira (3/2), pelo Banco Central, no Boletim Focus. De acordo com o relatório, os analistas preveem uma inflação acumulada de 5,51% ao fim de 2025 e de 4,28%, nos 12 meses de 2026.

Na comparação com a semana anterior, o Focus elevou em 0,01% a previsão para o IPCA de 2025, enquanto que, para o ano seguinte, a estimativa avançou 0,06%, na comparação com o relatório divulgado no último dia 27 de janeiro.

Na edição publicada hoje, os analistas mantiveram a previsão de crescimento econômico, pelo PIB total, de 2,06% em 2025, e de 1,72% em 2026.

Também ficou inalterada a estimativa do câmbio do dólar comercial, que deve encerrar este ano e o próximo no patamar de R$ 6, de acordo com o relatório; e da Selic, em 15% para 2025 e 12,5% para o ano seguinte.

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Mercado eleva estimativas para inflação em 2025 e 2026

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve apresentar uma escalada maior nos próximos dois anos, de acordo com estimativas do mercado financeiro divulgadas, nesta segunda-feira (3/2), pelo Banco Central, no Boletim Focus. De acordo com o relatório, os analistas preveem uma inflação acumulada de 5,51% ao fim de 2025 e de 4,28%, nos 12 meses de 2026.

Na comparação com a semana anterior, o Focus elevou em 0,01% a previsão para o IPCA de 2025, enquanto que, para o ano seguinte, a estimativa avançou 0,06%, na comparação com o relatório divulgado no último dia 27 de janeiro.

Na edição publicada hoje, os analistas mantiveram a previsão de crescimento econômico, pelo PIB total, de 2,06% em 2025, e de 1,72% em 2026.

Também ficou inalterada a estimativa do câmbio do dólar comercial, que deve encerrar este ano e o próximo no patamar de R$ 6, de acordo com o relatório; e da Selic, em 15% para 2025 e 12,5% para o ano seguinte.

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Especialistas analisam cenário nacional envolvendo mulheres em cargos de liderança

A área jurídica é historicamente dominada por homens, apesar de as mulheres serem maioria nos cursos de direito e nos exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Segundo um estudo da Associação Brasileira de Jurimetria (ABJ), apenas 30% das mulheres advogadas ocupam posições de chefia em escritórios de advocacia.

Juliana Daher Tesolin, 48 anos, dedicou-se ao serviço público por 18 anos, trabalha como professora de graduação e pós-graduação em direito na Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília e, atualmente, é advogada e sócia do escritório Campbell Marques e Tesolin Advocacia. Para ela, a discrepância apontada pelo estudo é resultado de barreiras invisíveis que limitam o avanço profissional feminino, chamadas “teto de vidro”.

A advogada conta que, em audiências, não é raro que advogadas sejam interrompidas, subestimadas ou tratadas de forma condescendente por juízes, promotores ou até mesmo colegas de profissão. Nesse contexto, uma das barreiras mais difíceis de superar são os preconceitos de gênero que permeiam a advocacia, porque mulheres precisam provar continuamente a competência em ambientes majoritariamente “masculinos”.

“Entendo que superar esses desafios exige resiliência, inovação e uma abordagem estratégica para lidar com os obstáculos do mercado e as questões estruturais do país, aliados à questão de lidar com preconceitos de gênero no caso das advogadas”, observa Juliana.

No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, havia 39,3% mulheres ocupando cargos gerenciais, registrando um aumento em 3,3 pontos em relação a 2012. Mesmo com esse avanço, a participação da mulher em cargos de chefia no Brasil é considerada insatisfatória.

Estudo da empresa Teva Indices revela que mais de 56% das empresas não contam com nenhuma mulher na diretoria, no conselho fiscal ou no comitê de auditoria. Das mais de 8 mil vagas em colegiados de liderança nas empresas brasileiras listadas, apenas 15,5% são ocupadas por mulheres, com aumento de apenas 5,8% na representatividade feminina nos últimos cinco anos.

Apenas 14,8% dos assentos de conselho de administração são ocupados por mulheres, o que equivale a 336 contra 1.928 homens conselheiros. “A atenção dada à falta de diversidade de gênero nos conselhos de administração contribuiu para a diminuição do gap nesses colegiados. O olhar deve se voltar para além de apenas os conselhos de administração, a fim de promover mudanças mais amplas e significativas”, diz trecho da pesquisa.

Desenvolvido em parceria com o Fórum Global de Reykjavík, desde 2018, o Índice de Liderança de Reykjavík é a medida de como mulheres e homens são percebidos em termos de adequação à liderança. Essa é a sétima edição de coleta consistente de dados entre a Islândia e os países do G7, composta por Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos.

Uma pontuação de 100 significaria que mulheres e homens eram vistos pela sociedade como igualmente adequados para a liderança. Os resultados deste ano mostram que a Islândia continua a ter as pontuações mais altas entre os países medidos, com um índice de 87, em comparação com a média do G7, de 68. Os dados anuais mais recentes mostram um declínio ainda maior na igualdade em relação a como a sociedade vê mulheres e homens e sua adequação à liderança.

“A queda na percepção de igualdade de gênero em cargos de liderança, conforme o Índice de Reykjavík, é um reflexo de um estereótipo ainda muito presente, que associa as mulheres principalmente aos cuidados domésticos e não ao ambiente profissional. Antes, a falta de medição e visibilidade dificultava entender o problema. Hoje, com mais mulheres no mercado de trabalho, é importante que esses dados sejam visibilizados para que possamos agir e reverter essa situação”, analisa a diretora global de supply e logística Cris Zanata, fundadora do Instituto de Alterismo do Brasil (InsAB).

Carla Sabrina, professora do Instituto de Psicologia da UnB: “O desafio no Brasil está na mudança da cultura”

A professora Carla Sabrina Xavier Antloga, do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de Brasília (UnB), afirma que esse cenário é acompanhado por algumas questões, como as diferentes noções sobre a liderança. “Se paramos para analisar, temos uma igualdade numérica, mas não hierárquica, porque não é só falar de mulheres na liderança, mas, sim, saber em quais áreas elas estão e se têm autonomia sobre as decisões.”

Mesmo acreditando que houve um aumento tímido nos últimos anos, ela analisa que existem mudanças a serem feitas. “Existem momentos em que as mulheres são colocadas na gestão para cuidar de crises em fases instáveis também. A pessoa é colocada lá para mascarar que o problema foi resolvido”, frisa.

Além disso, a professora explica que a desigualdade na liderança também se reflete na predominância de homens em ciências exatas, como nas engenharias e na área tecnológica, enquanto mulheres estão mais envolvidas em áreas do cuidado e da saúde, bem como ocupam mais papéis de chefia em cargos técnicos, subordinadas a alguém.

Recentemente, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, afirmou em um podcast que as empresas precisam de mais “energia masculina”, o que acendeu uma antiga discussão sobre estereótipos de gênero. “O mais relevante não é discutir estereótipos de energia masculina ou feminina, mas reconhecer que a diversidade de perspectivas fortalece os negócios, porque ampliam o repertório de ideias e experiências. Empresas com maior diversidade de gênero nos cargos de decisão apresentam melhores resultados financeiros e maior capacidade de adaptação a cenários desafiadores. O futuro das organizações bem-sucedidas será moldado por líderes que compreendem e valorizam a pluralidade de talentos e estilos de gestão”, acredita Juana Angelin, COO da instituição financeira Koin.

De acordo com levantamento feito pelo Movimento Pessoas à Frente, com base no Painel Estatístico de Pessoal do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), as mulheres constituem apenas 45,2% do contingente de servidores federais. Em 2023, apenas 37,8% dos cargos de alta liderança no Executivo federal eram ocupados por elas.

Jessika Moreira, diretora executiva do movimento, acredita que mesmo com os desafios das mulheres serem independentes tanto na esfera privada quanto na municipal, existe um agravante específico no setor público, que tem a ver com a formulação de políticas públicas a população.

“Visto que o funcionalismo é responsável pelas políticas públicas de saúde, educação, assistência social, só teremos uma entrega de serviços à população efetiva e de qualidade se o corpo de servidores espelhar a própria população. Então, é preciso uma burocracia realmente representativa para que as decisões sejam tomadas de acordo com as reais necessidades dos cidadãos e cidadãs”, diz a porta-voz.

Para Luana Ozemela, diretora de sustentabilidade do iFood, fatores sociais estão por trás da baixa presença de mulheres em cargos de liderança

Segundo Luana Ozemela, diretora de sustentabilidade do iFood, esse cenário no setor privado tem influência de outros fatores, como a desigualdade estrutural e a influência do discurso religioso sobre pautas sociais. “Essas tendências revelam uma resistência persistente à liderança feminina, o que dificulta a consolidação de avanços legislativos em mudanças culturais mais profundas”.

A falta de modelos masculinos que apoiam lideranças femininas e a escassez de exemplos de mulheres em posições de poder em setores historicamente masculinos são fenômenos que prejudicam a igualdade de gênero. Para ela, a primeira questão “contribui para uma ansiedade de status entre jovens, que veem no avanço feminino uma ameaça a espaços que consideram ‘tradicionalmente’ seus.”

Mulheres negras também têm pouca representatividade em cargos de liderança, não só em relação à desigualdade de gênero, mas também ao racismo estrutural. Elas ocupam apenas 3% dos cargos de liderança nas empresas e 11% no funcionalismo público.

Além disso, 57% das executivas negras relatam ser as únicas mulheres negras em posições de liderança nas organizações e apenas 0,5% ocupam assentos em conselhos administrativos. Para Luana, os dados evidenciam exclusão sistêmica e a importância de ter monitoramento mais robusto e representativo sobre a realidade. “O país precisa priorizar a coleta de dados mais amplos para criar políticas direcionadas que atendam à realidade de mulheres negras no mercado de trabalho”, defende a diretora do Ifood.

Luana Ozemela defende que a desigualdade reflete as barreiras que começam na educação básica, onde meninas são menos estimuladas a ingressar em áreas técnicas, perpetuando-se no ambiente corporativo, com estereótipos que associam competência técnica e liderança ao masculino. “Essas dinâmicas limitam o avanço das mulheres em setores estratégicos e de alto impacto econômico, o que dificulta a equidade de gênero nos espaços de poder.”

Para assegurar a equidade de gênero, ela acredita que boas políticas já existem, o que falta é implementar e fazer a lei se cumprir. Além de incluir, promover o crescimento e manter as mulheres em cargos de liderança, as empresas precisam ir além da simples contratação e investir em programas estruturados de inclusão.

Carla afirma, ainda, que é preciso mudar a cultura em relação à mulher no mercado de trabalho no Brasil. “Nós estamos vivendo um momento melhor em relação aos últimos anos, mas ainda existem distâncias e pontos a serem modificados na cultura. Na Espanha, por exemplo, foram feitas campanhas de conscientização sobre o assunto, e o cenário foi mudando com o tempo”, exemplifica.

“Criar um ambiente onde as mulheres se sintam pertencentes e valorizadas é essencial para garantir sua permanência e desenvolvimento na organização. Estratégias como comunicação transparente, redes de confiança e escuta efetiva são fundamentais para esse processo, permitindo que mulheres tenham voz ativa e influência real na tomada de decisões”, afirma Cris Zanata.

Jessika acredita que a responsabilidade também deve ser de governos, empresas, setor financeiro e sociedade civil. “O governo deve liderar com políticas públicas claras, garantindo acesso igualitário à educação e ao mercado de trabalho, e as empresas precisam transformar seus compromissos em ações concretas, implementando programas de inclusão com metas claras e mensuráveis. Já o setor financeiro pode desempenhar um papel crucial ao integrar critérios de diversidade em suas estratégias de investimento, priorizando empresas com práticas inclusivas”, descreve.

*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá

Dívida bruta atinge R$ 9 trilhões em 2024 e corresponde a 76,1% do PIB, diz BC

A relação entre dívida e PIB segue em crescimento no Brasil. Ao final de 2024, a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) chegou ao patamar de R$ 9 trilhões, o que representa 76,1% do produto interno bruto (PIB), do país. Na comparação com o ano anterior, essa relação subiu 2,2%, com a elevação atribuída, principalmente, pela incorporação de juros nominais, além do efeito da desvalorização do real em 2024 e do reconhecimento de dívidas.

Por outro lado, o crescimento do PIB nominal nesse período contribuiu para amenizar o aumento da dívida. Apesar de ainda não haver dados consolidados sobre a atividade econômica no país em 2024, o Banco Central estima que a economia deve ter crescido 3,5% nesse período.

Além disso, os resgates líquidos de dívida e demais ajustes da dívida externa também ajudaram a reduzir os efeitos no ano. Ao analisar apenas o mês de dezembro, a relação dívida-PIB recuou 1,6% do PIB. Os dados foram publicados nesta sexta-feira (31/1), no relatório de Estatísticas Fiscais, do BC.

Por outro lado, a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP), que inclui, além dos governos federal, estadual e municipal, a Previdência Social e algumas empresas estatais, como a Itaipu Binacional, atingiu 61,1% do PIB, ou R$ 7,2 bilhões em 2024. Com isso, houve um aumento de 0,7% na comparação com o ano anterior.

Setor público registra deficit

O Banco Central ainda divulgou o deficit primário do setor público em 2024, que atingiu R$ 47,6 bilhões, o que representa 0,4% do PIB. No ano anterior, esse deficit havia sido de R$ 249,1 bilhões. No mês de dezembro, houve superavit primário de R$ 15,7 bilhões no setor público consolidado, ante deficit de R$129,6 bilhões em dezembro do ano anterior.

Vale destacar que a taxa básica de juros Selic elevada contribuiu para o resultado acumulado no ano. Em 2024, os juros nominais do setor público consolidado atingiram R$ 950,4 bilhões – o que representa 8,05% do PIB –, ante R$ 718,3 bilhões (ou 6,56% do PIB) em 2023.

Lula diz que não há nova medida de corte de gastos prevista para 2025

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que não há nova medida fiscal prevista para 2025.

— Não tem outra medida fiscal. Caso se apresente durante o ano a necessidade de fazer alguma coisa, vamos sentar e definir. Mas, se depender de mim, não tem outra medida fiscal nesse país. Estabilidade fiscal é questão muito importante para mim e o governo.

Lula afirmou também que o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, vai entregar a “inflação e a taxa de juros mais baixas possíveis”. Na estreia de Gabriel Galípolo na liderança do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano, e reafirmou a previsão de nova alta na próxima reunião, que será realizada em março.

— Tenho 100% de confiança no trabalho do presidente do Banco Central e tenho certeza que ele vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor, no tempo em que a política permitir que ele faça.

Lula afirmou que já esperava o aumento e justificou afirmando que não é possível “dar cavalo de pau em um mar revolto”.

— Tenho consciência que um país como o Brasil, o presidente do Banco Central não pode dar cavalo de pau em um mar revolto de uma hora para outra. Já estava praticamente demarcado a necessidade da subida de juros pelo outro presidente, e o Galípolo fez o que ele entendeu o que deveria fazer.

Lula elogiou Galípolo, afirmou ter confiança no presidente do BC e que vai entregar os melhores resultados dentro do que for possível. O presidente reafirmou não ter sido surpreendido pelo aumento.

— Nós aqui como governo temos que cumprir nossa parte, a sociedade cumpre a parte dela e o companheiro Galípolo cumpre a função que ele tem que é de coordenar a política monetária brasileira e entregar para nós, dentro do possível, a inflação e juros mais baixo. É isso o que vai acontecer. Eu já esperava por isso, não é nenhuma surpresa para mim. O que posso dizer é que agora temos um presidente do BC da maior competência, muito competente do ponto de vista econômico.

O aumento foi definido com unanimidade por todos os nove membros do comitê, que agora conta com sete indicados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um crítico frequente dos juros elevados.

Veja abaixo os cinco principais recados do Copom após a primeira reunião de Galípolo:

1 – Tamanho do ciclo de alta em aberto

O Copom renovou a promessa de mais um aumento de 1 ponto percentual na próxima reunião, em março, quando a taxa deve chegar a 14,25% ao ano, retomando o patamar mais alto registrado no segundo governo de Dilma Rousseff (2015-2016).

Para além de março, contudo, o colegiado deixou o plano em aberto. Reforçou apenas o compromisso em atingir a meta de inflação. “A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, disse o BC.

A sinalização pode decepcionar uma parte do mercado financeiro, que avaliava que o Copom deveria indicar que deve continuar ao aumento dos juros em maio devido à deterioração das expectativas futuras de inflação. Por outro lado, há incertezas sobre os efeitos das políticas do Donald Trump na economia global e sobre o impacto do “choque de juros” no Brasil sobre a atividade local.

2 – Ajustes no cenário econômico

O BC alterou ligeiramente a sua avaliação sobre a atividade econômica doméstica no comunicado do Copom desta quarta. Desta vez, o colegiado disse apenas que a atividade econômica do país tem apresentado “dinamismo”. Em dezembro, afirmou que o dinamismo estava “acima do esperado”.

A economia aquecida é um dos fatores para a alta da inflação, que justificariam novas altas no juros nos próximos meses.

Mesmo assim, reforçou que a conjuntura atual é marcada por resiliência da atividade e pressões no mercado de trabalho, assim como desancoragem de expectativas de inflação e aumento da inflação corrente. Isso, segundo o BC, “exige uma política monetária mais contracionista”.

3 – Atualização de riscos

Sob a liderança de Galípolo, o BC atualizou o balanço de riscos para a inflação futura, com a mudança dos cenários que poderiam ajudar os índices a ficar mais baixos do que o Copom prevê atualmente.

Os novos riscos, porém, não alteram a visão do Copom de que a chance maior é de que aconteçam eventos que elevariam a inflação. A primeira novidade é uma desaceleração maior da economia brasileira do que o esperado.

Em meio às ameaças do novo presidente dos EUA, Donald Trump, o BC também incluiu o risco de “um cenário menos inflacionário para economias emergentes decorrente de choques sobre o comércio internacional e sobre as condições financeiras globais”.

4 – Novo alerta fiscal

Como tem feito em todas as reuniões, o Copom repetiu o alerta a respeito dos efeitos da política fiscal sobre a condução dos juros.

Segundo o comunicado, “a percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes”.

5 – Inflação fora da meta

O Copom destacou ainda que os dados recentes de inflação apresentaram elevação, mantendo-se em níveis acima da meta. Além disso, destacou o novo distanciamento das expectativas inflacionárias ante o alvo de 3,0%.

As projeções oficiais do BC são de 5,2% para 2025 e 4,0% para o terceiro trimestre de 2026, atual prazo em que o BC trabalha para colocar a inflação na meta. Isso mesmo com uma Selic que sobe até 15% neste ano e cai a 12,50% no fim de 2026.

Copom deve elevar Selic em um ponto na reunião desta quarta-feira

Pressionado pela alta do dólar e do preço dos alimentos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decide, nesta quarta-feira (dia 29), em quanto elevará a taxa básica de juros, a Selic. A reunião é a primeira sob o novo comando do presidente do BC, Gabriel Galípolo. Essa deverá ser a quarta elevação consecutiva da Selic. Segundo a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a taxa básica deve subir 1 ponto percentual nesta reunião, de 12,25% para 13,25% ao ano.

No comunicado da última reunião, em dezembro, o Copom informou que elevaria os juros básicos em 1 ponto percentual nas reuniões de janeiro e de março. Segundo o comitê, o agravamento das incertezas externas e os ruídos provocados pelo pacote fiscal do governo no fim do ano passado justificam o aumento dos juros básicos no início de 2025.

Elevação começou em setembro

Nesta quarta-feira (dia 29), ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão. Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano passado, a taxa começou a ser elevada em setembro do ano passado, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e uma de 1 ponto percentual.

Inflação

Na ata da reunião mais recente, o Copom alertou para o prolongamento do ciclo de alta da Taxa Selic . O órgão informou que o cenário econômico exige uma política monetária contracionista e confirmou a intenção de duas elevações de 1 ponto. O Banco Central citou a alta recente do dólar e da inflação para uma “política ainda mais contracionista”.

Segundo o último boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras feita pelo BC, a estimativa de inflação para 2025 subiu de 4,96% há quatro semanas para 5,5%. Isso representa inflação acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3% para este ano, podendo chegar a 4,5% por causa do intervalo de tolerância de 1,5 ponto.

Taxa Selic

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia. Ela é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle. O BC atua diariamente por meio de operações de mercado aberto — comprando e vendendo títulos públicos federais — para manter a taxa de juros próxima do valor definido na reunião.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, pretende conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

Ao reduzir a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

A cada 45 dias

O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.

Meta contínua

Pelo novo sistema de meta contínua em vigor a partir deste mês, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior é 4,5%.

No modelo de meta contínua, a meta passa ser apurada mês a mês, considerando a inflação acumulada em 12 meses. Em janeiro de 2025, a inflação desde fevereiro de 2024 é comparada com a meta e o intervalo de tolerância. Em fevereiro, o procedimento se repete, com apuração a partir de março de 2024. Dessa forma, a verificação se desloca ao longo do tempo, não ficando mais restrita ao índice fechado de dezembro de cada ano.

Previsão de inflação

No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2025 em 4,5%, mas a estimativa pode ser revista, dependendo do comportamento do dólar e da inflação. O próximo relatório será divulgado no fim de março.

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‘Europa está em declínio e pode se tornar irrelevante’

A Europa está em declínio e em poucos anos pode perder a posição hegemônica no mundo que foi construída ao longo de séculos.

A preocupação acima não é uma análise de acadêmicos ou de políticos adversários do Ocidente. Ela parte da própria Comissão Europeia — o braço executivo que administra a União Europeia.

Em 2023, a Comissão fez um pedido especial a Mario Draghi — o homem que comandou o Banco Central europeu por quase toda a década passada e serviu como primeiro-ministro da Itália entre 2021 e 2022.

Draghi passou um ano escrevendo um relatório especial com recomendações de como manter a Europa relevante e competitiva em um mundo cada vez mais turbulento.

O diagnóstico do aguardado “Relatório Draghi”, de mais de 400 páginas, foi revelado em setembro de 2024: a Europa precisa de um projeto de investimentos mais ambicioso do que foi o histórico Plano Marshall que reergueu o continente no final da Segunda Guerra Mundial.

Ele calcula que são necessários investimentos da ordem de 800 bilhões de euros por ano para que o continente consiga manter sua economia dinâmica, e compatível com suas metas de sustentabilidade.

A ação é necessária, segundo Draghi, por causa de “desafios existenciais” que o continente enfrenta.

“[A escolha que temos] é ‘vamos agir’ ou encaramos a lenta agonia do declínio”, disse Draghi ao apresentar sua reforma.

Desde que o relatório foi apresentado, há quatro meses, ele vem provocando polêmica entre políticos e líderes europeus sobre qual seria o melhor rumo.

A BBC News Brasil conversou com especialistas em Europa sobre os desafios que o continente e seus líderes enfrentam para manter os altos padrões de vida e a posição de hegemonia dos países em um mundo que é marcado por uma ascensão rápida da China e um dinamismo econômico contínuo dos Estados Unidos — além da oposição feroz da Rússia.

Os especialistas dizem que uma das questões centrais nesse debate são os rumos políticos da Alemanha. A Alemanha é a maior economia do bloco europeu, mas vem tendo dificuldades para se recuperar da crise provocada nos anos da pandemia.

Além disso, a Alemanha sempre teve papel decisivo nos rumos da Europa. No passado, o país liderou o continente diante de crises na Grécia, Portugal e Irlanda com um agenda de austeridade econômica. Agora, o continente volta a debater quais políticas econômicas devem ser adotadas para evitar o seu declínio.

E tudo em um momento em que a Alemanha enfrenta uma crise política que derrubou a coalizão do governo do chanceler Olaf Scholz e desencadeou novas eleições no país, marcadas para o próximo mês.

‘Lenta agonia’

A “lenta agonia do declínio” da economia europeia, da qual fala Mario Draghi, é um fenômeno de décadas.

Em 2000, os 20 países que compõe a zona do euro (nações que integram a União Europeia e usam o euro como moeda) representavam quase 20% da economia mundial — e a China; menos de 4%.

Em 2023, a participação da China na economia mundial saltou para 17%; e a dos países da zona do euro encolheu para menos de 15%.

Ao longo deste século, a economia da zona do euro cresceu em média 1,27% ao ano — abaixo do ritmo de crescimento econômico do mundo todo, que no período foi de 2,97%.

E a Europa viu outros países e regiões crescerem em um ritmo mais acelerado: 2,17% nos EUA, 8,24% na China e 2,29% no Brasil.

A pandemia acentuou mais ainda a falta de dinamismo da economia europeia.

Em 2023, a economia mundial já havia crescido 10% em relação a níveis pré-pandemia (fim de 2019, o último ano antes da crise do coronavírus). Ou seja, em quatro anos, a economia do planeta se recuperou da profunda queda registrada no auge da crise e já está 10% maior do que antes da pandemia.

As duas grandes potências — China e EUA — viram suas economias crescerem 9% e 20% entre o fim de 2019 e o fim de 2023. Para termos de comparação, a economia brasileira já está 7% maior do que antes da pandemia.

Já entre os países da zona do euro, esse índice é de 3%.

A recuperação pós-pandemia da Europa tem sido mais lenta e difícil do que no resto do mundo.

A Alemanha vem alternando trimestres de crescimento negativo da sua economia desde 2023; Já o Reino Unido (um país europeu mas que não faz parte nem da União Europeia e nem da zona do euro) chegou a entrar em recessão após o fim da pandemia.

Um novo Plano Marshall

O temor na Europa é que toda a prosperidade conquistada ao longo de séculos está ameaçada se o dinamismo econômico não for recuperado.

“Eu me lembro de 30 anos atrás, que a Europa era considerada o futuro para os jovens. Havia o programa, Erasmus, para jovens descobrirem outras pessoas, culturas e países. Nesse tempo, os jovens ainda viviam um entusiasmo com a Europa, após a queda da União Soviética”, disse em entrevista à BBC News Brasil Emmanuel Sales, diretor do centro de pesquisas Fondation Robert Schuman, dedicado a estudar a União Europeia.

“Mas acho que hoje, a Europa, é sinônimo de regulamentação, altas taxas de juros, restrições e baixo crescimento. E isso é um problema. Os jovens estão decepcionados.”

A sua preocupação é compartilhada por outros.

Em recente entrevista à BBC, o embaixador e ex-diretor dos serviços de inteligência da Espanha, Jorge Dezcallar de Mazarredo, sugeriu que se não houver reformas, em 2050, não vai haver nenhuma economia europeia entre as dez mais importantes do mundo.

“Temos o melhor sistema de saúde, a melhor educação, as melhores estradas, mas isso custa muito caro. Até quando podemos sustentar isso?”, disse Mazarredo.

“A Europa está em decadência, e com a perda de sua influência também desaparecerá o altíssimo padrão de vida.”

O relatório de Draghi, encomendado justamente para lidar com essas preocupações, identifica três desafios que precisam ser enfrentados. Segundo o documento, é preciso:

1) tirar o atraso em inovação tecnológica que existe em relação à EUA e China

2) aproveitar oportunidades do processo global de descarbonização em andamento;

3) proteger as cadeias de suprimentos de dependências geopolíticas, que correm o risco de se transformar em vulnerabilidades.

Mario Draghi apresentou seu relatório ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen

A chave para isso, segundo Draghi, é fazer o oposto do que vem sendo feito pela Europa até agora. O relatório advoga que é preciso trocar as políticas de austeridade — que visam controlar o endividamento com rigor fiscal e monetário, e assim promover um crescimento sustentado de baixa inflação — por políticas ousadas de investimento.

As escalas de investimento defendidas pelo relatório são inéditas para o bloco europeu.

Draghi acredita que a União Europeia precisa de investimentos públicos e privados da ordem de até 800 bilhões por ano (R$ 5 trilhões). Mais da metade desse valor seria apenas para transação energética.

Os 800 bilhões de euros por ano em investimentos representariam cerca de 5% do Produto Interno Bruto da União Europeia. Durante o Plano Marshall, de reconstrução da Europa entre 1948 e 1951 após a Segunda Guerra Mundial, foram gastos de 1% a 2% do PIB europeu.

E, ao contrário do Plano Marshall, que foi bancado pelos Estados Unidos, esse dinheiro todo teria de partir dos próprios governos e empresas europeias.

A crise alemã

Nem todos concordam com esse diagnóstico. Principalmente na Alemanha, país que historicamente é um líder dentro do bloco, ao lado da França.

No mesmo dia em que Draghi divulgou seu relatório — e em que estão de poucas horas —, o então ministro da Economia da Alemanha, Christian Lindner, se manifestou contra os caminhos esboçados ali.

“A Alemanha não vai aceitar esse plano”, disse Lindner ao site Politico.

“Nosso problema não é a falta de subsídios, e sim a burocracia paralisante e [a adoção de] uma economia planejada. Mais dívida do governo custa juros, mas não gera necessariamente mais crescimento.”

A opinião da Alemanha é central nos rumos futuros do continente.

E essa opinião está sendo debatida pela sociedade agora nos primeiros meses do ano, quando a Alemanha passa por eleições. As eleições foram convocadas depois que a coalizão de governo desmoronou, quando o chanceler Olaf Scholz demitiu justamente o ministro Lindner, que é de um partido diferente.

A questão que gerou a crise política alemã é semelhante ao dilema imposto pelo relatório Draghi para a Europa: é preciso investir mais dinheiro para gerar crescimento? Ou deve-se seguir políticas de responsabilidade fiscal para um crescimento com baixa inflação?

A Alemanha enfrenta fortes pressões econômicas.

A invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia em 2022 fez dispararem os preços da energia e também os gastos com defesa — além do custo de receber 1,5 milhão de refugiados ucranianos.

A Alemanha tem mecanismos que impedem o governo de se endividar demais. Scholz queria afrouxar esses limites da dívida para permitir mais gastos. Já Lindner propunha um caminho contrário: promover cortes nos orçamentos sociais e de bem-estar e adiar metas ambientais.

Atualmente os indícios são de que passadas as eleições a Alemanha vai continuar se opondo à ideia de ampliar gastos na Europa.

Friedrich Merz, o candidato do partido conservador CDU — que é tido como favorito para se tornar o próximo chanceler alemão — já manifestou que fará “todo o possível” para evitar o aumento da dívida da União Europeia, como propõe o relatório Draghi.

Diferença de culturas

Para Emmanuel Sales, da Fondation Robert Schuman, a diferença de visões de mundo sempre foi um desafio para a União Europeia desde a sua concepção.

De um lado está a Alemanha, com suas políticas de mercado mais ortodoxas. Do outro, os demais países da aliança, que têm uma tradição mais “keynesiana”, de crescimento induzido por investimentos.

“Ter uma moeda comum, como o euro, eu acho que foi uma boa ideia. O problema é que a cultura monetária. Você não consegue vincular diferentes economias sem criar um espírito comum”, diz Sales. “A cultura monetária do Bundesbank é muito diferente da cultura do Banque de France ou do Banca d’Italia.”

Esse choque de visões muitas vezes inviabilizou que os países achassem uma saída comum para os problemas econômicos — algo que fica mais evidente diante dos desafios que o mundo apresenta agora à Europa: a concorrência chinesa e a chegada de Donald Trump ao poder nos EUA.

“Esse é um problema da Europa: você não tem uma estratégia de crescimento. E hoje estamos muito expostos à China e política tarifária de Trump.”

Reino Unido enfrenta problemos econômicos desde a pandemia

Para Richard Youngs — que é professor da universidade britânica de Warwick e pesquisador da Carnegie Europe, entidade sediada em Bruxelas — a ideia de declínio europeu não é nova, e segue urgente no mundo de hoje.

No entanto, para ele, o declínio europeu é de certa forma normal e esperado — e até mesmo uma consequência do projeto europeu no mundo.

“A União Europeia e especialistas têm falado sobre seu próprio declínio por muitos, muitos anos. Mas eu não exageraria o quão profundo e abrangente é o declínio”, diz Youngs.

“A Europa ainda é muito relevante. Ela tem muitos atributos de sucesso que outras regiões do mundo não têm. E na realidade, parte do declínio é relativamente benigno. Isso simplesmente reflete o fato de que outras regiões estão indo muito bem e crescendo.”

“Elas estão assumindo uma parcela maior do PIB mundial, do investimento, do desenvolvimento e do poder político também. Isso, de certa forma, é o que a UE sempre aspirou alcançar por meio de sua política externa para ajudar outras regiões a se desenvolverem e se tornarem partes interessadas em assuntos globais.”

“O crescimento, o desempenho relativamente forte de outras partes da economia global é, de muitas maneiras, uma boa notícia para a economia europeia.”

Uma das evidências de que o declínio da Europa não se consolidou nas últimas décadas é que os padrões de vida do continente seguem altíssimos em comparação com o resto do mundo.

O continente segue sendo um dos destinos preferidos de imigrantes, principalmente da África e da Ásia.

A renda per capita de europeus em países do euro é de US$ 37,4 mil por ano (o equivalente a cerca de R$ 19 mil por mês). No Reino Unido, a renda per capita anual chega a US$ 47 mil.

Esse patamar está abaixo de países como Estados Unidos (US$ 65 mil) mas mais do que o triplo de China (US$ 12,1 mil), Rússia (US$ 10,4), Índia (US$ 2,2 mil) ou Brasil (US$ 9 mil por ano).

Youngs escreveu um livro em 2010 chamado Europe’s Decline and Fall: The Struggle Against Global Irrelevance (“Declínio e Queda da Europa: A Luta Contra a Irrelevância Global”, em tradução livre).

Para ele, a prova de o declínio da Europa é relativo é o fato de que a União Europeia segue existindo e com bastante relevância, mesmo após anos de crises no continente. O bloco sobreviveu à crise financeira de 2008, à crise econômica dos países do sul da Europa, à saída do Reino Unido (Brexit) à pandemia de covid e à guerra entre Rússia e Ucrânia.

“O ano de 2024 foi um ano muito importante para a Europa. Houve relatórios [como o relatório Draghi] realmente importantes de líderes europeus muito proeminentes pedindo à UE para gastar muito mais, investir muito mais na modernização de sua economia, melhorar a produtividade, alcançar as taxas de crescimento mais rápidas que vimos em outras regiões do mundo”, diz Youngs.

“Então a União Europeia está começando a levar isso a sério e reconhecer que está ficando para trás de outras regiões do mundo. E a UE precisa fazer isso priorizando seus próprios interesses econômicos imediatos, talvez em maior extensão do que fez no passado.”

No entanto, ele prevê que os rumos futuros da União Europeia são mais difíceis hoje — por conta dos desafios vindos da China, Rússia e EUA.

“Ela precisa, esse é o desafio realmente difícil, responder a uma situação em que outras potências ao redor do mundo não estão sendo particularmente abertas com suas políticas econômicas.”

“Então a UE precisa responder, ser um pouco mais assertiva na defesa de seus interesses, mas sem perder os benefícios que a UE precisa alcançar por meio de sua integração nos mercados globais.”

“A UE não tem o mesmo luxo que os Estados Unidos ou a China de poder se isolar na mesma medida dos mercados globais. A UE não pode fazer isso.

Ecoturismo passa a ser visto como uma ferramenta para o combate às crises climáticas

Ecoturismo passa a ser visto como uma ferramenta para o combate às crises climáticas (O ecoturismo tem como característica valorizar e respeitar as tradições, culturas e modos de vida das comunidades locais, contribuindo para o desenvolvimento e crescimento econômico. (Foto: Divulgação))

A COP29 sediada em Baku, Azerbaijão realizada em 2024, pela primeira vez na história, teve como o turismo como tema de um dia inteiro de debates na programação oficial. Afinal de contas, a indústria responde por 3% do PIB global, o que não é pouca coisa, além de ser responsável por 8,8% das emissões de gases que causam o efeito estufa.

As discussões geraram em torno de uma declaração multilateral para tornar a atividade mais sustentável, ampliando, inclusive, o engajamento do setor no combate às mudanças climáticas e auxiliando os viajantes a entenderem seus impactos no clima.

Já na reunião da Cúpula do G20, que aconteceu em novembro no Rio de Janeiro, foi entregue a Declaração de Belém, documento assinado por líderes do turismo das 20 maiores economias do mundo em setembro, na cidade de Belém/PA, com o compromisso de promover o “turismo sustentável, resiliente e inclusivo”.

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Diante disso, a oferta do ecoturismo ou turismo sustentável tende a crescer nos próximos anos, assim como a procura por essa modalidade.

O objetivo do ecoturismo é promover a visitação sustentável a áreas naturais, contribuindo para a biodiversidade, proteção da fauna e da flora, redução do desmatamento e mitigação das mudanças climáticas.

Além disso, o ecoturismo tem como característica valorizar e respeitar as tradições, culturas e modos de vida das comunidades locais, contribuindo para o desenvolvimento e crescimento econômico.

Segundo levantamento realizado pelo The Business Research Company em 2023, espera-se que até 2027, o mercado do ecoturismo cresça US$ 331,62 bilhões, com uma taxa de crescimento anual de 13,4%.

No Brasil, o ecoturismo começou a ganhar destaque a partir da ECO 92, realizada em 1992 na cidade do Rio de Janeiro/RJ, impulsionando o mercado com tendências e propondo diretrizes e tratados com aplicação em âmbito mundial. Foi neste evento, inclusive, que foi definida a Agenda 21, a qual aponta o Ecoturismo como uma prática conservacionista, comprometida com a natureza, com a responsabilidade social e com o desenvolvimento local.

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Benefícios na prática do ecoturismo

Os benefícios são muitos, não só para os viajantes, como para as comunidades locais, além, é claro, do meio ambiente. Dentre eles, podemos destacar:

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O Brasil é um dos países com maior biodiversidade pela riqueza de seus biomas (Amazônia, Mata Atlântica, Campos Sulinos, Caatinga, Cerrado, Pantanal e Zona Costeira e Marítima) e seus diversos ecossistemas, apresentando um cenário rico para esse segmento e dentre as regiões mais comuns para a prática do ecoturismo, estão:

dentre outros.

Desafios do ecoturismo

Embora o ecoturismo ofereça muitos benefícios, ele não está isento de desafios. É crucial evitar o “greenwashing” — práticas que são promovidas como sustentáveis, mas que têm um impacto ambiental negativo quando analisadas de perto.

Além disso, a popularidade crescente de destinos de ecoturismo pode levar ao “overtourism”, onde o excesso de visitantes compromete a saúde dos ecossistemas que deveriam ser preservados.

Portanto, todos os envolvidos precisam estar atentos para que o propósito da modalidade seja, de fato, cumprido.

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O futuro do ecoturismo em meio às mudanças climáticas

Com a conscientização sobre a crise climática aumentando, o ecoturismo tende a crescer como um modelo de turismo responsável e transformador. Governos, ONGs e o setor privado precisam investir cada vez mais em projetos de ecoturismo que aliam a proteção ambiental com o desenvolvimento econômico das comunidades locais.

A prática de um turismo sustentável não é apenas uma questão de escolha consciente dos viajantes, mas uma necessidade urgente diante das mudanças climáticas, oferecendo uma forma de viajar que respeita o planeta e contribui para sua proteção.

*André Farias, sócio da Coevo.