Redução das passagens de ônibus: a conta que não fecha

A crise que se abate sobre o setor de transportes pode se aprofundar com a redução de, em média, 3,19% das passagens de 924 das 1.187 linhas intermunicipais que operam no estado. Para chegar a esses valores, o Departamento de Transportes Rodoviários (Detro) aplicou os índices da planilha tarifária do Ministério dos Transportes e abateu o repasse financeiro concedido em 2017 pelo estado referente às gratuidades, no valor de R$ 35,7 milhões, e a devolução de R$ 0,28 cobrados dos usuários ao longo de 2017.

Com a redução, a nova tarifa não cobrirá todos os custos assumidos pelas operadoras, além de não permitir o pleno funcionamento do sistema intermunicipal e a sua evolução para a prestação de um serviço de qualidade.

A conta não poderá fechar sem uma reposição tarifária calculada de forma técnica. Os custos para manter o sistema operando adequadamente tiveram aumento considerável no ano passado. O preço do combustível teve elevação de 13,68%; os pneus, 10,43%; os veículos, 7,7% ; e o índice de reajuste da mão de obra foi de 3%.

A situação é agravada pelo cenário de penúria do estado, com altas taxas de desemprego, o que gerou queda de 7,19% no número de passageiros pagantes em relação a 2017. Por mês, em média, 3,4 milhões de passageiros deixaram de ser transportados no sistema de ônibus intermunicipal.

Com a decisão de diminuir o valor das passagens, o Poder Público estadual segue os passos da Prefeitura do Rio, que está levando ao colapso o sistema de transportes. Em todo o estado, mais de 20 empresas já encerraram as atividades, desde 2015. Destas, 14 na cidade do Rio. A última empresa a fechar as portas foi a Estrela Azul, no início do mês.

O fechamento das empresas mostra que o grande desafio do setor é como retomar o equilíbrio econômico-financeiro e ao mesmo tempo não prejudicar o usuário do sistema, penalizando-o com uma tarifa alta. Aparenta ser quase impossível resolver o trade off sem a participação conjunta do governo do estado e do município na equação que, por enquanto, só fecha com soma negativa. Com a palavra o governador Wilson Witzel e o prefeito Marcelo Crivella.

Fonte: Denise Almeida, blog Estação Rio

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