Troco popularidade por crescimento econômico, diz Temer

Prestes a completar um mês na Presidência da República, Michel Temer fez um diagnóstico da situação econômica do país durante o EXAME Fórum 2016, realizado nesta sexta-feira (30), em São Paulo. “O momento atual é grave e precisamos compreender isso com objetividade”, disse ele.“O Brasil tem pressa. Quem perdeu emprego não pode esperar. Famílias endividadas não podem esperar”, disse o presidente.

Temer afirmou ser indispensável a aprovação de reformas importantes para o país, mesmo que isso possa parecer impopular num primeiro momento. “Se eu ficar impopular, mas o Brasil crescer, eu me dou por satisfeito.”

A recuperação do país, disse, virá a partir da colaboração de trabalhadores e empregadores. “O rumo para a reconstrução do nosso país já foi aberto. Juntos, vamos construir um país mais moderno, mais próspero e mais justo.”

Durante seu discurso, o presidente defendeu a parceria entre o governo e a iniciativa privada. “O poder público não pode fazer tudo sozinho”, disse. “Não queremos o Estado mínimo, nossas demandas sociais são muitas, mas também não queremos um Estado pesado. Queremos um Estado que garanta a igualdade de oportunidade”.

“O empreendedor, todos nós sabemos, é um criador de possibilidades. O Estado tem consciência do papel fundamental do setor privado. Ao fazê-lo, o faço ancorado na Constituição Federal. Nossa Constituição prestigia a iniciativa privada. O poder público não pode fazer tudo sozinho”, disse o presidente.

Para a criação de oportunidades, afirmou o peemedebista, é necessário “combinar dois preceitos indissociáveis”: a responsabilidade fiscal e a responsabilidade social. “A irresponsabilidade fiscal é um veneno que corrói os direitos sociais”.

Críticas

Ao falar da situação fiscal do país, Temer não poupou críticas ao governo de sua antecessora Dilma Rousseff. “É como se deslumbrando o abismo no horizonte, [o governo] tivesse colocado os dois pés no acelerador”, disse. “Nós encontramos um país que acumula trimestres consecutivos de queda do PIB e com inflação crescente. Chegamos a quase 12 milhões de desempregados”.

Em diversos momentos, Temer fez questão de afirmar que a “culpa” do cenário atual não era dele e lembrou quando, em maio deste ano, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) “comemorou” dados de desemprego que, na realidade, se referiam ao período em que Dilma Rousseff estava no poder. “Não quero que falem que esses passivos são nossos”, disse Temer.

Gastos públicos

O presidente voltou a frisar a importância da reforma fiscal para a retomada do crescimento sustentável do país. Ele chamou atenção para o apoio que o governo tem conquistado para aprovar medidas no Congresso.

Temer citou como exemplo a aprovação da PEC 31, que prorroga a desvinculação de receitas da União e estabelece a desvinculação de receitas dos estados, Distrito Federal e municípios. “Já estava no Congresso há mais de 11 meses, parada”, afirmou. “Em três semanas, aprovamos na Câmara e no Senado.”

Os recursos destinados à educação e saúde, segundo o presidente, serão preservados. “A Federação só será forte se os estados e municípios também forem. Os estados terão que readequar seus gastos”, disse.

A aprovação da PEC 241, que limita os gastos públicos, é fundamental para evitar uma recessão mais profunda, segundo Temer. “A dívida pública chegará a 100% do PIB em 2024 se a PEC não for aprovada. Será a falência do país. Os poderes precisam trabalhar juntos para sairmos dessa crise.”

O presidente voltou a afirmar que seu governo não pretende aumentar impostos, mas que só será possível evitar a elevação da carga tributária com a aprovação da PEC 241. “Sem controle dos gastos, seriam insustentáveis as políticas de saúde, habitação e educação. Essa proposta é essencial para proteger os direitos de grupos menores da população”, disse.

Previdência

Sobre a reforma da previdência, Temer disse que ela será feita com a ajuda da sociedade. Além de conversas com sindicato, diz, o governo deve criar programas para divulgar à população a necessidade e a importância das mudanças no sistema atual.

“Em algum momento, o governo não terá mais como pagar os aposentados. Experiências em outros países nos mostram a existência de graves danos sociais quando reformas como essas são atrasadas”.

Mais informações em instantes.

Fonte: EXAME

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